“A imundícia tá de calcinha”: linchamento de travesti Dandara na periferia de Fortaleza-CE, Brasil

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Resumo

O presente artigo faz uma análise de caso de linchamento seguido de morte de Dandara Ketlely, uma mulher travesti cearense, que se renomeou pelo nome social em partilha da referência de Dandara, liderança negra quilombola na luta pela libertação da escravidão. Além disso, ambas compartilham outro interessante aspecto em torno de Palmares, já que a primeira Dandara da história de lutou no mais conhecido quilombo em nosso território nacional, enquanto a segunda morava na região intitulada pelo mesmo nome localizado na periferia de Fortaleza. O caso de linchamento ocorrido ano de 2017, que segundo pesquisas sobre a violação de direitos humanos, transexualidade e comunidade LGBTTTAI+++, foi o mais violento contra essas populações nos últimos anos no Brasil. Para a realização de tal estudo, fora utilizado de material jornalístico disponível no ambiente on-line, bem como em  relatos biográficos sobre a vitimada, bem como de material audiovisual que registraram de seu martírio, e serviram de recursos para construção de um acervo sobre o caso desta análise. Assim, o objetivo central teve como foco a discussão em torno da motivação do linchamento que resultou na morte de uma mulher trans a partir da violência de gênero contra as mulheres e de membros dessa comunidade em questão. Esse artigo abarca um breve levantamento teórico e bibliográfico sobre linchamentos no Brasil, bem como realiza uma análise da conjuntura política que precede o ano de 2017, a partir do marco político do golpe ocorrido em 2016 contra a presidente eleita democraticamente, Dilma Rousseff. Esse contexto esteve marcado pelo aumento exponencial do conservadorismo e dos discursos de ódio, além dos ataques aos direitos humanos das minorias de poder. Assim, é relatada a vida de Dandara, a partir de sua trajetória de construção identitária de gênero, até a descrição e a análise de seu martírio, e os desdobramentos jurídicos do julgamento de seus algozes, nesse caso de transfeminicídio.

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Biografia do Autor

Bruno Freitas Bilitário, Centro Territorial de Educação Profissional do Piemonte do Paraguaçu I. Itaberaba, Bahia

Licenciado na graduação em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Especialista em Direitos Humanos e Contemporaneidade pela Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Foi professor substituto no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA). Atualmente atua como Professor no Centro Territorial de Educação Profissional Piemonte do Paraguaçu I em Itaberaba, Bahia. 

Rebeca Sobral Freire, Universidade Federal da Bahia, UFBA, Brasil

Cientista política, especialista, mestra e doutora em Estudos Feministas e de Gênero. Em 2017, fez estágio docente no Departamento de Diáspora e Estudos Afro-Americanos na The Ohio State University (OSU/EUA); foi pesquisadora visitante como bolsista pelo Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior - tendo a CAPES como instituição de fomento. Em 2011, foi bolsista CAPES durante o curso de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Gênero, Mulheres e Feminismos (PPGNEIM/UFBA), com intercâmbio de cooperação nacional e mobilidade acadêmica na Universidade Federal de Santa Catarina (PROCAD/UFSC), no Programa de Doutorado na Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares em Ciências Humanas. Em 2010, fez especialização em Gênero e Desenvolvimento Regional com concentração em Políticas Públicas (NEIM/UFBA). Em 2007, fez licenciatura em Ciências Sociais, com intercâmbio na Vanderbilt University (EUA) como bolsista CAPES/FIPSE; e em 2010, fez bacharelado em Ciência Política como bolsista de iniciação científica PIBIC/CNPq, ambos pela Universidade Federal da Bahia. Autora dos Livros Feminist Hip-Hop?: conventions of gender and feminisms in Salvador´s Hip-Hop movement (2020) EDUFBA; e Hip-Hop feminista? Convenções de gênero e feminismo no movimento hip-hop soteropolitano (2018) EDUFBA/Coleção Bahianas NEIM. Graduanda em Dança na UFBa a partir de 2017, é Pesquisadora Associada no Grupo de pesquisa em Dança PORRA, desde de 2019, com a produção do evento Desmonte: Seminário em Dança e Sexualidades (2019/2020). Atualmente é vice-coordenadora do Curso Marketing Político para candidaturas negras, cis e trans pelo Programa A Cor da Bahia, professora e vice-coordenadora pedagógica no Curso ABCDário em Desmonte pela Coletiva Desmonte, e Mentora ABPN no Projeto Negritude invadindo o mundo na Pós-graduação (Set 2020 - ). Pesquisadora Associada no Programa A Cor da Bahia: Programa de pesquisa e formação em relações étnico-raciais, cultura e identidade negra na Bahia (FFCH/UFBA). Pesquisadora Colaboradora no Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (FFCH/NEIM/UFBA) através do Observe - Observatório da Lei Maria da Penha - e da Feminaria Musical - Grupo de Estudos e Experimentos Sonoros. Graduanda em Dança na UFBa a partir de 2017, sendo Pesquisadora Associada no Grupo de pesquisa em Dança PORRA, desde de 2019, com a produção do evento Desmonte: Seminário em Dança e Sexualidades (2019/2020). Seus temas de interesse de pesquisa e publicações são no campo dos estudos de gênero, mulheres e feminismos; educação para as relações étnico-raciais, sexualidades e juventude; e política, arte, dança e cultura.

Ver: https://repositorio.ufba.br/ri/simplesearchquery=freire%2C+rebeca+sobral&submit=Ir;

Ver: https://independent.academia.edu/RebecaSobralFreire 

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Publicado

2020-12-31

Como Citar

Bilitário, B. F. ., & Freire, R. S. . (2020). “A imundícia tá de calcinha”: linchamento de travesti Dandara na periferia de Fortaleza-CE, Brasil. Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais E Educação, 8(12), e132003. Recuperado de https://revistas.uneb.br/index.php/opara/article/view/10504