RELATO DE EXPERIÊNCIA DA EXTENSÃO DE UM PROJETO DE ZOOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

Autores

  • Brendo Silva Universidade do Estado da Bahia
  • Rosana Peixoto Universidade do Estado da Bahia

Palavras-chave:

zoologia, extensão, educação

Resumo

Introdução: O desenvolvimento do projeto “Combate ao tráfico de animais silvestres através do ensino de zoologia/educação ambiental/extensão nas escolas”, de autoria da professora Rosana da Silva Peixoto, pretende levar ao conhecimento dos discentes o que é o tráfico de animais silvestres e os danos ao meio ambiente causados por esta atividade ilícita, aborda também a fauna existente na caatinga e a importância desta para o ecosssistema, enfocando aquelas mais comercializadas pelo tráfico. O projeto tem enfoque em alunos do Ensino Fundamental II, que envolve os aluno de 6° ao 9° ano e para os alunos do Ensino Médio, que envolve 1° ao 3° ano. O referido relato vai abordar, na perspectiva do monitor voluntário de extensão do laboratório de Zoologia (LABZOO) da Universidade do Estado da Bahia, a experiência em sala de aula com discentes do Ensino Médio de uma escola pública estadual localizada na região do Piemonte Norte do Itapicuru na cidade de Senhor do Bonfim-Ba. Bastos (2013) afirma que o ensino ainda se opera de forma muito tradicional. Muitas vezes, os métodos de ensino utilizados para a abordagem de determinados temas não tem ajudado significativamente o escolar em seu processo de aprendizagem. No entanto, existe um esforço maior em conseguir mudar essa situação, principalmente por parte dos professores. Dessa forma, a utilização de recursos didáticos mais lúdicos neste projeto de extensão teve como função facilitar a compreensão e atiçar a curiosidade dos alunos como uma maneira de auxiliar a didática do docente regente e ainda agregar informações valiosas que serão repassadas pelos discentes futuramente. Então, o desenvolvimento desse trabalho se trata, de um estudante extencionista que ficou no dever de levar as informações mais importantes e relevantes sobre o que é o tráfico de animais silvestres, utilizando uma metodologia que recorre a ludicidade além da explanação oral para obter melhor participação dos discentes e consequentemente ampliar a possibilidade de conscientização sobre as consequências do tráfico. Objetivo: Relatar sobre a experiência do monitor de extensão durante a aplicação do projeto de extensão sobre Tráfico de Animais Silvestres em cinco turmas do ensino médio de uma escola pública em Senhor do Bonfim-Ba. Metodologia: Em reunião com a professora da escola parceira do projeto, ficou decidido desenvolver as atividades nas turmas de 2° ano do Ensino Médio, sendo cinco turmas diferentes. Após a autorização da direção foi feita a verificação da disponibilidade da escola e da professora regente da turma. Então, a partir de toda a verificação e aprovação foi feita a construção do planejamento pelo extencionista em conjunto com a professora regente da escola. A preparação do material, que envolvia: projetor, painel, banner e jogos, foi previamente passado pela correção, autorização e validação da professora orientadora do projeto. Inicialmente foi estabelecido que a execução do projeto seria realizado em dois encontros por turmas ou seja, 10 encontros ao total. Mas ao conversarmos com a professora regente, foi descoberto alguns impasses que viriam afetar diretamente na aplicação de todo o projeto, uma delas e a que mais preocupou, foi a questão do tempo ser bem reduzido, outro fato é devido a sala de projeção ficar em outro andar das salas de aula. Então, com todos esses impasses aumentou-se para quatro encontros semanais. Ficando dividido da seguinte forma: 1º encontro – Abordou-se a temática introdutória para que os alunos tivessem um primeiro contato com o assunto que foi discutido e aprofundado ao longo dos encontros; 2º encontro – Realizou-se uma atividade lúdica com os discentes da escola através de um “quiz” e um jogo interativo para a fixação e discussão do assunto; 3° encontro - Foi desenvolvido um projeto de intervenção pelos próprios discentes para a melhor resolução da problemática temática que é o tráfico de animais silvestres; 4° encontro - Os discentes de cada turma apresentaram para toda a sala para que houvesse a culminância desses projetos feitos pelos próprios. Resultados e Discussões: Após a finalização das atividades, ficou claro que a divisão das atividades em quatro encontros por turma foi a decisão mais coerente a ser tomada. Ao chegarmos na escola as 7:30h da manhã, aguardei na sala dos professores para poder esperar o horário para entrar na primeira turma. Tentando não deixar o nervosismo transparecer, já que seria a primeira vez que estaria cara a cara com os alunos, seria o primeiro contato com os alunos daquela escola. E foi muito legal sentir o apoio dos professores e funcionários naquele momento pois era a escola que eu já havia estudado e agora voltando no papel de docente. A hora chegou, iniciou-se então a primeira turma, com a duração de aula bem reduzida, tentei passar o conteúdo de uma maneira simplificada mais com as informações mais importantes, os alunos daquela turma pareciam estar gostando do conteúdo, interagiam bem e faziam perguntas bem interessantes e pertinentes. O rosto dos alunos, com o brilho no olhar e a sensação de descoberta era animador e a sensação de estar ensinando e os ajudando a entender sobre um assunto é incrível. Após o primeiro momento com a primeira turma, sucedeu-se o mesmo com todas as outras quatro turmas restantes. Apenas um destaque negativo para a última turma nesse primeiro encontro, pois muitos alunos foram embora e não assistiram a palestra. Logo depois desse dia, o entusiasmo