Travestismo: um corpo queer no espaço literário

Autores

  • Jaqueline Santana Santos Universidade do Estado da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.69969/revistababel.v2i2.961

Palavras-chave:

Identidade, Travestismo, Escrita literária

Resumo

Ao analisar e comparar o romance “Orlando: a biography” de Virgínia Woolf (1928) e o conto “Triunfo dos Pelos” da escritora Aretusa Von (2000), vencedor do concurso de contos organizado pelo selo Edições GLS (Grupo Editorial Summus) podemos entender como acontece à fragmentação da identidade do sujeito através do travestismo das personagens em ambas narrativas. As personagens das obras analisadas vivem suas identidades transitórias, as diversas formas de sexualidade, mas a posição de cada uma delas na sociedade ganha rumos diferentes devido às diferenças históricas, culturais, sociais e temporais. Ao estabelecer um diálogo entre os cruzamentos do masculino e do feminino e das relações socioculturais das narrativas, podemos compreender as relações entre linguagem e sociedade, supremacias ideológicas que através dos sistemas: jurídico, religioso, educacional e jornalístico produzem comportamentos, valores, a exemplo da imposição do sujeito, enquanto homem ou enquanto mulher em um determinado lugar, espaço como uma maneira de afirmar a autenticidade de gênero enquanto binário, dentre outros fatores a serem analisados no decorrer deste trabalho. O termo “travestimento” costuma ser utilizado para explicar a mudança de identidade de uma personagem quando esta se veste ou se disfarça com roupas do sexo oposto. De acordo com Sarduy (1979) travestir vem a ser, também, o ato de “vestir-se para aparentar ser”. Em ambas as narrativas as personagens confirmaram a imposição de gênero enquanto binário, mas em “Orlando” o sujeito não sendo homem deveria ser mulher, a rede cultural que tecia aquela sociedade, buscava a unicidade desse sujeito. Em “Triunfo dos Pelos” a partir da fragmentação da identidade da personagem, pode-se perceber que a personagem buscava a identidade do outro, sem tampouco negar a autenticidade da sua própria identidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Jaqueline Santana Santos, Universidade do Estado da Bahia

Graduanda do curso de Letras, Licenciatura em Língua Inglesa e Literaturas da Universidade do Estado da Bahia -UNEB, campus II.

Referências

BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: A vontade de Saber. Petrópolis: Vozes, 1999.

______________. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 30. ed. Petrópolis: Vozes, 2005.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade, tradução Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro: Rio de Janeiro: DP&A, 1998.

KULICK, Dom. Travesti: prostituição, sexo, gênero e cultura no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2008.

SARDUY, Severo. Escrito sobre um corpo. São Paulo, Perspectiva, 1979.

VON, Aretusa. Triunfo dos pêlos. In: Triunfo dos pêlos e outros contos gls. São Paulo: Summus, 2000.

WOOLF, Virginia. Orlando. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1928.

Downloads

Publicado

31.12.2012

Como Citar

SANTOS, J. S. Travestismo: um corpo queer no espaço literário. Babel: Revista Eletrônica de Línguas e Literaturas Estrangeiras, Alagoinhas, BA, v. 2, n. 2, p. 13–24, 2012. DOI: 10.69969/revistababel.v2i2.961. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/babel/article/view/961. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

SEÇÃO LIVRE