Negras intelectuais e ensino de psicologia: epistemicídio e representatividade
DOI:
https://doi.org/10.36112/issn2595-1890.v5.i7.p67-76Palavras-chave:
Representatividade, Epistemicídio, Negras intelectuais, Ensino de Psicologia, RacismoResumo
Apesar da importância da população negra para o desenvolvimento da ciência, o seu reconhecimento foi sendo apagado sistematicamente da história, como um processo de epistemicídio. Este estudo buscou debater a representatividade de negras intelectuais no ensino curricular dos cursos de psicologia. Realizou-se um questionário on-line voltado para profissionais e estudantes de psicologia no qual se indagou questões sobre presença das negras intelectuais nas bibliografias das graduações. Revelou-se a pouca presença de docentes negras nas universidades e nas bibliografias. Os respondentes acessam debates raciais e conteúdos produzidos por cientistas negras em espaços alternativos, como palestras. Essa ausência de representatividade incide na motivação acadêmica e na afiliação universitária. Conclui-se ser importante delinear um ensino de psicologia que contemple saberes expressos por mulheres negras, de modo a romper com posições de inferiorização impostas pela estrutura racial brasileira.
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