Ex-cêntricos e exo-canônicos

a poesia oral do poetry slam

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30620/gz.v10n1.p63

Palavras-chave:

Poetry slam, Poesia oral, Cânone, Decolonialidade, Performance

Resumo

O poetry slam se caracteriza no Brasil como um movimento artístico-literário protagonizado por sujeitos periféricos que deixam em evidência as múltiplas formas de discriminação contra determinados grupos sociais. A partir desse tema, o propósito deste artigo é discutir a deslegitimação da literariedade da poesia-slam, uma produção que, por sua forma, pode ser definida como literatura oral performada. Tal questionamento de seu valor estético possivelmente se deve ao fato de que se trata de uma poesia não-canônica e que prioriza a oralidade, que sói ser menosprezada em uma sociedade grafocêntrica. Para este trabalho, toma-se como base a análise de poemas e respectivas performances de duas poetas-slammers brasileiras. O que se pode observar é que elas propõem um olhar decolonial para suas histórias ao ressignificá-las em suas contranarrativas, buscando o empoderamento e a emancipação pela poética oral.

[Recebido em: 31 mar. 2022 – Aceito em: 13 out. 2022]

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Fabiana Oliveira de Souza, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Doutoranda (CNPq) e Mestra em Letras Neolatinas pela UFRJ. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela UFRJ. Licenciada e Bacharel em Letras Português-Espanhol pela mesma instituição. Graduanda em Filosofia pela UERJ. Está como Professora Assistente Substituta do departamento de Letras Neolatinas da UFRJ. Atuou como Professora Substituta da Graduação em Letras Português-Espanhol do ILE/UERJ, como Professora Substituta da Graduação em Turismo e do Ensino Médio Integrado ao Técnico em Telecomunicações do CEFET/RJ e como Professora de Espanhol da SEEDUC/RJ. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em ensino de Língua Espanhola e Língua Portuguesa nos níveis fundamental, médio e superior. Tem interesse em poetry slam (slam de poesia), letramento literário crítico, literaturas hispânicas, literatura brasileira contemporânea, literatura comparada e ensino de espanhol.

Referências

AGUILAR, Gonzalo; CÁMARA, Mario. A máquina performática: a literatura no campo experimental. Trad. Gênese Andrade. Rio de Janeiro: Rocco, 2017.

BAPTISTA, Lívia Márcia Tiba Rádis. (De)Colonialidade da linguagem, lócus enunciativo e constituição identitária em Gloria Anzaldúa: uma “new mestiza”. Polifonia, Cuiabá-MT, v. 26, n. 44, p. 123-145, out./dez. 2019.

CARNEIRO, Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. 2005. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

CASCUDO, Luis da Câmara. Literatura Oral no Brasil. 3. ed. Belo Horizonte; São Paulo: Editora Itatiaia; Editora da Universidade de São Paulo, 1984.

CHIARETTO, Marcelo. O canônico e o não-canônico na formação do leitor: o caso de Allan Santos da Rosa e a literatura da periferia. In: XIV Congresso Internacional da ABRALIC, 2015, Belém. Fluxos e correntes: trânsitos e traduções literárias. Anais [...]. Belém: UFPA, 2015. p. 1-12.

DALL FARRA, Carol. Na ponta do abismo. In: DUARTE, M. (Org.). Querem nos calar: poemas para serem lidos em voz alta. São Paulo: Planeta, 2019. p. 65-66.

DEU(S) branco, por Luz Ribeiro. [S. l.: s. n.], 2017. 1 vídeo (2min 54seg). Publicado pelo canal M de Mulher. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Eb9odWlvVyI. Acesso em: 9 jul. 2021.

DUARTE, Mel (Org.). Querem nos calar: poemas para serem lidos em voz alta. São Paulo: Planeta, 2019.

ESTRELA D’ALVA, Roberta. Um microfone na mão e uma ideia na cabeça – o poetry slam entra em cena. Synergies Brésil, n. 9, 2011, p. 119-126.

EVARISTO, Conceição. Prefácio. In: DUARTE, M. (Org.). Querem nos calar: poemas para serem lidos em voz alta. São Paulo: Planeta, 2019. p. 13-15.

