BATUQUE SEM TAMBOR: ISLAMIZAÇÕES E INICIAÇÕES NA ILHA DE MOÇAMBIQUE
Résumé
Este texto se insere no contexto de uma pesquisa realizada na Ilha de Moçambique entre 2019 e 2020, período no qual participei de uma série de rituais chamados genericamente em português moçambicano de “batuques”, e mais precisamente na língua emakhuwa de ikoma, ou mwali (ritos de iniciação). Busco trazer uma descrição e algumas reflexões a partir de um rito para o qual fui convidada por uma amiga conselheira de mwali, Saida Issufo, que destoava dos demais. Ao contrário das grandes festas com zombarias e manifestações estridentes por parte das convidadas, este ritual se desenrolou de forma discreta, com as convidadas contidas, usando hijabs, concentradas nos conselhos – um rito sem clímax, sem dança, sem batuque. Esse contraste e as posteriores conversas com Saida e outras mulheres servirá como ponto de partida para algumas reflexões acerca das recentes adaptações nas práticas rituais das mulheres makhuwa do litoral norte de Moçambique, conectadas às vivências do Islã reformista chamado localmente halissuna.
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