A ANÁLISE COGNITIVA: UM OLHAR SOBRE DIFERENTES ÂNGULOS

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Juçara Freire Santos

Resumo

[1]Juçara Freire dos Santos

 

           Eixo Temático: Difusão do Conhecimento – Informação, Comunicação e Gestão 

 

 

O artigo apresenta a minha vivência na disciplina Análise Cognitiva I. O objetivo do artigo é explicitar a experiência, o processo de levantamento e análise dos artigos nas bases de pesquisa do Periódicos da CAPES e como vem se construindo a trajetória do conhecimento em relação à análise cognitiva. Levantei dados referentes à construção do conhecimento sobre análise cognitiva bem como do seu campo de atuação em diferentes ângulos, apresento a pesquisa realizada e a análise dos dados relacionados aos artigos das bases de pesquisa do Portal da CAPES. A referência que faço do olhar sobre diferentes ângulos, tem o sentido não de qualquer olhar, mas no “olhar” perceptivo, e que mira em várias direções como a interdisciplinaridade dos estudos cognitivos. O campo de atuação da Análise Cognitiva como foco de investigação tem sua construção de forma coletiva e pioneira numa trajetória que envolve a Universidade Federal da Bahia e pesquisadores de diferentes instituições, em iniciativas como o Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Currículo, Ciência e Tecnologia (NEPEC), a Rede Cooperativa de Pesquisa e Intervenção em (In)formação, Currículo e Trabalho (REDPECT), a Rede Interativa de Pesquisa e Pós-graduação em Conhecimento e Sociedade (RICS) e a criação do grupo de pesquisa em Conhecimento: Análise Cognitiva, Ontologia e Socialização (CAOS). Esses estudos organizaram a instituição de linhas, formação de grupos, núcleos e redes de pesquisa, promovendo o envolvimento e intercâmbio de pesquisa no Brasil e no exterior. A ampliação do campo empírico das pesquisas para diversos espaços sociais, em experiência onde se propunha a intencionalidade de lidar com o conhecimento para a (In) formação do trabalhador, adveio dos resultados dos estudos realizados, explica Burnham (2012), passou-se a delinear como significativos os espaços sociais de aprendizagem construídos fora do espaço formal escolar.  Essa é uma constatação observada, mas também a de que o conhecimento escolar já não era reconhecido como os mais importantes para as suas vidas. As descobertas evidenciadas em duas pesquisas realizadas, serviram de suporte acionador para as pesquisas desde 1996, estendendo - se à concepção da (REDPECT), que ocorreu em 1997 abrangendo diversificados espaços sociais numa perspectiva de socializar o conhecimento. Com base em Burnham (2012), os referidos espaços sociais passaram a ser definidos como Espaços Multirreferenciais de Aprendizagem (EMA), cujo conceito vem de um processo de construção orientado pela análise cognitiva. Mas uma pergunta se faz ativa: o que é mesmo análise cognitiva? Desvendar essa resposta me perseguia, o entendimento se fazia necessário para a compreensão e o disparar da pesquisa. A entrevista realizada por Jocelma Almeida Rios da Unisul com a Profa.  Teresinha Fróes Burnham, em 2012, foi elucidativa à questão.  Ao ser mencionada sobre uma possível definição para a análise cognitiva, a autora refere-se ao seu temor por uma definição, devido à ideia de aprisionamento que uma definição traz. Refere-se também a um certo equívoco no uso do termo, haja vista tratar-se de uma análise de tarefa, uma análise semântica, uma análise de discurso, uma análise textual, que mesmo caracterizando-se como métodos de análise cognitiva, segundo a autora, “parece faltar certa articulação entre esses métodos, que procure estabelecer relações entre eles como modos de trabalhar com o conhecimento e desenvolva um corpus teórico-epistemológico para sua sustentação, configurando um campo de conhecimento (p.181)”. Uma outra abordagem à contribuição ao tema, incide em Habermas (1982 apud GAMBOA, 2014, p. 182), [...] sobre os interesses cognitivos relacionados ao compromisso social e político, e consequentemente ético do cientista [...]