FINNEGAN, Ruth. O significado da literatura em culturas orais. In: QUEIROZ, Sônia (Org.). A tradição oral. Trad. Ana Elisa Ribeiro, Fernanda Mourão e Sônia Queiroz. 2. ed. Belo Horizonte: Viva Voz, 2016. p. 61-98.

FINNEGAN, Ruth. The How of Literature. Oral Tradition, v. 20, n. 2, p. 164-187, out. 2005.

GOMES, Nilma Lino. O Movimento Negro e a intelectualidade negra descolonizando os currículos. In: BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGEL, Ramón (Org.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2020. p. 223-246.

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação – Episódios de racismo cotidiano. Trad. Jess Oliveira. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.

KLIEN, Julia. Na poesia. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (Org.). Explosão feminista: arte, cultura, política e universidade. 2. ed. São Paulo: Cia das Letras, 2018, p. 105-137.

MEDEIROS, Vera Lúcia Cardoso. Quando a voz ressoa na letra: conceitos de oralidade e formação do professor de literatura. Organon (UFRGS), v. 21, p. 1-10, 2007.

MORRISON, Toni. A origem dos outros: seis ensaios sobre racismo e literatura. Trad. Fernanda Abreu. São Paulo: Cia das Letras, 2019.

OLIVEIRA, Jonatas Eliakim D Angelo de. A interdiscursividade no discurso literário “deu(s) branco” de Luz Ribeiro. Verbum, PUC-SP, v. 8. n. 3, p. 43-58, dez. 2019.

ONG, Walter J. Oralidade e cultura escrita: A tecnologização da palavra. Trad. Enid Abreu Dobránszky. Campinas: Papirus, 1998.

PADILHA, Laura Cavalcante. Entre voz e letra: o lugar da ancestralidade na ficção angolana do século XX. 2. ed. Niterói: EdUFF, Rio de Janeiro: Pallas Editora, 2007.

PEREGRINO, Miriane. Qual o papel da oralidade africana na poética dos slammers? Cadernos Textos e Debates, NUER/UFSC, v. 22, p. 10-37, 2021.

PHELAN, Peggy. Ontología del performance: representación sin reproducción. In: TAYLOR, Diana; FUENTES, Marcela. Estudios avanzados de performance. México: FCE, Instituto Hemisférico de Performance y Política, 2011, p. 91-121.

QUEIROZ, Amarino Oliveira de. As inscrituras do verbo: dizibilidades performáticas da palavra poética africana. 2007. Tese (Doutorado em Teoria da Literatura) – Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2007.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina. In: LANDER, E. (comp.). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2000, p. 201-246.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Novos Estudos – CEBRAP, São Paulo, n. 79, p. 71-94, nov. 2007.

SCHMIDT, Rita Terezinha. Centro e margens: notas sobre a historiografia literária. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, n. 32. Brasília, p. 127-141, jul.-dez. 2008.

SOUZA, Ana Lúcia Silva. Letramentos de reexistência: poesia, grafite, música, dança: hip-hop. São Paulo: Parábola, 2011.

VAZ, Sérgio. Manifesto da antropofagia periférica. In: VAZ, Sérgio. Literatura, pão e poesia: histórias de um povo lindo e inteligente. São Paulo: Global, 2011. p. 50-52.

ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção, leitura. Trad. Jerusa Pires Ferreira e Suely Fenerich. São Paulo: Cosac Naify, 2014.

ZUMTHOR, Paul. Introdução à poesia oral. Trad. Jerusa Pires Ferreira, Maria Lúcia Diniz Pochat e Maria Inês de Almeida. São Paulo: Hucitec, 1997.

Publicado

2022-11-03

Como Citar

SOUZA, F. O. de. Ex-cêntricos e exo-canônicos: a poesia oral do poetry slam. Grau Zero – Revista de Crítica Cultural, Alagoinhas-BA: Fábrica de Letras - UNEB, v. 10, n. 1, p. 63–86, 2022. DOI: 10.30620/gz.v10n1.p63. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/grauzero/article/view/13917. Acesso em: 22 dez. 2024.