Formas Dançantes: um estudo comparativo da metafísica de modelo em Platão e na Cosmologia Ianomâmi
Resumo
O artigo analisa as similaridades entre as estruturas pressupostas pela teoria das Formas em Platão e a cosmologia Ianomâmi. Essa comparação vai permitir determinar os pontos definidores de uma metafísica de modelo, a saber, uma visão de mundo em que o mundo sensível é explicado a partir de uma relação de derivação de um modelo suprassensível. Na metafísica de modelo, a essência dos itens no mundo sensível é externalizada através de sua relação com o modelo. Tal relação depende de uma noção de imitação e semelhança que, ao contrário do que se supõe nas discussões filosóficas, não é reflexiva, simétrica ou transitiva. Em seguida, o artigo lida com as diferenças advindas das visões de mundo de Platão e dos Ianomâmi. As entidades modelares nos Ianomâmi são coletivas e dinâmicas, enquanto que para Platão as Formas são únicas e estáticas. Além disso, o tipo de arte representativa que embasa a imitação no caso dos Ianomâmi é a dança ao passo que Platão recorre mais à pintura. A diferença se prova significativa. A representação incorporada presente na dança permite uma concepção disposicional da essência que parece ter um grande potencial explanatório.