ANÁLISE DO PROCESSO DE DERMACAÇÃO DOS TERRITÓRIOS INDÍGENAS DE PERNAMBUCO

Autori

  • João de Deus Filho UFRPE
  • Rodrigo Dugnani UFRPE

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.11505409

Parole chiave:

Demarcação dos Territórios Indígenas, Vulnerabilidades Socioeconômicas Indígenas, Territórios Indígenas de Pernambuco

Abstract

A homologação e registro da demarcação dos Territórios Indígenas (TI) é um marco fundamental para a resistência e a continuidade da identidade étnico-racial das populações originárias a fim de garantir, também, sua própria existência material. O presente estudo busca analisar a precariedade/insegurança dos povos indígenas de Pernambuco no que diz respeito ao processo de demarcação de seus territórios, apresentando as fases dos procedimentos de regularização dos TI e mostrando os hiatos temporais que se tornam ferramentas de violação governamental para a segurança indígena, processo esse que se tornou um dos responsáveis pela vulnerabilidade socioeconômica dessas populações. Trata-se de uma pesquisa exploratória, de caráter qualitativo, por meio de revisão bibliográfica integrativa e de análise de dados e informações referentes à demarcação de TI no Brasil e, principalmente, em Pernambuco. Os resultados mostram a morosidade do Estado na homologação dos territórios, sendo esse o fator gerador de oportunidade para que ocorra invasão de não-indígenas, externalidade negativa como tráfico de drogas, violência e assassinatos, etnogenias e até conflitos com outros órgãos estatais, gerando, assim, um cenário de prejuízos culturais, sociais e econômicos irreparáveis, provocados pela omissão do governo. Concluiu-se que a lentidão na execução do processo é um causador determinante da vulnerabilidade socioeconômica dos povos originários do estado de Pernambuco, sendo considerado um ato governamental que confronta a dignidade, a identidade social e cultural dos indí- genas, mostrando que o Brasil é ineficiente e omisso na questão de registro das terras ‘sagradas’.

Downloads

I dati di download non sono ancora disponibili.

Biografia autore

João de Deus Filho, UFRPE

Bacharel em Ciências Econômicas da Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)

Riferimenti bibliografici

ALBUQUERQUE, Evelyn, e SILVA, Carla Ribeiro Volpini. Direito ao território ancestral e a proteção dos povos indígenas: a decisão da corte interamericana de direitos humanos no caso do povo indígena xucuru e seus membros vs. Brasil. Revista Direitos Culturais, 15(36), 167-192. Disponível em: <https://san.uri.br/revistas/index.php/direitosculturais/article/view/20>. Acesso em: 09, maio de 2022.

ALBUQUERQUE, Marcos Alexandre dos Santos e AURELIANO, Waleska de Araújo. Toré Atikum: Etnofotografia do “Encantamento”. Revista Tellus, 2006. Disponível em: <http://www.gpec.ucdb.br/projetos/tellus/index.php/tellus/article/view/111>. Acesso em: 09, maio de 2022.

ANDRADE, Lara Erendira Almeida de. “Kapinawá é meu, já tomei, tá tomado”: organização social, dinâmicas territoriais e processos identitários entre os Kapinawá. João Pessoa, 2014. Disponível em:< https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/tede/7611?locale=pt_BR>. Acesso em 10, maio de 2022.

ANDRADE, Lara Erendira Almeida de. Kapinawá é meu, já tomei, tá tomado: organiza- ção social, dinâmicas territoriais e processos identitários entre osKapinawá. Repositório Institucional da UFPB, João Pessoa, 2014. 192 f. Disponível em: <https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/tede/7611?locale=pt_BR>. Acesso em: 09, maio de 2022.

ARCANJO, Jozelito Alves. Toré e identidade étnica: os Pipipã de Kambixuru: (índios da Serra Negra), Recife, 2003. Disponível em: <https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/712>. Acesso em: 09, maio de 2022.

BARBOSA, Wallace de Deus. Os índios Kambiwá de Pernambuco: arte e identidade étnica, Rio de Janeiro, outubro 1991. Disponível em: <https://pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/6171/1/415925.pdf>. Acesso em: 06, maio 2022.

