POLÍTICAS DE REPRODUÇÃO HUMANA NO BRASIL: UM RECORTE RACIAL E DE GÊNERO

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.14085262

Palabras clave:

Política Pública, Direitos sexuais e reprodutivos, Racismo

Resumen

Introdução: As políticas de reprodução humana foram usadas como tecnologia de controle dos corpos das mulheres ao longo da modernidade. No sistema capitalista, o discurso do controle de natalidade foi recuperado na medida em que a população negra se sobressaía numericamente. Ao mesmo passo, o conceito de progresso inundava a indústria farmacêutica e médica criando um verdadeiro mercado lucrativo com vistas às mulheres das classes média e alta. Objetivo: Mapear a contribuição do movimento de mulheres negras no Brasil, no sentido de problematizar o controle de natalidade como política reprodutiva, considerando as configurações históricas em que raça, gênero e classe são clivagens definidoras das condições de vida, para a tomada de decisão individual, bem como norteadoras das políticas públicas num país de herança colonial. Método: Revisão de literatura sobre reprodução humana e o movimento de mulheres negras, intercruzando como esses dois marcadores se interconectam para a luta política. Resultados: Os resultados apontam que às mulheres pobres e negras era oferecida a esterilização definitiva como meio de evitar o nascimento de novas crianças negras. Para as mulheres brancas da classe média e alta, o discurso que envolveu o controle da reprodução esteve atrelado às tecnologias de bem-estar, autonomia e disponibilidade para o sucesso material. Essa dualidade corrobora com a premissa eugênica ainda presente no Estado brasileiro, cujo controle da reprodução sempre esteve atrelado ao lucro do capital, bem como na busca incessante do embranquecimento das populações nas Américas.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Deise Queiroz da Silva, Doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia - Brasil

Mestra em Ciências Sociais. Professora na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.

Cristiane dos Santos Silva, Doutoranda em Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Feira de Santana - Brasil

Mestra em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia. Professora na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Integra o Núcleo de Estudos em Gênero, Raça e Saúde e o Grupo de Estudos e Pesquisa em Saúde da Mulher.

Margarete Costa Helioterio, Professora na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - Brasil

Doutora em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Integra o Núcleo Saúde, Educação e Trabalho do Centro de Ciências da Saúde e o Núcleo de Epidemiologia.

Citas

Cavenaghi, S. (2006). Indicadores municipais de saúde sexual e reprodutiva. Brasília: UNFPA, 2006.

Collins, P. H; Bilge, S. (2019). Interseccionalidade. Tradução: Rane Souza. 1ed. São Paulo: Boitempo.

Damasco, M. S., Maio, M. C., & Monteiro, S. (2012). Feminismo negro: raça, identidade e saúde reprodutiva no Brasil (1975-1993). Revista Estudos Feministas, 20(1), 133–151.

Davis, A. (2016). Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo Editorial.

Fonseca, C; Marre, D; Rifiotis, F. (2021). Governança reprodutiva: um assunto de suma relevância política. Horiz. antropol., 27(61), 7-46.

Foucault, M. (1979). Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Edições Graal.

Foucault, M (1986). Microfísica do poder. 6a. ed. Rio de Janeiro: Graal.

Foucault, M. (2004). Tecnologias de si. São Paulo: Verve.

Maia, A. C. (1995). Sobre a analítica do poder de Foucault. Tempo Social. Rev. Sociol. USP, 7(1-2), 83-103.

Oliveira, R. N. (2022). Justiça reprodutiva como dimensão da práxis negra feminista: contribuição crítica ao debate entre feminismos e marxismo. Germinal: Marxismo E educação Em Debate, 14(2), 245–266.

Price, K. (2010). What is reproductive justice? How women of color activists are redefining the pro-choice paradigm. Meridians.

Roland, E. (1995). Direitos reprodutivos no Brasil. Revista Estudos Feministas, 3(2), 506.

Ross, L. J. (2017). Reproductive Justice as Intersectional Feminist Activism. Souls, 19(3), 286-314.

Ventura, M. (2009). Direitos reprodutivos no Brasil. Brasília: UNFPA.

Werneck, J. (2016). Racismo institucional e saúde da população negra. Saúde sociológica, 25(3), 535 -549.

Publicado

2024-11-11

Cómo citar

Silva, D. Q. da, Silva, C. dos S., & Helioterio, M. C. (2024). POLÍTICAS DE REPRODUÇÃO HUMANA NO BRASIL: UM RECORTE RACIAL E DE GÊNERO. Práticas E Cuidado: Revista De Saúde Coletiva, 5, e20314. https://doi.org/10.5281/zenodo.14085262

Número

Sección

Dossiê Temático MULHERES NEGRAS E A LUTA PELA JUSTIÇA REPRODUTIVA