. Esse estudo busca explicar os enfoques epistemológicos que norteiam as pesquisas em educação, como também averigua as variadas tendências que se expressam em interesses cognitivos e que influencia a investigação conforme cada uma se expresse. Conforme Gamboa (2014, p. 184-185) “os conhecimentos científicos não se elaboram mecanicamente, aplicando elementos já prontos e acabados, eles se constroem com a participação intensa do investigador, sujeito do processo cognitivo”. Procede de uma produção social e histórica da qual muitos participam, cientistas e pesquisadores, pela experiência acumulada da história da ciência e da tecnologia. Resulta de um longo processo onde se conjeturam as condições materiais históricas e os interesses, valores sociais que contribuíram na elaboração de cada pesquisa e possibilitam o desenvolvimento teórico e prático de cada ciência. A pesquisa se deu no Portal de Periódicos da CAPES/MEC, utilizando-se as bases de pesquisa: Scopus, Sage, Web of Science, Science Direct e Redalyc, tendo como parâmetro os anos 2016/2017, com o objetivo de identificar, em artigos encontrados nas bases de dados pesquisadas, as diferentes abordagens do termo análise cognitiva nas distintas áreas do conhecimento, respectivas convergências de conteúdos e as acepções atribuídas. Coube à cada aluno pesquisar numa base de dados pré-definida os artigos de acordo com as categorias de análise, inserindo-as em seguida, em planilha eletrônica. Uma análise mais aprofundada foi feita por cada aluno em cinco artigos amostrais aleatoriamente sorteados. Na primeira etapa realizei a pesquisa dos sessenta artigos pré-definidos conforme os critérios estabelecidos entre professores e colegas, levantados a partir da utilização do descritor “cognitive analysis”.  Utilizei a base de dados científica internacional “Web of Science”, correspondendo ao recorte temporal de 2016/2017. Compreendemos a complexidade desse processo e a emergência ainda desse campo para chegarmos à uma conclusão. Logo considero uma (in) conclusão por ser um processo em construção. Nas análises dos artigos, busquei autores que me deram suporte para a construção da análise de conteúdo e análise dos Interesses e Domínios do Conhecimento. Considero valioso o trabalho de construção desenvolvido pelos pesquisadores nas distintas iniciativas, que vem fortalecendo o campo da AnCo,  mas para Burnham (2012), se faz necessário a construção de um estatuto teórico, sem explicitação de bases epistemológicas que fundamentem a compreensão em profundidade dos processos de produção, processamento e difusão do conhecimento, considerando os três grandes macroprocessos de trabalho com o conhecimento: teoria, metodologia e epistemologia, incluindo  as dimensões ontológica e axiológica do trabalho com o conhecimento. Encontrei em Habermas (1982) e na sistematização construída por Gamboa (2014), o modelo que se mostrou mais adequado à análise dos artigos considerando os pressupostos epistemológicos e filosóficos organizados em níveis distintos e que dão origem às motivações e interesses que orientam e dirigem o processo cognitivo. 

Palavras-chave: Análise cognitiva. Interdisciplinaridades. Multireferenciais.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

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______, Terezinha Fróes. Entrevista: A Emergência da Análise Cognitiva. Poiésis – Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado - Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Tubarão, Santa Catarina, v.5, n.9, p.173-195, jan./jun. 2012.

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[1]Juçara Freire dos Santos, aluna do Doutorado Multi-Institucional e Multidisciplinar

  em Difusão do Conhecimento – UFBA

  Orientador: Prof. Dr. Gustavo Bittencourt Machado

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Como Citar
Santos, J. F. (2018). A ANÁLISE COGNITIVA: UM OLHAR SOBRE DIFERENTES ÂNGULOS. RIANCO, 1(1). Recuperado de https://revistas.uneb.br/index.php/anco/article/view/7066
Seção
Resumo Expandido
Biografia do Autor

Juçara Freire Santos, Universidade Federal da Bahia - UFBA

Assistente Social - Universidade Católica do Salvador

Mestrado em Desenvolvimento e Gestão Social - ADM. UFBA

Doutoranda - Programa -Doutorado Multi-Institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento.

Atividades Profissionais - Coordenação de Desenvolviemnto Socioambiental

Docência - Curso de Serviço Social ( graduação e pós-graduação).