ANCESTRALIDADE BANTU NA FICÇÃO DE LÍLIA MOMPLÉ E DE PAULINA CHIZIANE: FATORES DE LEGITIMAÇÃO DA DESIGUALDADE DE GÉNERO

BANTU ANCESTRY IN THE FICTION OF LÍLIA MOMPLÉ AND PAULINA CHIZIANE: LEGITIMATION FACTORS OF GENDER INEQUALITY

Autores

  • Cristiano Adalberto Paipo Mavangu Universidade Rovuma

DOI:

https://doi.org/10.53500/missangas.v3i7.16997

Palavras-chave:

Discurso; Resistência; Igualdade de Género; Lilia Momplé; Paulina Chiziane.

Resumo

Com o presente artigo objetivamos refletir em que medida alguns usos e costumes da ancestralidade bantu, reinterpretados em “Os Olhos da Cobra Verde”, de Lília Momplé e “Balada de Amor Ao Vento”, de Paulina Chiziane, funcionam como fatores de resistência à igualdade de género em Moçambique. O corpus das duas obras literárias, extraído por meio de leitura exploratória e metodologia indutivo-explicativa, é constituído por discursos proverbiais, cuja finalidade é formatar as mentes dos jovens visando à reprodução da cosmovisão africana. Nos referidos discursos transparece uma intenção que tende a advogar as relações assimétricas entre o homem e a mulher. No fim da análise das linhas de orientação dos vários posicionamentos discursivos, concluímos que as duas escritoras caricaturam realidades sociais bantu, dando a entender que certos valores da visão pedagógica ancestral africana entram em flagrante conflito, quer com o pluralismo de modelos fragmentados da pós-modernidade, quer com o projeto da emancipação da mulher moçambicana, facto que torna alguns valores daquela pedagogia em fator de resistência à igualdade de género.

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Publicado

2023-07-20