O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DE TRANSTORNO MENTAL POR FAMILIARES
Palavras-chave:
Transtorno Mental, Diagnóstico, Aceitação FamiliarResumo
Introdução: os transtornos mentais (TM) se classificam como manifestações psicológicas/comportamentais associadas a algum comprometimento funcional, ocasionando alterações e produzindo prejuízos no desempenho global d indivíduo. O diagnóstico de TM pode desorganizar o funcionamento familiar, provocando a vivência de sentimentos de medo, tristeza, incompreensão, impotência, culpa e podem até negar a existência do TM. Objetivos: descrever o processo de elaboração da família ao receber o diagnóstico de TM; comparar as fases de elaboração da família ao receber um diagnóstico de TM com as fases de elaboração do luto; e identificar as possíveis intervenções profissionais que possam auxiliar os familiares a atravessarem da melhor forma possível o processo de elaboração do diagnóstico de TM. Método: optou-se por uma revisão narrativa. A busca dos estudos foi realizada junto à BVS, LILACS, BDENF, SciELO e Periódicos CAPES. Foram utilizados na busca os seguintes descritores: “transtorno mental, diagnóstico, aceitação familiar”, sem recorte temporal. Resultados: na perspectiva dos familiares, há um processo de elaboração ao receber o diagnóstico de uma pessoa com TM na família. Esse processo assemelha-se às fases do luto – negação, raiva, barganha/culpa, depressão e aceitação, propostas por Kubler-Ross. Conclusão: as fases da elaboração do luto serão atravessadas independentemente das intervenções profissionais, pois elas se dão naturalmente, mas, apesar disso, devido ao diagnóstico de uma pessoa com TM ser difícil para que a família elabore, essa situação evidencia a necessidade de intervenções profissionais que acolham o sofrimento apresentado pelos familiares.
Downloads
Referências
Almeida, M. H. S., Mendonça, E. S. (2017). Um olhar à família: ressonâncias psicossociais em familiares que convivem com uma pessoa em situação de transtorno mental. Barbarói, (49), 1. DOI: https://doi.org/10.17058/barbaroi.v0i49.6617
Alves, J. B. D. B. B., de Araújo Brandão, I., Caldas, P. S., Rodrigues, I. L. S., & Brasil, S. A. (2021). Redução de danos e saúde mental: o trabalho com a população em situação de rua no contexto da pandemia da COVID-19. Práticas e Cuidado: Revista de Saúde Coletiva, 2, e13156-e13156. Disponível em: https://www.revistas.uneb.br/index.php/saudecoletiva/article/view/13156
Baptista, B. O., Beuter, M., Girardon-Perlini, N. M. O., Brondani, C. M., Budó, M. D. L. D., & Santos, N. O. D. (2012). A sobrecarga do familiar cuidador no âmbito domiciliar: uma revisão integrativa da literatura. Revista Gaúcha de Enfermagem, 33, 147-156. https://doi.org/10.1590/S1983-14472012000100020
Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70.
Basso, L. A., & Wainer, R. (2011). Luto e perdas repentinas: contribuições da Terapia Cognitivo-Comportamental. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 7(1), 35-43. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbtc/v7n1/v7n1a07.pdf
Borba, L. D. O., Paes, M. R., Guimarães, A. N., Labronici, L. M., & Maftum, M. A. (2011). A família e o portador de transtorno mental: dinâmica e sua relação familiar. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 45, 442-449. https://doi.org/10.1590/S0080-62342011000200020
Brasil. Ministério da Saúde. (2021). Dia Nacional de Enfrentamento à Psicofobia alerta para o cuidado com a saúde mental. Brasília-DF. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2021-1/abril/dia-nacional-de-enfrentamento-a-psicofobia-alerta-para-o-cuidado-com-a-saude-mental
Brusamarello, T. et al. Famílias no cuidado à saúde de pessoas com transtorno mental: reflexos do modelo de assistência. Saúde e Pesquisa, v. 10, n. 3, p. 441-449, 2017. DOI: https://doi.org/10.17765/1983-1870.2017v10n3p441-449
Brusamarello, T., Guimarães, A. N., Labronici, L. M., Mazza, V. de A., & Maftum, M. A.. (2011). Redes sociais de apoio de pessoas com transtornos mentais e familiares. Texto & Contexto - Enfermagem, 2011 20(1). https://doi.org/10.1590/S0104-07072011000100004
Colvero, L. de A., Ide, C. A. C., & Rolim, M. A.. (2004). Família e doença mental: a difícil convivência com a diferença. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 38(Rev. esc. enferm. USP, 2004 38(2)). https://doi.org/10.1590/S0080-62342004000200011
Coser, P. R., & Both, T. L. (2013). Relações Familiares: Reações da Família Frente a um Membro Portador de Transtorno Bipolar. Revista de Psicologia da IMED, Jan.-Jun, 2013, num. espec. v. 5, n. 1, p. 10-16. https://periodicos.ufsm.br/reufsm/article/view/37694/html
Dalgalarrondo, P. (2018). Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. São Paulo, SP: Artmed Editora.
