Desmontagem literária de contos de Conceição Evaristo
um Dia D de leituras e escrita criativas
DOI:
https://doi.org/10.30620/gz.v10n2.p95Palavras-chave:
Conceição Evaristo, Educação Básica, Escrita transgressoraResumo
A sociedade contemporânea cada vez mais padroniza comportamentos, leituras e ações, talvez, para garantir uma ordem do discurso que está longe de acontecer, enquanto existir práticas transgressoras. Como leitores e leitoras da literatura decolonial, não podemos ignorar as inúmeras denúncias sociais extraídas dos contos da escritora e linguista mineira Conceição Evaristo (1946), sendo as mais recorrentes: denúncias de gênero, classe e discriminação racial; onde o negro e a negra são invisibilizados desde o Brasil-colônia, porém, incansáveis na luta contra as violências sociais em prol da preservação ao direito à vida (Mbembe, 2016). O objetivo desta proposta é discutir a importância da literatura decolonial de uma escritora negra para a formação, informação e transformação de leitores e leitoras no município de Iaçu, estado da Bahia, a partir da prática da desconstrução da literatura. Desse modo, a leitura do livro “Olhos d’água”, de Conceição Evaristo (2016), em escolas da rede municipal, foi essencial para o bom andamento da proposta alicerçada no desconstrutivismo de Jacques Derrida (2014), e a teoria da intersemiose, de Roland Barthes (2001). Os resultados obtidos não se limitaram na promoção de um estudo literário transgressor, mas a apresentação de uma literatura crítica, engajada e adaptada para diferentes públicos da Educação Básica para formação de leitores e leitoras. Talvez, o resultado mais eficiente foi adesão das escolas ao projeto de leitura de uma literatura não canônica, para muitos, uma escritora desconhecida por não aparecer no livro didático. A metodologia utilizada se deu a partir das leituras e desleituras (Seidel, 2020), através de táticas inventivas (Certeau, 1998) para o uso dos textos, encontros formativos e oficinas de leituras com coordenadores pedagógicos municipais e a implementação de um Dia “D” da Leitura para socialização das atividades desenvolvidas nas escolas durante a execução do projeto. A pesquisa é de o cunho qualitativo, fundamenta-se, além dos teóricos citados: Jailma dos Santos Pedreira Moreira, Áurea da Silva Pereira e Heleieth Saffioti com a potente discussão sobre mulher e as problemáticas sociais por conta do gênero.
[Recebido em: 1 maio 2022 – Aceito em: 31 out. 2022]
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Referências
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