ARTE, DINÂMICAS E JOGOS COMO MEIO DE POTENCIALIZAR O INTERESSE NA LEITURA E ESCRITA.

Autores

  • Marcos Vinicius Cavalcante Dos Santos Universidade do Estado da Bahia
  • Edilane Carvalho Teles Universidade do Estado da Bahia

Palavras-chave:

Jogos e Atividades Lúdicas, Crianças/Adolescentes em Condição de Vulnerabilidade Social, Educação e Comunicação, Dinâmicas de Aprendizado;, Literatura Infantil, Música, Dança, Alfabetização, Letramento

Resumo

Introdução: Considerando a Educom como um campo em emergência, por se tratar de um conceito que surge da interface entre a “Educação” e “Comunicação”, e por ainda está em processo de formação, pode-se pensar que de fato todo projeto que surgir com uma temática Educomunicativa, vai ser algo relativamente novo e que possivelmente nunca se tenha visto antes, levando em consideração, que a Educom tem o intuito de promover uma intervenção social, pode-se dizer que cada projeto de Educom será único, pois cada um traz consigo aspectos específicos que serão trabalhados mediante as demandas que surgem no campo de atuação do projeto. Dentro desta perspectiva a aplicação de atividades recreativas, dinâmicas lúdicas, jogos alfabetizadores e expressões artísticas podem se enquadra como trajeto metodológico que pode ser seguido para a criação de tal projeto de cunho Educomunicativo, atentando para o fato de que um projeto de Educom se inicia com o levantamento de demandas e tendo em foco o público alvo que deve estar em sintonia com quem está à frente do projeto, pois se cria um vínculo que será necessário para que os encontros ocorram de forma que os dois lados saiam em beneficio, pois quem está à frente do projeto vai estar experimentando algo completamente novo, que nunca foi visto antes, e será benéfico para a sua formação, e o público alvo estará sendo inserido em uma prática que tem como intuito de ampliar seu senso crítico e criativo, atentando para a hipótese de que um projeto como este se faz necessário pois traz elementos de solidariedade e cidadania. Objetivo: o projeto realizado teve a intenção de fazer com que as crianças tivessem um melhor desempenho na leitura e escrita, pendendo para as crianças que ainda não sabem ler e escrever, e com os(as) adolescentes que se faziam presente no local, surge a ideia da arte como temática para as ações, levando em consideração tudo que eles(as) apresentaram como desejos apontados no primeiro encontro do projeto, através de uma dinâmica que proporcionou um levantamento de demandas, trazido pelos próprios envolvidos no projeto, onde a alfabetização foi tomada pelos menores como uma proposta de intervenção e os (as) maiores levantaram a proposta da arte como forma de lidar com seus sentimentos e repressões. Metodologia: Este projeto se realizou através de intervenção social para com a instituição “Unidade de Acolhimento Messe do Amor &  Rosa Menina“, tendo como público alvo as crianças/adolescentes desta instituição; foram aplicadas atividades ludo-educativas que pudessem potencializar o grau de alfabetização e letramento, através de jogos, dinâmicas e atividades pedagógicas, que também tiveram como função, incentivar o interesse das crianças/adolescentes na leitura e no aprendizado e também foi trabalhado com eles(as) oficinas artísticas e culturais (música, teatro, dança, canto, etc...), com a intenção de serem estimuladas acerca da percepção, a sensibilidade, a cognição, a expressão e a criatividade, e que eles(as) tenham uma ampliação dos horizontes sociais, culturais e artísticos. Resultados: Com o término deste projeto, é perceptível que ocorreu uma potencialização do interesse das crianças/adolescentes na leitura e escrita através dos jogos e dinâmicas lúdicas aplicadas, e a forma como a arte foi utilizada como uma tecnologia capaz de canalizar as emoções e sentimentos de repressão e exclusão. Em continuidade, destaca-se deste projeto os seguintes pontos: a experimentação e reflexão dos percursos dos jogos e atividades lúdicas voltadas para a alfabetização e o letramento; a vivência da arte como forma de comunicação e linguagem através de oficinas artísticas, voltadas para o canto, a dança e a pintura; e a percepção da leitura de histórias infantis e diversos gêneros textuais como meio de interação entre eles e como forma de chamar a atenção ao letramento. Conclusão: Levando em consideração que a infância é a fase mais importante de uma pessoa, o que se vivencia em um ambiente turbulento e/ou violento, pode afetar de forma psicológica ou social o crescimento deste indivíduo, então a pergunta que fica é “O que pode ser feito como intervenção para amenizar o sofrimento destas pessoas, de forma que não sejam mencionadas questões de abandono parental e/ou dificuldades encontradas na vida destas crianças/adolescentes?”. Diante disso, As Unidades de Acolhimento funcionam como moradia provisória até que a pessoa acolhida possa retornar à família de origem ou, quando for o caso, encaminhada para família substituta ou, ainda, até que tenha condições de se manter por conta própria. (Ministério da Cidadania, 2022, p. 1) Deve-se compreender que quando um indivíduo passa por certas situações de abandono parental, assédio sexual, violência doméstica, etc..., seu desempenho cognitivo pode ser comprometido, tendo assim crianças/adolescentes com dificuldades de concentração, compreensão, entre outras sequelas que podem ser geradas por causa do(s) trauma(s) da infância, por consequência disso, podemos ter em mente que a alfabetização dada por meio de jogos e dinâmicas lúdicas é uma boa estratégia para esse tipo de abordagem. Marjorie Agre Leão, acredita que: O uso de jogos pode despertar nas crianças a motivação, a expressividade, a imaginação, a linguagem comunicativa, a atenção, a concentração, o raciocínio lógico, e podem englobar diferentes áreas do conhecimento, por isso constitui-se em um recurso de ponta no processo de alfabetização/letramento. A criança demonstra, a partir do lúdico e da brincadeira, interesses e gostos, desenvolve suas emoções e sua expressividade, a capacidade de resolução de problemas e desafios, construindo, assim, sua identidade; é uma coisa séria e não algo para “passar o tempo”, como muitos equivocadamente pensam (LEÃO, 2015, p. 650). Se tratando da arte como tecnologia de transformação social, pode-se salientar que a forma de como ela é abordada no ambiente, pode-se esperar que ocorreram mudanças das mais variadas formas, desde comportamento, humor, senso de criatividade, a maneira de como nos vemos e como vemos o mundo ao nosso redor, etc... Dando ênfase a uma questão que também se faz importante na construção e aplicação deste projeto, a leitura de histórias infantis, que se mostram como meio de comunicar às crianças sobre conflitos internos que nem elas mesmas estão cientes, assim como Bettelheim vai discorrer no livro “A Psicanálise dos Contos de Fadas”, ele também explana que a criança ao ser inserida na leitura deste tipo de livro, vai fazer com que elas se insiram dentro da história e desta forma irão aprender como lidar com seus conflitos internos e dramas pessoais. Por fim, pode-se perceber que se tratando da alfabetização através de jogos e dinâmicas lúdicas e a arte como catalisador emocional, são estratégias que vão auxiliar na construção de uma intervenção social, que coloca as crianças/adolescentes como protagonista das ações realizadas desde a criação até a finalização do projeto, e também trará uma mudança social significativa na vida delas e na formação do grupo que estará mediando o projeto.

