A historiografia sem escrita e a oralidade sem palavras:
como populações tradicionais brasileiras elaboram seu passado?
Resumo
Este ensaio apresenta reflexões sobre o método histórico de investigação científica e as exclusões advindas do mesmo. Tratamos do caso do Brasil, com as populações afro-brasileiras e indígenas ganhando espaço timidamente nas pesquisas históricas ao longo do século XX. Apesar de atualmente haver diversidade de fontes no campo da História, a escrita continua sendo a chave hermenêutica para a interpretação de todo tipo de fonte para esse campo. Apontamos aqui particularmente as dificuldades da História em encontrar modos de construir compreensões históricas para estudar grupos sociais que não possuem tradição escrita. Sendo a escrita um dos marcadores ocidentais para o estabelecimento de quais grupos sociais alcançaram o status de civilização, o problema se apresenta com mais um grau de complexidade. Partindo do pressuposto que oralidade não é apenas a palavra sem escrita, apresentamos neste texto alguns exemplos de como as populações afro-brasileiras e indígenas se relacionam com o passado, refletem sobre ele e expressam essa relação em linguagens diferentes. As apropriações e modos de fazer são diversos. Sobre algumas linguagens temos ainda pouca literatura, talvez porque não só a História como todo o conhecimento científico as desconsidere enquanto linguagens. Todos os grupos humanos refletem sobre sua história e formulam explicações. Não precisam necessariamente da ciência constituída na modernidade. Entretanto, não estamos em mundos separados e a hegemonia do discurso científico impacta diretamente grupos sociais que vivem à sua margem por processos de exclusão social.
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