“A magoa de ver hir esquecendo...”:escrita conventual feminina no Portugal do século XVII.
DOI:
https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2014.v23.n42.p%25pPalavras-chave:
Escrita conventual feminina, Livros de fundação, Publicação manuscrita, Portugal, Época modernaResumo
O século XVII português assistiu ao florescimento de uma escrita conventual feminina concentrada majoritariamente na epistolografia, na lírica e na elaboração de registros de cariz biográfico sobre religiosas crescidas em virtude. Defendida em setembro de 2013, “A magoa de ver hir esquecendo...” se dedica a estudar outra fração dessa produção, mais intimamente ligada a registros memorialísticos de tipo institucional. No centro da análise estão o Tratado da antiga e curiosa fundação do Convento de Jesus de Setúbal(redigido entre 1630 e 1644) e a Notícia da fundação do Convento da Madre de Deus das religiosas descalças de Lisboa(1639-1652).
Amparando-se em obras coevas e de perfil semelhante, a
investigação lança luz sobre alguns dos modelos que influenciaram suas autoras, mas sem descurar dos diálogos
que elas estabelecem com outras modalidades de escrita
conventual feminina – incluídas aí aquelas de tipo administra-tivo, ligadas à governança dessas instituições. Este estudo também indica que, por comando ou moto próprio, mulheres de vida consagrada do Portugal Moderno empunharam penas e escreveram livros, manejando a memória de suas comunidades. Na tarefa, elas seguiram modelos mais ou menos conformados de uma escrita histórica e confessional, mas também souberam inserir discussões que lhes interessavam ou mesmo vergar
esses formatos para que servissem a outros propósitos.
Por fim, os destinos desses livros de fundação também
servem para perceber os múltiplos agenciamentos que
interferiam no caminho das religiosas modernas até o
prelo, assim como iluminar de que maneira as zonas de
interação entre as culturas do impresso e do manuscrito
ofereciam um caminho para evitá-los.
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Atualizado em 15/07/2017