Apresentação
Resumo
O Opará - Centro de Pesquisas em Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação, da Universidade do Estado da Bahia, tem se consagrado como um relevante lócus de produção de conhecimentos com potencial de irradiação que se amplia com a qualificação desta sua revista. Este periódico é resultado do trabalho de muitas pessoas que, ao longo dos anos, tem investido em inovação, profissionalismo e compromisso social. Isso inclui os diferentes editores, editores adjuntos, editores de área, membros do conselho editorial, equipe executiva, mas, sobretudo é reflexo das apostas das e dos escritores e leitores deste periódico.
Os textos permitem reflexões em torno de temas como questões étnico-raciais, africanidades e produção de conhecimento. Em As contribuições dos itan da nação Ketu-Nagô para o ensino formal e o empoderamento das crianças de candomblé, João Pedro Farias parte do reconhecimento dos terreiros de candomblé enquanto espaços de formação e de produção de conhecimentos. Suas reflexões estão ancoradas no interesse de compreensão das inter-relações das crianças entre cotidiano do terreiro, convívio familiar e escola. Neste caso, educação e escolarização precisam ser entendidos enquanto processos com potenciais de articulação e de complementariedade e não de hierarquização e exclusão.
Voltando-se para autores considerados parte do chamado “pensamento social brasileiro”, a autora Stéfany Sidô Ventura analisa o uso dos termos progresso, civilização, raça e mestiçagem na obra dos pensadores como Joaquim Nabuco, Paulo Prado, Gilberto Freyre e Nina Rodrigues. Ela discute as formas pelas quais estes conceitos podem corroborar para legitimar determinadas estruturas sociais, na medida em que “não são apenas termos privilegiados da segunda metade do século XIX e da primeira metade do século XX, mas, conceitos específicos, ordenadores de sentido, que colaboram para hierarquizar, estruturar e refletir sobre a sociedade”. Intitulado História e ciência no Brasil: compreendendo a construção da narrativa histórica a partir dos conceitos de progresso, civilização, evolução, raça e mestiçagem o texto de Ventura pode contribuir para localizar historicamente as ideias destes pensadores que integram o dito cânone nacional e são representativos de um “panorama do pensamento de época”.
Se o racismo é estrutural e age sobre as subjetividades dos indivíduos as possibilidades de enfrentamento a este fenômeno perpassam diferentes caminhos. Um deles, pode ser o reconhecimento da ancestralidade e da identidade negra enquanto lugares de potência. No ensaio O lugar da identidade, da ancestralidade e da mulher negra: tessituras temáticas no conto Olhos D’água, de Conceição Evaristo, Josenéia Silva Costa está interessada nas consequências do chamado “desenraizamento cultural”, especialmente relacionado às mulheres negras. A autora está em diálogo com as discussões inspiradas pela obra Olhos D’água, bem como pela vida da própria escritora Conceição Evaristo e a expressão cunhada por esta como “escrevivência”, de modo que suas experiências também se tornam lócus de análise e de problematização.
Além dos artigos e do ensaio, há nesta edição ainda a resenha do livro Nina África: contos de uma África menina para ninar gente de todas as idades, de Lenice Gomes, Arlene Holanda e Clayson Gomes, feita por Reginaldo Silva Araújo e, na sessão “Cartografias da alma” temos também a poesia Janela de papel: instrumento de poder, de Regiane Silva de Araújo
Finalizamos esta apresentação reiterando os agradecimentos às pessoas e aos grupos que fizeram e fazem com que este canal exista, desejando que se ampliem as possibilidades de diálogo e de articulação entre grupos e pessoas interessadas na produção de conhecimentos de forma ampla, qualificada, irrestrita e gratuita.
Boa leitura!
Leandro Santos Bulhões de Jesus
Departamento de História
Universidade Federal do Ceará
Downloads
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).