Pedagogia libertária e estudos anarquistas na contemporaneidade
Este novo dossiê da RECS, aborda tanto a área da Educação como das Ciências Sociais, tem como tema principal a Pedagogia libertária e estudos anarquistas na contemporaneidade. O pensamento libertário e sua influência na educação dos trabalhadores surgem das ideias de pensadores e ativistas europeus do século XIX, dentre eles, Joseph Proudhon, Mikhail Bakunin e Elisée Reclus. Essas ideias foram discutidas pela Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), em seus congressos no século XIX e por pedagogos que a praticaram em orfanatos e escolas como Paul Robin, Sébastien Faure, Louise Michel e Francisco Ferrer nesses tempos modernos do capitalismo industrial.
No Brasil, o pensamento anarquista/libertário e sua pedagogia tiveram seu protagonismo no período da primeira república, desde finais do século XIX até as três primeiras décadas do século XX, quando através dos sindicatos construíram escolas libertárias, grupos de teatro e jornais para formação dos trabalhadores e suas famílias. Contudo, esse período, foi intensamente marcado pela repressão ao movimento operário e à participação libertária, sendo seus seguidores duramente castigados com mortes, prisões e deportações.
Embora vista como uma ideologia perigosa, por parte dos que controlam o poder, os libertários consideram a anarquia a mais alta expressão da ordem (RECLUS, 2002). Defendem a autogestão social, ou seja, comunidades livres onde os seus integrantes devem assumir a gestão conjunta e solidária e, para isso, é importante uma educação onde a cooperação e a ajuda mútua superem o individualismo e a competição.
A partir dos anos 1960 até nossos dias, uma nova era de movimentos libertários aconteceram em muitos lugares do planeta, movimentos de libertação que alcançaram visibilidade e adesões em diferentes instâncias sociais, das ciências às artes, das tecnologias alternativas aos movimentos comunitários, das lutas pelos direitos dos cidadãos ao ecologismo, nas lutas anti-racistas, no combate aos preconceitos e na afirmação de outros gêneros, nos movimentos contra a guerra e contra a fome porque passa grande parte da humanidade. Nessas lutas, novas propostas de pedagogias autogestionárias e, novas práticas educativas antiautoritárias se consolidaram na relação professor/aluno, escola/comunidade, e revendo as formas de avaliação e castigos comumente realizados no sistema escolar tradicional.
Nesse amplo leque de propostas de educação e de estudos sociais libertários, convidamos a participarem deste dossiê, enviando contribuições através de artigos e resenhas de livros sobre o tema.
Prof. Eduardo José Fernandes Nunes - Universidade do Estado da Bahia – Uneb
Prof. Dr. Igor Santana Rodrigues – Grupo de Pesquisa Teoria Social e Projeto Político Pedagógico/Uneb