BENITES, Flavio. “Xicão” e o processo de retomadas das terras pelos Xukuru do Ororubá (1988-2001), 2021. Disponível em: <https://www.encontro2020.pe.anpuh.org/resources/anais/22/anpuh-pe-eeh2020/1602124157_ARQUIVO_31ad519df7878c78bbdff0d048929850.pdf>. Acesso em: 02, maio 2022.

BIBLIOTECA PROF. PAULO DE CARVALHO MATTOS. Tipos de revisão de literatura. Botucatu: Unesp; 2015.

BRAGA, Palloma Cavalcanti Rezende. Corpo, saúde e reprodução entre os índios Fulni-ô, Recife, 2010. Disponível em <https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/31334/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O%20Palloma%20Cavalcanti%20Rezende%20Braga.pdf>. Acesso em 10, maio de 2022

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, 2022. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em 11, fev. 2022.

BRASIL. Decreto nº 1.775, de 8 de janeiro De 1996. Dispõe sobre o procedimento administrativo de demarcação das terras indígenas e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d1775.htm>. Acesso em: 27, fev. 2022.

BRASIL. Decreto nº 10.088, de 5 de novembro de 2019. Consolida atos normativos editados pelo Poder Executivo Federal que dispõem sobre a promulgação de convenções e recomendações da Organização Internacional do Trabalho - OIT ratificadas pela República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D10088.htm#art6>. Acesso em: 18, fev. 2022.

BRASIL. Lei nº 6.001, de 19 de dezembro de 1973. Dispõe sobre o Estatuto do Índio. Brasília, DF: Presidência da República, 1973. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6001.htm >. Acesso em 11, fev. 2022.

CIMI. RELATÓRIO Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil: DADOS DE 2020. 2020. Disponível em: <https://cimi.org.br/wp-content/uploads/2021/11/relatorio-violencia-povos-indigenas-2020-cimi.pdf>. Acesso em: 24 abril. 2022.

CUNHA, Manuela Carneiro da. Índios na Constituição. DOSSIÊ 30 anos da constitui- ção brasileira, São Paulo, V. 37 nº 03, 429 – 443, set. – dez. 2018. Disponível em:< https://www.scielo.br/j/nec/a/d9Kq7jjTt8GqR8DqBSgQbTK/abstract/?lang=pt >. Acesso em: 27 fev. 2022.

FEITOSA, Saulo F. Povo Truká: uma trajetória de lutas, lutos e libertação: Em memória de Mození Araújo, guerreiro e mártir do povo Truká. CIMI – Conselho Indigenista Missionário, 2008. Disponível em: <https://cimi.org.br/2008/09/27800/>. Acesso em: 03 maio 2022.

FUNAI. Demarcação: demarcação de terras indígenas. Brasil, 2022 a. Disponível em:<https://www.gov.br/funai/pt-br/atuacao/terras-indigenas/demarcacao-de-terras-indigenas>. Acesso em: 18 fev. 2022.

FUNAI. Geoprocessamento e Mapas. Brasil, 2022 b. Disponível em: <https://www.gov.br/funai/pt-br/atuacao/terras-indigenas/geoprocessamento-e-mapas>. Acesso em: 18 fev. 2022.

GOMES, Eric José Silva. Índios Pankará da Serra do Arapuá: representação insurgente no sertão pernambucano, 2021. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/78181>. Acesso em: 07 maio 2022.

GONÇALVES, Glaciene Mary da Silva et al. A transposição do rio São Francisco e a saúde do povo Pipipã, em Floresta, Pernambuco, 2018. Disponível em:<https://www.scielo.br/j/sausoc/a/s6SWv6M8p6YXTjDPghR3WZF/?lang=p>. em 01, maio de 2022. Acesso

GONÇALVES, Glaciene Mary da Silva. A territorialidade indígena Pipipã vulnerabilizada na transposição do Rio São Francisco e as relações com a saúde em Floresta, 2019. Disponível em: < https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34955>. Acesso em 07, maio de 2022.

