Educação transgressora e feminismo
Palavras-chave:
Educação transgressora, Docência, FeminismoResumo
O presente artigo parte de uma escrita que faz parte da pesquisa de mestrado em desenvolvimento do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande/FURG. O tema são os Turbantes e a Educação antirracista, busca colaborar para apresentar uma prática de educação antirracista por intermédio do conceito de educação transgressora da escritora afro-americana bell hooks (2017, p. 271), em meio ao olhar da docência feminina: “A lição importante que aprendemos juntos, a lição que nos permite caminhar juntos dentro e além da sala de aula, é a do engajamento mútuo”. Para isso, tem como foco o turbante, símbolo étnico que representa para a população negra um ato de resistência, de afirmação para sua identidade, herança de sua ancestralidade, um ato político. Segundo Silva (2020, p.83), o “turbante traz acalento, promove cuidados e transforma em força vital, força de amor de afetividade especialmente entre mulheres negras”. Uma educação transgressora através dos turbantes apresenta a aplicação efetiva das Leis nº 10639/03 e nº 11645/08, as quais garantem a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-brasileira, Africana e Indígena em espaços formais e informais de ensino. Nossas experiências enquanto mulheres negras e professoras junto às nossas práticas constituem esta escrita, em que os conceitos de bell hooks (2017), o esperançar (1992) e a pedagogia da autonomia (1996) de Paulo Freire, junto à educação popular de Brandão (2007), geram um educar para a luta contra o racismo. bell hooks, enquanto docente e feminista negra, deixou em seu legado a missão de novas docentes negras refletirem e aprimorarem uma educação libertária. De acordo com hooks (2017, p.193), “para educar para a liberdade, portanto, temos que desafiar e mudar o modo como todos pensam sobre os processos pedagógicos”.
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