Possibilidades interpretativas sobre a atualização histórica do modo de vida camponês: As particularidades do campesinato indígena Xocó

Autores

  • Avelar Araujo Santos Junior POSGEO/UFBA/CNPq
  • Guiomar Inez Germani MGEO/IGEO/UFBA

Palavras-chave:

questão agrária, território, campesinato indígena, relações de poder, capitalismo.

Resumo

Diante da complexidade dos conflitos fundiários e sociais que perpassam o meio rural e da densidade histórica desses processos, propomos, neste artigo, uma reflexão-analítica concernente aos atuais contornos da questão camponesa, com especial atenção à realidade vivida pelo povo indígena Xokó que, há mais de quatro séculos, são acometidos pelas relações de poder superpostas na Terra Xokó – antiga missão jesuítica, atualmente, Terra Indígena homologada pelo Decreto do Governo Federal n. 401 de 24/12/91, com 4.316 ha, de propriedade pertencente à União, localizada no município de Porto da Folha, no semiárido sergipano, às margens do rio São Francisco, e com 380 habitantes. Indicamos como tema central de análise a questão agrária brasileira em suas contradições, conflitos, ambiguidades, desafios e possibilidades; focamo-nos nas formas contemporâneas dos conflitos sociais que avançam sobre os modos de vida das populações indígenas de maneira a evidenciar a reprodução de um tipo social singular: o campesinato indígena. Sem perder de vista a totalidade da questão agrária, lancemos luz sobre alguns fatores sociais que particularizam o modo de produção camponês desenvolvido pelo povo indígena Xokó, percebendo o campesinato indígena como um complexo de experiências vívidas de identidades, percepções de mundo, modos de reprodução material e imaterial, estratégias e táticas de organização, focos de resistências, contestações, proposições e tradicionalidades.

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Biografia do Autor

Avelar Araujo Santos Junior, POSGEO/UFBA/CNPq

Licenciado e Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Sergipe, Mestre em “Estudios Ameríndios” pela Universidad Complutense de Madrid e Doutorando em geografia pela Universidade Federal da Bahia. É membro do Grupo de Pesquisa GeografAR - A Geografia dos Assentamentos na Área Rural (POSGEO/UFBA/CNPq) e bolsista CAPES/REUNI.

Guiomar Inez Germani, MGEO/IGEO/UFBA

Professora do Programa de Pós-graduação em Geografia MGEO/IGEO/UFBA. Pesquisadora do CNPq e coordenadora do Projeto GeografAR.

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Publicado

2013-07-01

Como Citar

Santos Junior, A. A., & Germani, G. I. (2013). Possibilidades interpretativas sobre a atualização histórica do modo de vida camponês: As particularidades do campesinato indígena Xocó. Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais E Educação, 1(1), 9–23. Recuperado de https://revistas.uneb.br/index.php/opara/article/view/ART0001