GRÜNEWALD, Rodrigo de Azeredo. Etnodesenvolvimento indígena no Nordeste (e Leste): aspectos gerais e específicos. Revista ANTHROPOLÓGICAS, ano 7, volume 14 (1 e 2): 47-71 (2003). Disponível em <https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaanthropologicas/article/viewFile/23598/19253>. Acesso em 01, maio de 2022.

HISTÓRIA E NARRATIVAS DO POVO PANKAIWKA / POVO PANKAIWKA, 2021. Disponível em: <http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/16609/Livro_Historia_e_narrativas_do_povo_PANKAIWKA.pdf >. Acesso em 01, maio de 2022.

ISA — INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Terras Indígenas no Brasil. 2022. Disponível em: <https://terrasindigenas.org.br/>. Acesso em: 06. fev. 2022.

LEAL, Caroline; ENEIDA, Heloisa; ANDRADE, Lara E. Algumas considerações sobre o vivido. Guerreiras – a força da mulher indígena, 2011. Disponível em: <https://indiosnonordeste.com.br/wp-content/uploads/2015/01/revista-guerreiras_indiosNE.pdf >. Acesso em: 03, maio de 2022.

LÉO NETO, Nivaldo Aureliano. 'Nós somos os donos': conflitos socioambientais entre os índios Pipipã de Kambixuru e o ICMBIO no sertão de Pernambuco. In: V REA / XIV ABANNE, 2015, Maceió. Anais da V REA/XIV ABANNE, 2015. v. 1. Disponível em: <https://evento.ufal.br/anaisreaabanne/gt31_k.php>. Acesso em: 03, maio de 2022.

MISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. Fases do Processo de Demarcação de Terras Indí- genas: 6ª Câmara - Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais. 2022. Disponí- vel em: <http://www.mpf.mp.br/atuacao-tematica/ccr6/dados-da-atuacao/grupos-de-trabalho/gt-demarcacao/docs/fases-do-processo-de-demarcacao-de-terras-indigenas>. Acesso em: 27 fev. 2022.

MONTEIRO, Eliana D. B.; FERREIRA, Eliane D. S. Impactos na memória, etnicidade e negociação: reflexões a partir de um estudo de caso, 2014. Disponível em: <http://www.29rba.abant.org.br/resources/anais/1/1402013978_ARQUIVO_Artigo_Monteiro,Ferreira_ABA2014.pdf>. Acesso em: 04 maio 2022.

NEPE - Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade, UFRPE-NEPE, 2022 a. Disponível em: <https://www.ufpe.br/nepe/povos-indigenas/kapinawa>. Acesso em: 2022 maio 02.

NEPE - Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade: Kapinawá. UFRPE-NEPE, 2022 b. Disponível em: < https://www.ufpe.br/nepe/povos-indigenas/kapinawa >. Acesso em: 06, fev. de 2022.

NEPE - Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade: Truká. UFRPE-NEPE, 2022 c. Disponível em: < https://www.ufpe.br/nepe/povos-indigenas/truka>. Acesso em: 06, fev. de 2022.

NOVA Cartografia Social dos Povos e Comunidades Tradicionais do Brasil: Povo Indígena Pipipã / Coordenadores Alfredo Wagner Berno de Almeida, Rosa Elizabeth Acevedo Marin; Organizadores Juracy Marques dos Santos... [et al]. – Manaus, AM: Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia / UEA Edições, 2010. Disponível em <http://juracymarques.com.br/site/wp-content/uploads/2017/08/05-Pipipa.pdf>. Acesso em 10, maio de 2022.

OLIVEIRA, Edivania Granja da Silva. O protagonismo de lideranças Pankará na afirma- ção da identidade étnica no Semiárido Nordestino. IF SERTÃO PE. Pernambuco/Brasil, 2020. Disponível em: < https://www.32rba.abant.org.br/arquivo/downloadpublic?q=YToyOntzOjY6InBhcmFtcyI7czozNToiYToxOntzOjEwOiJJRF9BUlFVSVZPIjtzOjQ6IjI4NTYiO30iO3M6MToiaCI7czozMjoiYmI1YWIyN2M2NzU2OGE3ZDQzMDhkM2RmNzc4ZmExYjQiO30%3D >. Acesso em 10, maio de 2022.

