Possibilidades interpretativas sobre a atualização histórica do modo de vida camponês: As particularidades do campesinato indígena Xocó
Palavras-chave:
questão agrária, território, campesinato indígena, relações de poder, capitalismo.Resumo
Diante da complexidade dos conflitos fundiários e sociais que perpassam o meio rural e da densidade histórica desses processos, propomos, neste artigo, uma reflexão-analítica concernente aos atuais contornos da questão camponesa, com especial atenção à realidade vivida pelo povo indígena Xokó que, há mais de quatro séculos, são acometidos pelas relações de poder superpostas na Terra Xokó – antiga missão jesuítica, atualmente, Terra Indígena homologada pelo Decreto do Governo Federal n. 401 de 24/12/91, com 4.316 ha, de propriedade pertencente à União, localizada no município de Porto da Folha, no semiárido sergipano, às margens do rio São Francisco, e com 380 habitantes. Indicamos como tema central de análise a questão agrária brasileira em suas contradições, conflitos, ambiguidades, desafios e possibilidades; focamo-nos nas formas contemporâneas dos conflitos sociais que avançam sobre os modos de vida das populações indígenas de maneira a evidenciar a reprodução de um tipo social singular: o campesinato indígena. Sem perder de vista a totalidade da questão agrária, lancemos luz sobre alguns fatores sociais que particularizam o modo de produção camponês desenvolvido pelo povo indígena Xokó, percebendo o campesinato indígena como um complexo de experiências vívidas de identidades, percepções de mundo, modos de reprodução material e imaterial, estratégias e táticas de organização, focos de resistências, contestações, proposições e tradicionalidades.Downloads
Referências
BRASÍLIA, DF. Conselho Indigenista missionário (CIMI). Relatório Violência contra os povos indígenas no Brasil – dados de 2011. Brasília: CIMI, 2011.
CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. A sociologia do Brasil indígena. Rio de Janeiro, RJ: Editora Universidade de Brasília, 1978.
CARVALHO, Edgar de Assis. Pauperização e Indianidade. In: JUNQUEIRA, Carmen & CARVALHO, Edgar de Assis. Antropologia e Indigenismo na América Latina. São Paulo: Cortez, 1981.
CHAYANOV, Alexander V. Sobre la teoriade los sistemas econômicosno capitalistas. México/D.F: Cuadernos Políticos, número 5, 1975.
____________. Sobre a teoria dos sistemas econômicos não capitalistas. In:A questão agrária. GRAZIANO DA SILVA, José; STOLCKE, Verena (Org.). São Paulo: Brasiliense, 1981.
FERNANDES, Bernardo Mançano. Desenvolvimento Territorial: conflitualidade e sustentabilidade. In: FELÍCIO, Munir Jorge. A conflitualidade dos projetos de desenvolvimento rural a partir dos conceitos camponês/agricultor familiar.Presidente Prudente, SP: Colloquium Humanarum, v. 4, n.1, 2007.
HABERMAS, J. Para a reconstrução do materialismo histórico. São Paulo: Brasiliense, 1990 In: SILVA, Maria Aparecida de Moraes. Errantes do Fim do Século. São Paulo: UNESP, 1999.
HAESBAERT, Rogério. Da desterritorialização à multiterritorialidade. Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina, Universidade de São Paulo, 2005.
IANNI, Octávio. A utopia camponesa. Camponeses brasileiros: leituras e interpretações clássicas. Organização Clifford Andrew Welch [et al.].V.1, São Paulo: Editora UNESP, 2009.
ISOLDI, Isabel Araújo & SILVA, Clayton Luiz da .O espaço territorial como referência para a construção da cidadania: uma reflexão geográfic aintrodutória sobre o problema das demarcações de terras de populações “remanescentes”. Ateliê Geográfico Goiânia. Goiâna, GO: V. 1, n. 6, pg. 20-34, 2009 (periodicidade: semestral).
KAUTSKY, Karl. A Questão Agrária. Brasília: Linha Gráfica Editora (Coleção Pensamento Social-Democrata), 1998.
LADOUCEUR, Micheline. As empresas petroleiras e o assalto às terras indígenas na América Latina: os megaprojetos de gasoduto no Brasil e na Bolívia. In: ALMEIDA, Maria Geralda de & RATTS, Alecsandro JP. Geografia: leituras culturais. Goiânia, GO: Alternativa, 2003.
LENIN. V. O Capitalismo na Agricultura (O livro de Kautsky e o artigo do Senhor Bulgákow). In: SILVA, José Graziano e STOLCKE, Verena. A Questão Agrária. São Paulo: Ed. Brasiliense. 1981.
LIMA, Antonio Carlos de Souza; BARROSO-HOFFMAN, M.; IGLESIAS, Marcelo M. P.; GARNELO, Luiza; PACHECO DE OLIVEIRA, J(Org.). “A administração pública e os povos indígenas”. In: A era FHC e o Governo Lula: transição?. 1º ed. Brasília: Instituto de Estudos Socioeconômicos, 2004.
MALAGODI, Edgard. Marx e os camponeses russos. Campina Grande: Editora Raízes, Vol. 24, nº 01 e 02, 2005.
MARQUES, Marta Inez Medeiros. A atualidade do uso do conceito de camponês. Revista NERA Presidente Prudente Ano 11, nº. 12, 2008.
MARTINS, José de Souza. O Cativeiro da Terra. 3. ed. São Paulo: Ciências Humanas, 1986.
MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. Livro Terceiro: o processo global de produção capitalista. Volume 6. Tradução Reginaldo Sant’Anna. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
___________. O capital: crítica da economia política. Livro Primeiro: o processo de produção do capital. Volume 2. Tradução Reginaldo Sant’Anna. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.
OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelindo de. O campo brasileiro no final dos anos 80. In: A questão agrária na década de 90. João Pedro Stédile (coord.). Editora da UFRGS, 4 edição, 2004.
OLIVEIRA, João Pacheco de. Indigenismo e territorialização: poderes, rotinas e saberes coloniais no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro, RJ: Contra Capa, 1998.
PARKER, Ricardo Falomir. La emergencia de la identidad étnica al fin del milenio: ¿paradoja o enigma?. Alteridades: revista de Ciências Sociales e Naturales, Nº 2, 1991.
RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. São Paulo, SP: Editora Ática, 1993.
RIBEIRO, Darci. Os índios e a civilização: a integração das populações indígenas no Brasil moderno. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2002.
TEPICHT, Jerzy. Marxisme et agriculure: lepaysanpolonais. Paris: Librairie Armand Colin, 1973.
WOORTMANN, Klaas. O modo de produção doméstico em duas perspectivas: Chayanov e Sahlins. Habitus: Revista do Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia da Universidade Católica de Goiás. V. 1, n.1 – Goiânia, GO: Ed. da UCG, 2003.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).