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Biografia do Autor

Marcos Vinicius Cavalcante Dos Santos, Universidade do Estado da Bahia

Graduando do Curso de Licenciatura em Pedagogia na Universidade do Estado da Bahia, membro dos grupos de pesquisa Educere e Polifonia.

Edilane Carvalho Teles, Universidade do Estado da Bahia

Graduada em Pedagogia, Mestre em Educação e Contemporaneidade, Doutora em Comunicação e Coordenadora do Grupo de Pesquisa: Polifonia, UNEB – Juazeiro/BA.

Referências

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. 41ª ed. São Paulo: Paz e Terra,

BOTTON, Alain, ARMOSTRONG, John. Arte Como Terapia. 1ª ed. Rio de Janeiro:

Intrínseca, 2014.

BRASIL. Ministério da Cidadania. Secretaria de Assistência Social. Disponível em:

https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acesso-a-informacao/carta-de-servicos/desenvolvimento-

social/assistencia-social/unidade-de-acolhimento-1.Acesso em: 11/05/2022

SOARES, Ismar de Oliveira. Educomunicação: um campo de mediações. In: CITELLI,

Adilson Odair; COSTA, Maria Cristina Castilho. (Orgs.). Educomunicação: construindo uma

nova área de conhecimento. São Paulo: Paulinas, 2011. p. 13-29 (Coleção

educomunicação)

LEÃO, Marjorie Agre. A utilização dos jogos pedagógicos como ferramenta auxiliar no

processo de aquisição da escrita. Drª Juliana Bertucci Barbosa. 2015. p. 647-655.

Dissertação (Mestrado) - Profletras, São Paulo: Unesp – Assis/Araraquara.

Publicado

2022-11-14

Como Citar

Santos, M. V. C. D., & Teles, E. C. . (2022). ARTE, DINÂMICAS E JOGOS COMO MEIO DE POTENCIALIZAR O INTERESSE NA LEITURA E ESCRITA. Encontro De Discentes Pesquisadores E Extensionistas, 1(01), e202218. Recuperado de https://revistas.uneb.br/index.php/edpe/article/view/15480