PGTA – TI PANKARARU Plano de Gestão Territorial e Ambiental da Terra Indígena Pankararu, julho 2017. Disponível em: <https://prize.equatorinitiative.org/wp-content/uploads/formidable/15/PANKARARU.pdf >Acesso em: 07 maio 2022.

PHILIPPINI, Ana Claudia Moreira Miguel. Responsabilidade do estado brasileiro perante os direitos dos indígenas: o caso da tribo Xukuru. Revista Direito em Debate, 2018. Disponível em: <https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/revistadireitoemdebate/article/view/6340>. Acesso em: 09, maio de 2022.

RABELO, Josinês Barbosa. Conflitos ambientais gerados pelo racismo ambiental no processo de implantação do conselho gestor da ReBIO Serra Negra em terras indígenas, PE. Cadernos de Estudos Socias, Recife, julho 2010. 303-312. Disponível em:<https://fundaj.emnuvens.com.br/CAD/article/view/1431/1151>. Acesso em: 06 maio 2022.

SANTANA, Paula Manuella Silva de e MAGALHÃES, Tiago Queiroz de. Caso Xukuru e o Bem Viver do povo Fulni-ô (PE), 2022. Disponível em:<https://doi.org/10.1590/2179- 8966/2022/65133>. Acesso em: 27 fev. 2022.

SANTOS, Daiana G. D.; SANTOS, Elda R. A. Intervenção em saúde para risco de problemas cardiovasculares em hipertensos do polo base Pankararú Entre Serras, DSEI-PE, São Paulo, 2017. Disponível em: <https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/12127/1/110576.pdf>. Acesso em: 07, maio de 2022.

SILVA, Amilca B. D. Intervenção em saúde para a hipertensão e seus fatores de risco na população indígena do polo base Kambiwá Tuxá, São Paulo, 2017. Disponível em: <https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/12113/1/110556.pdf>. Acesso em: 04 maio 2022.

SILVA, Edson. Os brasis e suas memorias, s/d Disponível em: <https://osbrasisesuasmemorias.com.br/povo-xukuru-do-ororuba/>. Acesso em: 04, maio de 2022.

SILVA, Elizângela Cardoso de Araújo. Povos indígenas e o direito à terra na realidade brasileira. 2018. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/sssoc/a/rX5FhPH8hjdLS5P3536xgxf/?lang=pt&format=pdf>. Acesso em: 3 fev. 2022.

SILVA, Emília J. S. D.; BANDEIRA, Katherine L. C. O lugar do direito territorial: o caso da tribo Truká, Serra Talhada - PE, 2009. Disponível em: < http://www.andhep.org.br/anais/arquivos/Vencontro/paineis/painel16.pdf>. Acesso em: 03 maio 2022.

SILVA, Giovani José da. Trajetórias diaspóricas indígenas no tempo presente: terras e territórios Atikum, Kamba e Kinikinau em Mato Grosso (do Sul). Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 11, n. 28, p. 98 - 126, set./dez. 2019. Disponível em: <https://doi.org/10.5965/2175180311282019098>. Acesso em: 03, maio de 2022.

SOARES, Leonardo Barros et al. Fatores explicativos das demarcações de terras indígenas: uma revisão de literatura, 2021. Disponível em: <http://anpocs.com/images/BIB/n96/BIB_96_1-Fatores_explicativos_3P.pdf>. Acesso em: 27 fev. 2022.

UFPE. POVOS Indígenas de Pernambuco. NEPE - Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade. Pernambuco, 2022. Disponível em: <https://www.ufpe.br/nepe/povosindigenas>. Acesso em: 06, fev. 2022.

##submission.downloads##

Pubblicato

2022-12-30

Come citare

DE DEUS FILHO, J.; DUGNANI, R. ANÁLISE DO PROCESSO DE DERMACAÇÃO DOS TERRITÓRIOS INDÍGENAS DE PERNAMBUCO. Revista Ecologias Humanas, [S. l.], v. 8, n. 9, p. 9–38, 2022. DOI: 10.5281/zenodo.11505409. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/ecohum/article/view/20375. Acesso em: 24 nov. 2024.

Fascicolo

Sezione

Artigos