PROFISSÃO DE FÉ E DOM DE ILUDIR: INVISIBILIDADE AO DIREITO DE FALA
Abstract
O presente artigo tem por objetivo analisar, problematizar e estabelecer um cotejo entre o poema Profissão de Fé, de Olavo Bilac (1888) e a letra de música Dom de Iludir (1986) de Caetano Veloso. Nesta ordem de ideias, busca-se evidenciar em que medida o texto literário defende o que está no cânone literário, preso ao valor estético, com a defesa da forma e o desprezo do uso da língua como ato social. Nesse sentido, os recursos estilísticos utilizados pelo poeta vinculam-se ao locus enunciativo, cujo discurso responde por determinado contexto histórico-sócio-cultural. Para tanto, a referida investigação baseia-se em um estudo de caso de caráter bibliográfico de tipologia qualitativa, contando como teóricos, entre outros: Bakhtin (1992; 2003), Brait (1997), Orlandi (1997) e Reis (1992). A abordagem aponta para o uso da linguagem como produtora de sentido, em uso, em torno de processos dialógicos. Por isso, mesmo que o poema de Olavo Bilac queira silenciar as circunstâncias de sua enunciação, esta não está imune às condições de produção, das quais fazem parte tempo e lugar de uso. Por outro lado, a composição de Caetano Veloso já evidencia uma relação com a alteridade, confirmando a dimensão pragmático-discursiva do uso da língua, quando tematiza a mulher empoderada de direitos, rasurando a dimensão, supostamente, atemporal e universal do estético.
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