Costuras Performativas

a mesa posta da artista Ana Fraga

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30620/pdi.v12n1.p71

Palavras-chave:

Arte, Mulher, Ana Fraga, Mesa Posta, Gênero

Resumo

O presente artigo é um recorte da dissertação realizada no Programa de Crítica Cultural finalizada em 2019 e traz para o debate questões relacionadas aos processos de apagamento das mulheres artistas no campo da arte, levando em consideração os padrões ainda vigentes do patriarcalismo, sexismo, falocratismo que ainda permeiam o contexto artístico dificultando as mulheres artistas a visibilização de seus trabalhos, o que ainda fica mais agravado no interior do estado da Bahia. Para além disso, a pesquisa mostra o percurso da artista Ana Fraga, baiana de São Félix, destacando algumas de suas produções e em especial fazendo uma abordagem mais próxima da obra A Mesa Posta de 2005, realizada na Galeria Aliança Francesa, na exposição em homenagem ao artista José Pancetti. A obra em questão propôs de forma ácida a quebra de padrões e das violências direcionadas as mulheres, pois se constituía de metáforas que sinalizava – principalmente pela quebra da louça na qual estavam impressas frases machistas, na cor azul criada pelo artista Pancetti – uma proposição para que todos desfizessem os estereótipos, estilhaçassem as normas impostas. Vale destacar que um dos pontos norteadores para a produção da Mesa Posta foi a relação violenta de Pancetti com sua esposa Anita Caruso, por isso, a artista inverte a lógica de “homenagear” e usa o tema proposto pela curadora da exposição para questionar os transeuntes sobre o papel, lugar da mulher no seio social.

[Recebido em: 21 mai. 2022 – Aceito em: 18 jun. 2022]

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Geisa Lima dos Santos, Universidade do Estado da Bahia - UNEB

Doutoranda no programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares em Mulheres, Gênero e Feminismo. Mestra em Crítica Cultural pela Universidade do Estado da Bahia (2019). Possui bacharelado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (2015), Licenciatura em Artes Visuais pela UNIASSELVI (2021) e graduação em Pedagogia pela Faculdade Santo Antônio (2010). Servidora pública desde 2015 atua como coordenadora pedagógica no município de Itapicuru (BA).

Referências

BARBOSA, Ana Mãe. Trama Interdisciplinar, São Paulo, v. 7, n. 1, p. 233-248, jan./abr. 2016

BARBOSA, Eduardo Romero Lopes. O corpo representado na arte contemporânea: o simbolismo do corpo como meio de expressão artística. Disponível em: http://www.anpap.org.br/anais/2010/pdf/cpa/eduardo_romero_lopes_barbosa.pdf. Acesso em: 20 jan. 2014.

CASA 401. A Mesa Posta. Disponível em: http://www.pilula.com.br/casa401/ana.htm. Acesso em: 18 set. 2018.

CANTON, Katia. Corpo, identidade e erotismo. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009. [Coleção Temas da Arte Contemporânea].

CANTON, Katia. Espaço e lugar. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009. [Coleção Temas da Arte Contemporânea].

CARMEZINI, Maria. A poética da mulher através da pintura. Londrina, 2008. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2021-8.pdf. Acesso em: 24 ago. 2014.

SALÕES REGIONAIS DE ARTES VISUAIS DA BAHIA, 2007/2008, Juazeiro, Feira de Santana, Jequié, Alagoinhas, Vitória da Conquista, Itabuna. Catálogo dos Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia 2007/2008. Fundação Cultural do Estado da Bahia – FUNCEB. Salvador. Disponível em: http://www.fundacaocultural.ba.gov.br/arquivos/File/imagenswordpress/2012/11/catalogo_2007-2008.pdf. Acesso em: 24 jul. 2018.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. Vol. 1. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995.

DELEUZE, Gilles. O ato de criação. Edição brasileira: Folha de São Paulo, 1999.

ENCICLOPÉDIA Itaú cultural. Assemblage. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo325/assemblage. Acesso em: 12 fev. 2015.

ENCICLOPÉDIA Itaú cultural. Instalação. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3648/instalacao. Acesso em: 12 fev. 2015.

FERNANDES, Ciane. Entre Escrita Performativa e Performance Escritiva: O Local da Pesquisa em Artes Cênicas com Encenação. Anais ABRACE, v.9, n.1, 2008.

FERREIRA, Ermelinda Maria Araújo. Trajetória da Vênus: leituras do corpo

feminino na arte, do classicismo à Biopaisagem, de Ladjane Bandeira. 2014.

FOUCAULT, Michel. A escrita de si. In: FOUCAULT, M. O que é um autor? Lisboa: Passagens, 1992. p. 129-160.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 2014.

FOUCAULT, Michel. A Hermenêutica do sujeito. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2017.

FRAGA, Ana Maria da Silva. Escombros processos poéticos em performanceinstalação. 2014. Dissertação (Mestrado em Artes Visuais) – Universidade Federal da Bahia, Salvador.