tomou conta, pois aparentemente, todos haviam gostado e proferiam muito elogios, o que foi um incentivo para continuar e ainda com mais vontade para chegar nas próximas etapas. Passaram os dias, e logo chegou o momento do segundo encontro, na segunda semana, onde iria dar continuidade ao que foi iniciado anteriormente. Nessa etapa, foi sugerido um quiz de “Fato ou Fake”, onde foi projetado algumas informações e os alunos deviam responder se eles concordavam com aquela informação, se fosse verdadeira, eles falavam Fato e se fosse ao contrário, falavam Fake. Essa atividade foi desenvolvida para que os alunos pudessem relembrar o que foi passado no encontro anterior e para que eles pudessem fixar de um maneira simples e rápida o assunto determinado, e foi bom saber que a maioria dos alunos tinham gostado e prestado atenção, já que a maioria acertou. O terceiro e penúltimo encontro, deu-se com a realização de uma atividade escrita onde os alunos desenvolveram maneiras de intervir no tráfico de animais silvestres, além de falarem como se sentiam ao saber como ocorre o processos de tráfico ou até mesmo desenhos feitos de habitats que eles conheciam e até mesmo escrever poemas ou versos rimados sobre a temática delimitada. Essa etapa foi muito importante para mim, como estudante e futuro professor, pois conseguimos perceber e avaliar os esforços tidos por cada aluno, em cada turma. Ainda foi notável perceber o carinhos que todos eles tinham em relação as atividades propostas e o resultado ficou incrível, cada um colocou sua personalidade e sua criatividade nos resultados dessa atividade. Um dos grupos inclusive, superou todas as expectativas, eles brincavam muito e eram tidos pelos colegas como bagunceiros e/ou indisciplinados, mas o resultado tido por eles impressionou bastante, com belíssimas ideias e uma grande disposição em concluir aquela proposta com um bom êxito. O quarto e último encontro, foi o da despedida de todos os alunos pois seria a última vez que nos encontraríamos, e não foi uma tarefa fácil pois a intimidade e o carinho já estava sendo estabelecido de ambos os lados. Nessa etapa conclusiva foram apresentadas as intervenções escritas pelos alunos, foi lida em voz alta por todos e houve uma rápida interação entre eles, logo depois avisei que não poderia estar indo mais ao encontro deles, pois no planejamento já tínhamos cumprido com as quatro aulas/encontros. Avisei a eles da importância da educação, e de valorizar os professores que estão ali com eles diariamente. Bordieu (1987) refere-se a educação como material e/ou ferramenta que transforma, então ao falar sobre educação e ensino com os discentes da escola, queria que eles tivessem a noção dessa importância de sempre estar estudando, valorizando o profissional da educação que ali está e sempre buscar a melhoria para suas vidas. Foi perguntado a eles sobre dar opiniões e sugestões para melhorias futuras e todos eles disseram que a metodologia utilizada foi ótima e que não precisaria ser feita nenhuma outra alteração. Dessa forma, foi encerrado o ciclo com os alunos dessa escola, a vontade de ficar e continuar com os mesmos alunos era muito grande mas o conhecimento deve ser passado para mais escolas e para mais alunos e novos projetos devem ser realizados para que o conhecimento seja difundido por toda a sociedade. O objetivo do projeto foi alcançado, a escola, a coordenadora e a professora regente foi de muita ajuda e sempre com disposição em ajudar, com muito apoio. Sem contar com os alunos que demonstraram bom comportamento, interagiram e deram muita atenção. Alguns dos discentes já manifestaram o interesse em combater o tráfico de animis silvestres e ainda manifestaram entendimento da diferença entre as Araras e entre animais silvestres e animais domésticos, apontaram algumas características necessárias para serem considerados. E ainda indicaram locais prováveis onde poderiam existir esta atividade ilícita. As propostas de intervenção dos alunos foram coletadas para posteriormente serem feitos trabalhos e desenvolver ações baseadas naquelas intervenções, além de ser um material para ser guardado de recordação pelo laboratório na Universidade e ser feitos mais outros relatos como esses. Conclusão: Tornou-se evidente a necessidade e importância de participação nas atividades extensionistas que são promovidas pela Universidade, esta experiência possibilitou uma reflexão crítica sobre as estratégias de ensino e o contato com os alunos. A boa recepção sobre a discussão de um tema tão importante para a conservação do meio ambiente motiva a continuar com o trabalho. Esse relato e vários outros de vivência em uma sala de aula, faz com que todo o desenvolvimento de formação docente, ocorra de maneira plena, pois este contato com os alunos em sala de aula ainda durante a minha formação é essencial para o meu preparo como profissional, no que diz respeito a metodologia, didática e até organização de planejamento no sistema educacional.

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Referências

BASTOS, P. S. Metodologias e estratégias para o ensino de Zoologia. In: Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora, como exigência parcial para a obtenção de título de Licenciado do Curso de Licenciatura em Ciências Naturais, da Faculdade UnB Planaltina, sob a orientação do Prof(a). Dr(a). Elizabeth Maria Mamede da Costa.p.14,2013.

BORDIEU, P. Coisas ditas. São Paulo: Brasiliense, 1987.

Publicado

2022-11-14

Como Citar

Silva, B., & Peixoto, R. . (2022). RELATO DE EXPERIÊNCIA DA EXTENSÃO DE UM PROJETO DE ZOOLOGIA NO ENSINO MÉDIO. Encontro De Discentes Pesquisadores E Extensionistas, 1(01), e202219. Recuperado de https://revistas.uneb.br/index.php/edpe/article/view/15489