Cenografia literária no discurso periférico Nação Zumbi de Marcelino Freire
DOI:
https://doi.org/10.30620/gz.v10n1.p21Palavras-chave:
Análise do Discurso, Discurso literário, Literatura periférica, Marcelino FreireResumo
Este artigo trata da cenografia literária periférica e insere Marcelino Freire nesse movimento estético. O conceito de periferia perdeu sua estabilidade semântica ao assumir efeitos de sentido que incluem autores marginalizados pelo cânone. A cenografia periférica, organizada por uma polifonia enunciativa transgressora, engaja o escritor e/ou seu discurso nesse movimento. Examinamos Nação Zumbi por problematizar condições de vivências periféricas. Optamos pelo aporte teórico-metodológico da Análise de Discurso de linha francesa (AD), que se ocupa das condições sócio-histórico-culturais, do sujeito, do dizer e do dito. Assim, privilegiamos a tese do discurso literário, conforme Maingueneau (1986,1994, 1995a,1995b,2015,2018a,2018b), que subentende um diálogo entre AD e Literatura. Os resultados da análise revelam que o texto freiriano é um evento discursivo cuja cenografia investida no código linguageiro, na subversão do cânone, compartilha vida e constrói uma imagem de sujeito articulado com o espaço periférico.
[Recebido em: 26 mar. 2022 – Aceito em: 10 out. 2022]
Downloads
Referências
BOSI, Alfredo. Literatura e resistência. São Paulo: Cia das Letras, 2002.
CHARAUDEAU, Patrick; MAINGUENEAU, Dominique. Dicionário de Análise do Discurso. Trad. Fabiana Komesu. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2014.
COURTINE, Jean-Jacques. Definição de orientações teóricas e construção de procedimentos em Análise do Discurso. Policromias. Revista de Estudos do Discurso, Imagem e Som, p. 14-36, junho, 2016.
DELEUZE, Gilles. GUATTARI, Felix. Kafka: por uma literatura menor. Trad. Cíntia Vieira da Silva; revisão da tradução Luiz B. L. Orlandi. 3. reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.
FACINA, Adriana. Literatura e Sociedade. São Paulo: Zahar, 2004.
FERRÉZ (org.). Literatura marginal: talentos da escrita periférica. Rio de Janeiro: Agir, 2005.
FREIRE, Marcelino. Contos Negreiros. Rio de Janeiro: Record, 2015.
GREGOLIN, Maria do Rosário Valencise. A Análise do Discurso: conceitos e aplicações. São Paulo, Alfa, v. 39. p. 13-21. 1995.
KUHN, Thomas. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1998.
LEITE, A. E. Marcos fundamentais da Literatura Periférica em São Paulo. Revista Estudos Culturais, 1(1), 1-20. 2014. https://doi.org/10.11606/issn.2446-7693i1p1-20.
MAINGUENEAU, Dominique. Elementos de linguística para o texto literário. São Paulo: Martins Fontes, 1986.
MAINGUENEAU, Dominique. Pragmática e discurso literário: leitura e crítica. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
MAINGUENEAU, Dominique. O contexto da obra literária. Campinas, Martins Fontes, 1995a.
MAINGUENEAU, Dominique. L´énonciation philosophique comme instituition discursive. Langages, no. 119, 1995b.
MAINGUENEAU, Dominique. Discurso e análise do discurso. Trad. Sírio Possenti. São Paulo: Parábola, 2015.
MAINGUENEAU, Dominique. Discurso literário. 2. ed., São Paulo: Contexto, 2018a.
MAINGUENEAU, Dominique. Retorno crítico à noção de ethos. Revista Letras de Hoje, v.53, n. 3, p. 321-330, jul.-set. 2018b.
NASCIMENTO, Jarbas Vargas. Discurso literário. Revista GLAUKS (UFV), v. 22, p. 78-92, 2022.
ORLANDI, Eni. Segmentar ou recortar? Séries Estudos. In: Linguísticas: questões e controvérsias. Uberaba: FIUBE, 1984.
PÊCHEUX, M. Remontons de Foucault à Spinoza. In: MALDIDIER, D. L’Inquiétude du discours. Paris: Cendres, 1990. p. 245-259. Edição original: 1977.
SCHOLLHAMMER, Karl Erik. Ficção Brasileira Contemporânea. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009
SEREZA, Haroldo Ceravolo. ‘Literatura marginal’, no ato 2, firma movimento. O Estado de São Paulo, São Paulo, 07 jul. 2002. Suplemento Cultura, D4.
SILVA, S.; TENNINHA, L. “Literatura Marginal” de las regiones suburbanas de La Ciudad de San Pablo: el nomadismo de la voz. Revista Ipotesi, Juiz de Fora, Minas Gerais, v. 15, n. 2 – Especial, p. 13-29, jul./dez. 2011.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Grau Zero – Revista de Crítica Cultural
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com o seguinte termo de compromisso:
Assumindo a criação original do texto proposto, declaro conceder à Grau Zero o direito de primeira publicação, licenciando-o sob a Creative Commons Attribution License, e permitindo sua reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares. Em contrapartida, disponho de autorização da revista para assumir contratos adicionais para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada, bem como permissão para publicar e distribuí-lo em repositórios ou páginas pessoais após o processo editorial, aumentando, com isso, seu impacto e citação.