FRAGA, Ana Maria da Silva. Ana Maria da Silva Fraga: depoimento. Entrevistadora: Geisa Lima dos Santos. São Félix – BA, jun. 2017.1 arquivo em extensão mp3 (33’8’’) Entrevista concedida à pesquisadora Geisa Lima dos Santos, no Ateliê Anexo, da Ana Fraga.

FRAGA, Ana Maria da Silva. Ana Fraga. Site da artista. Disponível em: https://anafraga.wordpress.com. Acesso em: 20 out. 2017.

FRAGA, Ana Maria da Silva. Ana Fraga. Portfólio de Ana Fraga, com textos, 2014. Disponível em: https://anafraga.files.wordpress.com/2015/06/portifolio-ana-fragacom-textos.pdf. Acesso em: 20 out. 2018.

GINZBURG, Carlos. Mitos, Emblemas, Sinais– Morfologia e História. Trad. Fedfrico Carotti. São Paulo: Cia das Letras, 1989.

GLUSBERG, Jorge. A arte da performance. Trad. Renato Cohen. São Paulo, 2011.

GREINER, Christine. O corpo em crise: novas pistas e o curto circuito das representações. São Paulo: Annablume, 2010.

GUATTARI, Felix; ROLNIK, Suely. Subjetividade e história. In. GUATTARI, Felix; ROLNIK, Suely. Micropolítica: Cartografais do desejo. 4 ed. Petrópolis: Vozes, 1996.

KLINGER, Diana. Escrita de si como performance. Revista Brasileira de Literatura Comparada, n. 12, 2008. Disponível em: http://www.abralic.org.br/downloads/revistas/1415542249.pdf. Acesso em: 18 maio 2018.

MAHEIRIE, Kátia. Constituição do sujeito, subjetividade e identidade. Interações, local, v. 7, n. 13, p. 31-44, jan-jun 2002.

MIDLEJ, Dilson. Escombros de todos nós. In: BARTHOLOMEU, Cezar; TAVORA, Maria Luisa (Org.).Arte & Ensaios,Rio de Janeiro, n. 27.Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais/ Escola de Belas Artes, UFRJ, dezembro 2013. 224 p. Disponível em: http://www.ppgav.eba.ufrj.br/wpcontent/uploads/2015/03/dossie-dilson.pdf. Acesso: 20 out. 2016.

MINGNOLO, Walter D. Desobediência epistêmica: A opção descolonial e o significado de identidade em política. In: Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Literatura, língua e identidade, n. 34, p. 287-324, 2008. Disponível em: http://www.uff.br/cadernosdeletrasuff/34/traducao.pdf. Acesso em: 20 dez. 2018.

MOYSÉS, Elizabeth de Melo Camargo. Abrigo da memória. Campinas, 2004. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000330072. Acesso em: 15 set. 2014.

NADER, Maria Beatriz. Violência sutil contra a mulher: manifestações históricas. In: NADER, Maria Beatriz; LIMA, Lana Lage da Gama (Org.). Família, mulher e violência. Vitória: PPGHis, 2007. (Coleção Rumos da História).

PEDREIRA, Jailma dos Santos. Reescrita de si: produções de escritoras subalternizadas. In: Anais Eletrônicos do IV Seminário Nacional Literatura e Cultura. São Cristóvão/SE: GELIC/UFS, 2012, p. 1-12. Disponível em: http://200.17.141.110/senalic/IV_senalic/textos_completos_IVSENALIC/TEXTO_IV_SENALIC_195.pdf. Acesso em: 12 dez. 2017.

PERFORMATUS. O poder de Beth Moysés. Disponível em: http://performatus.net/o-poder-de-beth-moyses. Acesso em: 19 dez. 2014.

RAGO, Margareth. Ser mulher no século XXI ou carta de alforria. In: VENTURI, Gustavo; RECAMÁN, Marisol; OLIVEIRA, Suely de (Org.). A mulher brasileira nos espaços público e privado. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004.

RAGO, Margareth. Dossiê Estéticas da Existência. (Org.). Revista Aulas, Campinas, n. 7. Unicamp, 2010.

RAGO, Margareth. A aventura de contar-se: feminismos escrita de si e invenções da subjetividade. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2013.

RUBIM, Antonio Albino Canelas. Políticas culturais do governo Lula / Gil: desafios e enfrentamentos. Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação 184, São Paulo, v. 31, n. 1, p. 183-203, jan./jun. 2008

SALLES, Cecília Almeida. Redes da Criação. Construção da obra de arte. Editora Horizonte, 2015.

SOARES, Vera. Muitas faces do feminismo no Brasil. In: BORBA, Ângela; FARIA, Nalu; GODINHO, Tatau (Org.). Mulher e política: gênero e feminismo no Partido dos Trabalhadores. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 1998.

Publicado

2022-08-29

Como Citar

SANTOS, G. L. dos. Costuras Performativas: a mesa posta da artista Ana Fraga. Pontos de Interrogação – Revista de Crítica Cultural, Alagoinhas-BA: Laboratório de Edição Fábrica de Letras - UNEB, v. 12, n. 1, p. 71–95, 2022. DOI: 10.30620/pdi.v12n1.p71. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/pontosdeint/article/view/14999. Acesso em: 27 dez. 2024.