Ecos da memória
a escrita do eu como forma de denúncia em “Estátua de Sal” de Maria Ondina Braga
DOI:
https://doi.org/10.30620/pdi.v13n1.p239Palavras-chave:
Maria Ondina Braga, Literatura portuguesa a Oriente, Literatura de Macau, Literatura no feminino, Escrita do EuResumo
Maria Ondina Braga (1932-2003), escritora portuguesa itinerante e contemporânea, convoca, frequentemente, os temas da viagem e da alteridade para a sua estética literária. A par destas linhas temáticas, a obra em estudo, Estátua de Sal (1983), constitui-se como autobiografia romanceada onde a experiência biográfica de Ondina Braga é ficcionada, literarizada e, sobretudo, autoanalisada. O presente artigo, debruçando-se exclusivamente sobre a obra referida, intenta o seguinte: (i) num primeiro momento, revisitar aspetos da teoria literária enquadrando, por um lado, especificidades da escrita do Eu em Maria Ondina Braga e, por outro, apresentando genericamente a obra; (ii) de seguida, dois objetivos primordiais. O primeiro é o de problematizar a arquitetura da memória, ou dito de forma diferente, o modo como a memória é estruturada no espaço da narração e partilhada com o leitor; o segundo aspeto relaciona-se com a concretização de uma primeira análise dos excertos textuais selecionados; (iii) num terceiro quadro, o exercício explora a revisitação e a partilha do mundo interior da personagem à luz de uma linha de leitura que entende a escrita como espaço de denúncia e de crítica de vetores sociais e culturais.
[Recebido em: 29 jan. 2023 – Aceito em: 10 jun. 2023]
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