Ser professor quilombola
Uma experiência político-pedagógica na Educação do/no Campo em Maiquinique-Bahia
Palavras-chave:
Educação Escolar Quilombola, Afrocentricidade, Racismo Institucional, Educação de Jovens e AdultosResumo
Este artigo tem por objetivo compartilhar minha experiência político-pedagógica na Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Rural Municipal Tinga e seu impacto na (re)construção da minha identidade docente. Para tanto, este manuscrito está dividido em três seções que procuram narrar minhas práticas e reflexões de ensino em diálogo com a memória cultural da Comunidade Tradicional do Tinga, assim como evidenciar o Racismo Institucional que obstrui a emancipação política, linguística e econômica do Tinga. Desse modo, discorro sobre os percalços para implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica no âmbito municipal e escolar, bem como as estratégias político-pedagógicas adotadas por mim para promoção da cidadania linguística e (re)construção de identidades quilombola em sala de aula através do programa Formação de Professores do Campo (Formacampo). Concluo que ser professor quilombola constitui uma prática de ensino articulada ao projeto decolonial de repatriação linguística, cultural, social e econômica da África e sua diáspora, o que implica para a Educação do Campo um projeto educacional centrado no ponto de vista da comunidade/grupo da qual é beneficiária.
Downloads
Referências
ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo Estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro; Editora Jandaíra, 2020.
ANTUNES DOS SANTOS, José Lucas Campos. O Pretuguês e a internacionalização dalíngua e da cultura brasileira - Afinal, que língua queremos internacionalizar?. Cadernos de Linguística. v. 2, n. 2, e371, 2021.
ASANTE, Molefi Kete. A ideia afrocêntrica em educação. Revista Sul-Americana de Filosofia e Educação. n. 3, p. 136-148, mai.-out. 2019.
BAHIA. Resolução CEE nº 103 (2015), Art. 7º, §1º. Disponível em: http://www.conselhodeeducacao.ba.gov.br/arquivos/File/Resolucao_CEE_N_103_2015_e_Parecer_CEE_N_234_2015.pdf Acesso em: 6 de maio. 2022.
BRASIL. Resolução CNE/CEB nº 8 (2012), Art. 1º, § 1º, inciso I. Disponível em: https://normativasconselhos.mec.gov.br/normativa/view/CNE_RES_CNECEBN82012.pdf?query=ensino%20m%C3%A9dio Acesso em: 6 de maio. 2022.
DAVILA, Ximena.; MATURANA, Humberto.; MUÑOZ, Ignacio.; GARCÍA, Patricio. ¿Sustentabilidad o armonía biológico-cultural de los procesos?. In: LOURES, Rodrigo da Rocha. (Org). Educar e Innovar na Sustentabilidade. Curitiba: FIEP, 2009.
FERREIRA, Aparecida de Jesus. Educação linguística crítica e identidades sociais de raça. In: PESSOA, Rosane Rocha; SILVESTRE, Viviane Pires Viana; MÓR, Walkíria Monte (Org.) Perspectivas críticas de educação linguística no Brasil: trajetórias e práticas de professoras(es) universitárias(os) de inglês. 1. ed. São Paulo: Pá de Palavra, 2018.
FERREIRA, Aparecida de Jesus. Teoria Racial Crítica e Letramento Racial Crítico: narrativas e contranarrativas de identidade racial de professores de línguas. Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), v. 6, n. 14, p. 236-263, out. 2014.
GOMES, Nilma Lino. Relações étnico-raciais, educação e descolonização dos currículos. Currículo sem Fronteiras. v.12, n.1, pp. 98-109, jan/abr. 2012.
GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural da amefricanidade. In: RIOS, Flávia; LIMA, Márcia (Org.). Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios e diálogos. p. 127 - 138, Rio de Janeiro: Zahar, 2016.
JESUS, Rafael de. Comunidade Tradicional do Tinga e o Enfrentamento do Racismo Institucional. Acervo da Digital da UFPR. Curitiba, 2019.
MORAIS, Artur Gomes de. Sistema de escrita alfabética. 1ª ed. São Paulo: Editora Melhoramentos Ltda, 2014.
MOURA, Terciana Vidal; SANTOS, Fábio Josué dos. A pedagogia das classes multisseriadas: Uma perspectiva contra-hegemônica às políticas de regulação do trabalho docente. Debates em Educação. Maceió, vol. 4, n. 7, p. 65-86, jan/jul. 2012.
NASCIMENTO, Gabriel. Racismo linguístico: os subterrâneos da linguagem e do racismo. Belo Horizonte: Letramento, 2019.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo. (Org). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: Colección Sur Sur, CLACSO, 2005.
SANTOS, Arlete Ramos. “Ocupar, resistir e produzir também na educação!”: o MST e a burocracia estatal: negação e consenso. Belo Horizonte: UFMG/FaE, 2012.
SILVA, Maria Abádia da. Qualidade social da educação pública: algumas aproximações. Cad. Cedes. Campinas, vol. 29, n. 78, p. 216-226, maio/ago. 2009.
STROUD, Christopher et al. Talking parts, talking back: fleshing out Linguistic Citizenship. Trabalhos de Linguística Aplicada. Campinas, n(59.3): 1636-1658, set./dez. 2020.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
- As/Os autoras/es mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution-Non Commercial License que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista (Licença Creative Commons Attribution);
- Incentivar o depósito do artigo, mencionando a fonte original de publicação, em repositórios institucionais ou digitais, em consonância com o Movimento de Acesso Aberto à Informação Científica, com vistas a ampliar a visibilidade (Veja O Efeito do Acesso Livre).