Cruz e Souza: o negro como sujeito encurralado – um diálogo de resistência em ‘emparedado’

Autores

  • Arlete Miranda Amancio
  • Joanna Souza de Miranda
  • Kárpio Márcio de Siqueira

Palavras-chave:

Literatura afro-brasileira. Cruz e Sousa, "Emparedado", Vozes de resistência

Resumo

Essa tessitura tem por intuito elucidar concepções acerca do poeta Cruz e Sousa e seu discurso de resistência em ―Emparedado‖, última parte do livro Evocações (publicado em 1898), que adentra em seu poema em prosa o discurso pioneiro de autoafirmação e/ou resistência às agruras sofridas pelos afro-brasileiros. Pretendeu-se, ainda, realçar que o autor negro abriu mão de seu discurso individual para exteriorizar um discurso coletivo, além de enfatizar que o poeta utilizou-se de um discurso de defesa do grupo, ao qual pertenceu, abalando o mascaramento de uma identidade una e coesa. Para tanto, o trabalho perpassou por estudo historiográfico/literário para revelar uma sociedade omissa que, durante séculos, tentou apagar e/ou desqualificar as múltiplas vozes oriundas das margens do tecido social. E, em sua consequência, mantém-se, com a teoria do branqueamento intacta, a cortina de silêncio que cala as vozes manifestantes e/ou reveladoras da outorgação dos direitos dessa cultura racial. Neste sentido, nosso trabalho se pautou, inicialmente, por um levantamento bibliográfico, através de um olhar literário, seguido pela análise do poema em prosa ―Emparedado‖. Para tanto, foram utilizados, como base teórica, trabalhos conceituais sobre identidade negra e literatura afro-brasileira, sob a luz dos estudos de: Cuti (2009; 2010), para fazer um percurso da literatura negra no Brasil, pelas teorias do branqueamento e pelo discurso de resistência dos afrodescendentes; Cesco(2011), que traz importante análise do poema ―Emparedado‖; Fonseca (2002), por fazer relação entre literatura e raça na obra de Cruz e Sousa; Souza (2004), por tratar de espaços de divulgação e expansão da literatura produzida por negros e Correia (2010), que teoriza sobre subalternidade e (in) visibilidade do homem negro. Dentre outros teóricos que nos ajudaram a compor esse artigo. Desse modo, através desses estudos, pudemos comprovar que o poeta se apropriou de suas vivências individuais para produzir um discurso de luta coletiva em prol dos afrodescendentes, tornando, por conseguinte, seu poema em obra singular e instrumento de desmascaramento do preconceito velado da sociedade elitista.

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Biografia do Autor

Arlete Miranda Amancio

Graduanda do Curso de Letras Vernáculas, participante do grupo de pesquisa ‘Literatura e Diversidade Cultural: imaginário, linguagens e imagens’ – liderado pela Professora Andréa do N. Mascarenhas Silva – UNEB/Campus XXII, e cadastrado no CNPq.

Joanna Souza de Miranda

Graduanda do curso de Letras Vernáculas.

Kárpio Márcio de Siqueira

Professor da UNEB, Coordenador do Centro de Pesquisas em Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação – OPARÁ, Mestrado em Crítica Cultural, pela UNEB. Graduação em Letras com Inglês, pela Faculdade de Formação de Professores de Arcoverde.

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Publicado

2015-08-28

Como Citar

Amancio, A. M., Miranda, J. S. de, & Siqueira, K. M. de. (2015). Cruz e Souza: o negro como sujeito encurralado – um diálogo de resistência em ‘emparedado’. Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais E Educação, 1(2), 9–24. Recuperado de https://revistas.uneb.br/index.php/opara/article/view/ART0007