REFLETINDO SOBRE A AFETIVIDADE NA FORMAÇÃO DOCENTE: POR UMA EDUCAÇÃO HUMANIZADORA

Autores/as

  • Islla Santos UNEB
  • Pedro Paulo Rios Universidade do Estado da Bahia
  • Viviane Santos Universidade do Estado da Bahia

Palabras clave:

Afetividade; Formação docente; Prática docente.

Resumen

Introdução:  As relações humanas são permeadas pelo afeto. A afetividade está presente durante toda a nossa vida, em todos os âmbitos. Percebemos que desde o nosso nascimento somos cercados/as por gestos que sinalizam o afeto, e essa prática se estende até a velhice. O afeto é um sentimento imprescindível para a relação do sujeito com outros indivíduos, seja com a família, com os/as amigos/as e/ou com colegas e professores/as no ambiente escolar. Na formação docente a afetividade contribui para a construção da identidade profissional do/a universitário/a. A troca de afeto entre o/a docente em formação com o/a professor/a e/ou com os/as outros/as colegas possibilita o seu desenvolvimento pessoal e intelectual durante o processo de formação. Essa troca posteriormente implicará na prática do/a professor/a em sala de aula, e no método de ensino utilizado por ele/a no processo de ensino-aprendizagem. Este estudo tem sua relevância uma vez que, a afetividade está presente em todos os aspectos da nossa vida. Refletir sobre essa temática é colaborar para com uma sociedade mais justa, sensível e humanitária que entende a importância do afeto para o desenvolvimento da autoestima, confiança e autonomia dos indivíduos (WALLON, 1968). É relevante discorrer sobre afetividade uma vez que possibilita construir uma educação inovadora e significativa. À medida que o/a professor/a em formação compreende o papel do afeto nas relações estabelecidas entre os indivíduos, ele/a percebe o quanto é importante a presença da afetividade na interação com e/ou entre/ seus/suas alunos/as. Objetivo: Analisar a importância da afetividade para a prática e formação docente, a partir das narrativas autobiográficas. Metodologia: O presente estudo se caracteriza como pesquisa de caráter qualitativo, movido pelo interesse de buscar uma compreensão detalhada dos dados e informações apresentadas pelas colaboradoras da pesquisa. Com base nisso, optamos por essa metodologia, sobretudo, porque ela permite o aprofundamento e a complexificação do tema. A abordagem qualitativa preocupa-se em responder questões muito particulares, e, portanto, possibilita que aconteça uma análise aprofundada da realidade dos fatos, das relações e dos processos, o que resulta em uma compreensão minuciosa dos aspectos e questões relacionadas à temática (MINAYO, 2004). O tipo de pesquisa utilizada neste estudo foi a narrativa autobiográfica, a qual tem o intuito de formar elementos de análise que possibilitam a compreensão subjetiva de determinado indivíduo e/ou situação que esteja envolvido/a, permitindo trabalhar o passado e o presente de cada pessoa a partir das suas lembranças e experiências (SOUZA, 2006). Essas narrativas possibilitam que aconteça uma compreensão singular, e ao mesmo tempo universal, uma vez que a narração dos fatos presentes na história de uma pessoa podem também fazer parte da história de vida de outras. Em se tratando do instrumento de pesquisa, foi utilizada a narrativa, com o intuito de coletar informações sobre a relação da afetividade com o processo de formação docente. As entrevistas foram realizadas por meio de um questionário enviado pelo aplicativo Whatsapp, que possibilita a troca de mensagens instantâneas de texto e chamadas de voz gratuitamente por meio de uma conexão com a internet, além do compartilhamento de documentos, vídeos e fotos (WHATSAPP, 2019), levando em conta o distanciamento social decorrente da pandemia da Covid-19. As entrevistas aconteceram em abril de 2021, de modo que o/as docente/s em formação tinham seu próprio prazo para a devolução das perguntas. Partindo dessa perspectiva, é pertinente ressaltar, que no que diz respeito ao/às colaborador/as da pesquisa optei por atribuir nomes fictícios, pois é importante preservar e garantir o anonimato das pessoas envolvidas na investigação uma vez que no seu decorrer os/as colaboradores/as possam trazer informações que de alguma forma sejam capazes de comprometê-los/as (CHAUI, 2006). Portanto, durante as análises chamei as pessoas entrevistadas por nomes de flores, sendo eles: Antúrio, Íris e Azaleia. Resultados: A troca de afeto que acontece com a interação no âmbito educacional é essencial para a formação docente. Através da convivência com outras pessoas o/a educando/a sente diretamente o efeito de afetar e de ser afetado pelo/a outro/a, e essa interação vai contribuir para o desenvolvimento pessoal e profissional de ambos/as e a forma de como vão interagir com o mundo. Como assegura Wallon (1975, p.159): “O eu e o outro constituem-se, então, simultaneamente, a partir, de um processo gradual de diferenciação, oposição e complementaridade recíproca”. Desse modo, o desenvolvimento acontece de forma gradativa e a aprendizagem se constitui na medida em que as pessoas interagem uns/umas com os/as outros/as. Nessa perspectiva, sobre a presença da afetividade no seu processo de formação, o docente Antúrio (2021) afirma: “Estou diretamente inserido nesta relação de troca de afeto em minha formação, vivendo cotidianamente os efeitos (sejam positivos, sejam negativos) do afetar e ser afetado”. Durante o processo de formação o/a educando/a vive diariamente a experiência de afetar e ser afetado positivamente ou não. Essa interação é essencial para a formação docente, visto que contribui para o amadurecimento pessoal e profissional dos/as discentes, sendo indispensável à interação social para o desenvolvimento de cada indivíduo.  Sabemos que uma prática pedagógica permeada por gestos sinalizadores de afeto é também indispensável para a relação de ensino-aprendizagem, na formação de professores/as não é diferente. Uma vez que ela vem acompanhada de sentimentos como a apreciação e valorização do/a outro/a, há uma chance maior de desenvolvimento. Quando o/a docente em formação é orientado/a por professores/as que acreditam no seu potencial, na sua capacidade de ser um/a bom/a profissional, que enfatizam a importância do seu lugar no mundo, ampliam-se as possibilidades de desenvolvimento da autonomia e autoestima do/a educando/a. Partindo desse pressuposto, a entrevistada Iris (2021) sobre a afetividade na formação docente ressaltou: É inevitável não criar laços afetivos na convivência no dia a dia, e a relação entre professor e aluno deve ser agradável e afetiva, pois a afetividade é influenciadora na relação de ensino aprendizagem e consequentemente é a responsável pela boa convivência. A docência é para além de uma formação, é um ato de amor. Os gestos afetivos fazem toda a diferença na aprendizagem e desenvolvimento dos/as educandos/as. Na medida em que o/a professor/a e os/as estudantes compartilham sentimentos positivos uns/umas com os/as outros/as no ambiente escolar estão contribuindo para uma educação significativa e para o desenvolvimento positivo dos indivíduos. Seguindo nessa perspectiva, Azaleia (2021) na entrevista disse que: “ter momentos afetivos durante a formação nos faz carregar lições para o resto da vida, e são estas lições que nortearão nossas escolhas”. Partindo dessa narrativa, compreendemos que as influências afetivas presentes ou ausentes no processo de formação do/a docente se refletirão também na sua prática. Desse modo, o/a professor/a quando entende a relevância do afeto para a formação, constrói sua prática pedagógica pensando em situações que incentivem a presença da afetividade na interação docente-discente e discente-discente no convívio do ambiente escolar. Em suma, as influências afetivas na formação de professores/as contribuem para a construção de um/a profissional que valoriza a interação, o diálogo, os gestos afetivos e que compreende a importância da troca de experiências para aprendizagem e para o desenvolvimento no ambiente escolar. Nesse sentido, é importante que durante o processo de formação, o/a educando/a viva experiências de troca de afeto para que perceba a importância de inserir a afetividade na sua prática docente. Conclusão:  O presente trabalho me possibilitou ver a “afetividade” por outro ângulo, uma vez que associava apenas às emoções e aos sentimentos. Nesse sentido, pude compreender que a afetividade não se configura apenas como gestos sinalizadores de afeto, mas também como ação de afetar e ser afetado na interação entre indivíduos. Por conseguinte, considero importante o estudo dessa temática principalmente para professores/as em formação e para professores/as já atuantes. É importante ressaltar que nas entrevistas que realizei notei por parte do/as entrevistado/as pouco conhecimento sobre este tema, principalmente a sua relação com o processo de formação docente o qual está/estão inserido/as atualmente. Nessa perspectiva, pretendo aprofundar os meus estudos sobre a temática “afetividade na formação e prática docente” com a finalidade de compreendê-la melhor e garantir mais informações sobre ela, visando ajudar pessoas que assim como eu buscam aprofundar seus conhecimentos sobre os aspectos que envolvem a afetividade.

