Liberdade e tempo em Spinoza e Bergson
entre a eternidade e a duração
Resumo
Será que o tempo dura em nós ou também fora de nós? Será que tudo é tempo ou será que o tempo enquanto fluxo não tem qualquer estatuto ontológico e tudo que existe sempre existiu eternamente? Para refletirmos sobre este mistério delicado que é o tempo, o presente artigo resgata dois filósofos importantíssimos ao pensamento ocidental. Ambos dedicaram-se em pensar a liberdade nas suas obras, em vista disso, irei trazer suas noções sobre essa questão tipicamente moderna, relacionando as elaborações da liberdade com a maneira que o tempo foi abordado em cada filosofia, embora a preocupação com a temporalidade esteja presente numa maior medida em Bergson do que em Spinoza. Procederei contrapondo as duas estratégias conceituais usadas para pensar o tempo: eternidade e duração. Farei o mesmo movimento de contraposição com suas propostas ontológicas, sempre frisando a maneira ambivalente que compreendem a duração e trazendo as críticas que fez Bergson à necessidade inflexível do Deus spinozano. Tentarei também aproximá-los à medida que exaltaram a intuição, seja como método filosófico, seja como um gênero específico do conhecimento. Quando supomos uma amizade filosófica, é muito potente e produtivo, ainda mais entre dois grandes mestres da intuição, amigos da multiplicidade e do movimento.