DO APRISIONAMENTO DO CORPO AO APRISIONAMENTO DA MENTE: UM OLHAR NEGRO PARA O SOFRIMENTO PSÍQUICO DA MULHER NEGRA NO CARCERE
Palabras clave:
Mulheres Negras e Encarceramento, Sofrimento Psíquico, Escritas no CárcereResumen
Introdução: O universo carcerário consiste num campo pouco explorado e invisibilizado pela sociedade, pouco se conhece sobre sua multidimensionalidade e complexidade, sobretudo, a condição das mulheres negras no cárcere e os atravessamentos que as cometem. Objetivo: Evidenciar a saúde mental das mulheres negras aprisionadas, e as implicações do racismo para a constituição da subjetividade, relativizar com a racialização das leis, das políticas públicas de saúde e a política de segurança pública. Método: A metodologia foi realizada e fundamentada pelas lentes conceituais fornecidas pela abordagem interseccional como ferramenta de análise. Utilizei oficinas de escritas, com leituras prévias dos livros Carolina Maria de Jesus e o uso de dados de documentos do projeto Cartas do Cárcere. Resultados: As narrativas expressas nas oficinas evidenciaram apelos, confissões, angústias, desesperanças, e que o cárcere desempenha, em nosso tempo, o sequestro da palavra, assim as cartas configuraram resistência a esse processo de violento silenciamento. Considerando que as taxas de transtornos mentais são mais elevadas em pessoas privadas de liberdade associado ao confinamento e a determinantes sociais como o preconceito racial, a desigualdade social e de gênero. Conclusão: Este estudo revelou a complexidade de trabalhar com um quadro que reflete um contexto estrutural de discriminação, subalternização e precarização da mulher encarcerada, com isso a urgência na inversão da lógica do pensamento hegemônico. Todavia destaco a relevância das oficinas que mitigaram alivio aos sofrimentos psíquicos que passam cotidianamente as aprisionadas, contribuindo para que acionassem mecanismos inconscientes para elaborar e ressignificar suas existências dentro e fora do cárcere.
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