A imaginação é mais importante que o saber

as rasuras de uma poética autobiográfica

Autores

  • José Rosa dos Santos Júnior Universidade do Estado da Bahia - UNEB
  • Lígia Guimarães Telles Universidade Federal da Bahia - UFBA

DOI:

https://doi.org/10.30620/gz.v3n1.p47

Palavras-chave:

Autobiografia, Manoel de Barros, Memória, Poesia

Resumo

O presente artigo objetiva elucidar como a poética de Manoel de Barros, ora ratifica e, ora retifica a noção de escrita autobiográfica apregoada, principalmente, por Lejeune (2008). Acreditamos que as reminiscências de uma infância vivida no Pantanal, mas ressignificada pelos ditames da imaginação criativa, ocupam um lugar de destaque no processo autoral e criativo de Manoel de Barros e isso, de certa forma, permite­nos classificar sua produção como autobiográfica. Por outro lado, ao deflagrar suas “memórias inventadas”, – fragmentárias e desbotadas pelo trabalho do tempo – no bojo de sua escrita criativa, Manoel de Barros rompe, rasura e problematiza o postulado do “pacto autobiográfico”. Tal problemática se converte na tônica dos escritos que se seguem.

[Recebido: 2 set. 2015 – Aceito: 29 out. 2015]

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

José Rosa dos Santos Júnior, Universidade do Estado da Bahia - UNEB

Doutorando em Literatura e Cultura pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Mestre em Literatura e Diversidade Cultural pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) (2011). Graduado em Letras (2007) pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Atua como Professor Substituto da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus XX, Brumado.

Lígia Guimarães Telles, Universidade Federal da Bahia - UFBA

Doutora em Letras pela Universidade Federal da Bahia - UFBA (2000). Mestrado em Letras pela Universidade Federal da Bahia (1979). Graduada em Letras (Licenciatura em Letras Vernáculas com Alemão (1970) e Bacharelado em Letras Vernáculas (1975)) pela mesma instituição. Atualmente é Professora Associada IV da Universidade Federal da Bahia.

Referências

ARFUCH, Leonor. O espaço biográfico: dilemas da subjetividade contemporânea. Trad. Paloma Vida. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2010.

BARROS, Manoel de. Memórias inventadas: as infâncias de Manoel de Barros/iluminuras de Martha Barros. São Paulo: Planeta do Brasil, 2008.

BARROS, Manoel de. Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010.

BARTHES, Roland. A morte do autor e Da obra ao texto. In: O rumor da língua. São Paulo/Campinas: Brasiliense, 1988.

BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nicolai Leskov. In: Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994.

CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia, 2000.

CARVALHO, Bernardo. Em defesa da obra. Piauí, n. 62, nov. 2011. Disponível em: http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-62/questoes-de-literatura-e-propriedade/em-defesa-da-obra.

COCCIA, Emanuele. O mito da biografia ou sobre a impossibilidade da teologia política. In: CAPELA, Carlos Eduardo Schmidt; PETRY, Fernando Floriani; WOLFF, Jorge. (Org.). Outra Travessia: biografias, autobiografias, antibiografias. Revista de Literatura, n. 14. Ilha de Santa Catarina, 2012.

CUNHA, Eneida Leal. A diacronia das subjetividades: a convergência do autobiográfico e do ficcional. Dissertação (Mestrado em Teoria Literária). Universidade Federal da Bahia, 1979.

DE MAN, Paul. Autobiografia como desfiguração. Sopro 71. Desterro, maio 2012.

DERRIDA, Jacques. O animal que logo sou. Trad. Fábio Landa. São Paulo: UNESP, 2002.

FOUCAULT, Michel. O que é um autor? Lisboa: Passagens, 1992.

FREUD, Sigmund; ZWEIG, Arnold. Correspondencia. [S/L]: Gedisa, 2000.

HOISEL, Evelina. Figurações da memória: ficções de Silviano Santiago. Revista de Literatura, História e Memória, v. 7, n. 10. Cascavel: UNIOESTE, 2011.

HOISEL, Evelina. A poesia de Castro Alves: uma construção biográfica? Revista da Academia de Letras da Bahia, n. 50. Salvador: Academia de Letras da Bahia, 2011.

KLINGER, Diana. Duas epígrafes e uma breve reflexão sobre o valor biográfico. In: CAPELA, Carlos Eduardo Schmidt; PETRY, Fernando Floriani; WOLFF, Jorge. (Org.). Outra Travessia: biografias, autobiografias, antibiografias. Revista de Literatura, n. 14. Ilha de Santa Catarina, 2012.

LEJEUNE, Philippe. O pacto autobiográfico: de Rousseau à internet. Belo Horizonte: UFMG, 2008.

LINHARES, Andrea Regina Fernandes. Memórias inventadas: figurações do sujeito na escrita autobiográfica de Manoel de Barros. Dissertação (Mestrado em História da Literatura). Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2006.

PAZ, Octavio. A consagração do instante. In: O arco e a lira. Trad. Olga Savary. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.

PAZ, Octavio. Sorór Juana Inés de La Cruz: As armadilhas da fé. São Paulo: Mandarim, 1998.

RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Trad. Alain François et al. Campinas: UNICAMP, 2007.

SANTIAGO, Silviano. A vida como literatura: O Amanuense Belmiro. Belo Horizonte: UFMG, 2006.

SOUZA, Eneida Maria de. Janelas indiscretas: ensaios de crítica biográfica. Belo Horizonte: UFMG, 2011.

TEZZA, Cristovão. O espírito da prosa: uma autobiografia literária. Rio de Janeiro: Record, 2012.

VIEGAS, Ana Cláudia. O “retorno do autor” – relatos de e sobre escritores contemporâneos. In: VALLADARES, Henriqueta do Couto Prado. (Org.). Paisagens ficcionais: perspectivas entre o eu e o outro. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2007.

VILLANUEVA, Darío. El pólen das ideias. Barcelona: PPU, 1991.

Publicado

2016-03-01

Como Citar

SANTOS JÚNIOR, J. R. dos; TELLES, L. G. A imaginação é mais importante que o saber: as rasuras de uma poética autobiográfica. Grau Zero – Revista de Crítica Cultural, Alagoinhas-BA: Fábrica de Letras - UNEB, v. 3, n. 1, p. 47–73, 2016. DOI: 10.30620/gz.v3n1.p47. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/grauzero/article/view/3278. Acesso em: 28 mar. 2024.