Notas para a crítica da violência
Resumo
O que define a crítica da violência? O que significa violência? Neste ensaio, faço uma revisão sumária e parcial de ponderações da filosofia crítica desde Marx, Nietzsche e Benjamin. Do debate entre filósofos contemporâneos sobre o tema, retiro formas de inteligibilidade do fenômeno. Primeiro, alguns dados atuais de institutos oficiais dão uma ideia do aumento da violência e da sensação de vulnerabilidade atual. A partir da crítica da violência bejaminiana, trato do vínculo que mantém atada a violência mantenedora do direito e do Estado àquela instauradora deles, e da violência divina como manifestação dos povos capaz de romper a violência mítica do poder. Assinalo, então, com Guyau e Nietzsche, a importância da crítica do punitivismo e reconheço como injusta toda justiça penal, e com Angela Davis e Juliana Borges, apresento a prisão como dispositivo necropolítico. Sob essa ótica, a lei aparece como possibilidade do crime, o Estado é definido pela criminalização da pobreza, a violência, como programa de governabilidade. Depois, revejo o conceito de “violência sistêmica” de Žižek e o aproximo da concepção de ruptura da integridade do vivo de Saffioti. Por fim, pondero sobre o perigo do apelo da não-violência, a condenação prévia da violência divina, e sobre a teoria como resposta que nasce das, com e para as lutas sociais, destacando-as como condição para a liberdade.
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