Educação profissional e economia solidária
Um olhar a partir dos institutos federais de educação, ciência e tecnologia
Resumo
Ao longo da construção e organização da economia solidária no Brasil, a qualificação sociotécnica e profissional passa a ser uma demanda necessária a esse movimento social, tanto em sua dimensão econômica quanto para a estruturação política. O presente trabalho analisa as relações entre essa questão e a oferta de educação profissional dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs), por meio de entrevistas com lideranças de cinco organizações localizadas na Região Metropolitana de São Paulo e da observação de informações obtidas a partir da Plataforma Nilo Peçanha (PNP), banco de dados oficiais da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Conclui que a concepção de educação politécnica dos IFs, fundada na formação integral do ser humano e no trabalho como princípio educativo, guarda semelhanças significativas com o projeto de sociedade reivindicado pelo movimento de economia solidária. Evidencia, no entanto, que ainda são frágeis as experiências de projetos político-pedagógicos concebidos a partir do trabalho associado e dos empreendimentos econômicos solidários, de modo que as vivências formativas desses trabalhadores se dão, prioritariamente, em instituições não públicas.
Palavras-chave: Educação Profissional; Economia Solidária; Institutos Federais.
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