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Citas

CHAUI, M. Convite à Filosofia. (13a ed.). São Paulo: Ática, 2006.

MINAYO, M. C. S. (Org.); DESLANDES, S. F.; NETO, O. C.; GOMES, R. Pesquisa Social: Teoria, Método, e Criatividade. Petrópolis: Editora Vozes, 2004.

SOUZA, E. C. S. (Org.). Autobiografias, Histórias de vida e Formação: pesquisa e ensino. Porto Alegre: EDIPUCRS; Salvador: EDUNEB, 2006.

WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Tradução de Ana Maria Bessa. Edições 70, 1968.

WALLON, H. (1973/1975). A psicologia genética. Trad. Ana Ra. In. Psicologia e educação da infância. Lisboa: Estampa (coletânea).

WHATSAPP. Internet, 2019. Disponível em: https://www.whatsapp.com/about/ .Acesso em 11 de maio. 2021.

Publicado

2022-11-14

Cómo citar

Santos, I., Rios , P. P. ., & Santos , V. (2022). REFLETINDO SOBRE A AFETIVIDADE NA FORMAÇÃO DOCENTE: POR UMA EDUCAÇÃO HUMANIZADORA. Encontro De Discentes Pesquisadores E Extensionistas, 1(01), e202222. Recuperado a partir de https://revistas.uneb.br/index.php/edpe/article/view/15499