Dossiê (2020.2): “Constelações polifônicas: musicalidade e tessituras criativas em África”
A música – expressão signifivativa nas sociedades africanas -,manifesta-se como no cotidiano, na ritualidade e, também, no fazer da política (a expemplo de Ali Bongho na ocasião da campanha eleitural em sua primeira candidatura ou por Joseph Désiré Mobutu desde a criação, em 1967, do Moimento Popular da Revolução). A música revela-se como fonte para os estudos históricos, políticos, sociais e de criação e expressão.
A produção musical carrega em sua poética, a potencialidade de se insurgir como agente ativo da história e fonte incontrornável nos estudos acadêmicos contemporâneos de diferentes campos do saber. A música como prática expressiva interliga-se a manifestações populares religiosas, econômicas e políticas. Pela música podemos entender a complexidade histórica africana, remetendo ainda a suas memórias e culturas materializadas, em especial, nas expressões de tradições orais como narrativas e provérbios ou, ainda, servindo como base da literatura escrita.
A escrita da história e das culturas africanas, desde a década de 1980, passou a afirmar a importância da oralidade no estudo de suas manifestações e transformações internas. Ressaltamos assim, conforme Hampâté Bâ (2010) em Tradição Viva, que “a escrita é uma coisa, e o saber, outra. A escrita é a fotografia do saber, mas não o saber em si. O saber é uma luz que existe no homem. É a herança de tudo que nossos ancestrais puderam conhecer e que se encontra latente em tudo o que nos transmitiram, assim como o baobá já existe em potencial em sua semente”.
Este dossiê abre-se para as constelações polifônicas africanas em suas perspectivas de exercício de compreensão de laços entre musicalidades e história, sinalizando tessituras de pensamentos, inovações, entrelaçamentos éticos, ritmicos e de estilos, além de dinâmicas e imprevisibilidade, processos e movimentos culturais, dimensões políticas de territorialidades e identidades africanas ao longo do século XX e XXI. Trata-se de reunir artigos de história, antropologia, sociologia e áreas afins. As seguintes temáticas são sugeridas: (i) Música, performance e comunicação (ii) Música, estética e estilos (iii) Música, movimentos socias e instituições (iv) Música como expressão múltiplos significados (v) Produção cultural, espetáculos e festivais (vi) Música, mídia e espaços virtuais (vii) Música e migração ; (viii) Música em contextos de guerras e conflitos.
As contribuições devem ser enviadas até ao dia 30 de novembro de 2020, para os endereços electrónicos marinaannie@gmail.com e tidjefene@gmail.com Os trabalhos deverão estar dispostos nas normas da revista, e que podem ser encontradas no portal:
https://www.revistas.uneb.br/index.php/africas/about/submissions#authorGuidelines -
nas diretrizes para autores.