Dias, B. V. B., Penachione, R. A., Thomaz, M. C. A., & Bendinskas, B. C. (2022). Assistência familiar ao portador de transtorno mental. Revista Multidisciplinar da Saúde, 4(2), 73-82. https://revistas.anchieta.br/index.php/RevistaMultiSaude/article/view/2033
Dourado, D. M., Rolim, J. A., de Souza Ahnerth, N. M., Gonzaga, N. M., & Batista, E. C. (2018). Ansiedade e depressão em cuidador familiar de pessoa com transtorno mental. ECOS-Estudos Contemporâneos da Subjetividade, 8(1), 153-167. http://www.periodicoshumanas.uff.br/ecos/article/view/2377/1541
Eloia, S. C., Oliveira, E. N., Lopes, M. V. D. O., Parente, J. R. F., Eloia, S. M. C., & Lima, D. D. S. (2018). Sobrecarga de cuidadores familiares de pessoas com transtornos mentais: análise dos serviços de saúde. Ciência & Saúde Coletiva, 23, 3001-3011. https://doi.org/10.1590/1413-81232018239.18252016
Estevam, M. C., Marcon, S. S., Antonio, M. M., Munari, D. B., & Waidman, M. A. P. (2011). Convivendo com transtorno mental: perspectiva de familiares sobre atenção básica. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 45, 679-686. https://doi.org/10.1590/S0080-62342011000300019
Fernandes, J. B., Fernandes, S. B., & Castro, F. V. (2020). Resiliência em famílias de pessoas com esquizofrenia: um estudo qualitativo. Revista INFAD de Psicologia. International Journal of Developmental and Educational Psychology., 1(2), 245-254.https://doi.org/10.17060/ijodaep.2020.n2.v1.1974
Fonseca, M. C. I., & Barroso, S. M. (2017). Luto e enfrentamento em portadores de esclerose múltipla: Diálogo com a teoria de Kübler-Ross. Interação em Psicologia, 21(2). DOI: http://dx.doi.org/10.5380/psi.v21i2.34531
Gambatto, R., & Da Silva, A. L. P. (2006). Reforma psiquiátrica e a reinserção do portador de transtorno mental na família. Psicologia Argumento, 24(45), 25-33. https://biblat.unam.mx/hevila/Psicologiaargumento/2006/vol24/no45/3.pdf
Guedes, P. S. D. S., & Santos, J. D. (2020). Psicopatologias que acometem cuidadores de familiar com transtorno mental. Revista Fatec de Tecnologia e Ciências, 5(1). https://www.revista.fatecba.edu.br/index.php/rftc/article/view/58
Kübler-Ross, E. (2017). Sobre a morte e o morrer: o que os doentes terminais têm para ensinar a médicos, enfermeiras, religiosos e aos seus próprios parentes. São Paulo, SP: WWF Martins Fontes.
Massocatto, F. I., & Codinhoto, E. (2020). Luto Antecipatório: Cuidados psicológicos com os familiares diante de morte anunciada. Revista Farol, 11(11), 128-143. https://revista.farol.edu.br/index.php/farol/article/view/262
Melo, L. S. G. (2020). Terapia cognitivo-comportamental no processo de resolução do luto. Pretextos-Revista da graduação em Psicologia da PUC Minas, 5(9), 683-697. http://periodicos.pucminas.br/index.php/pretextos/article/view/24413/17102
Menezes, C. N. B., Passareli, P. M., Drude, F. S., dos Santos, M. A., & do Valle, E. R. M. (2007). Câncer infantil: organização familiar e doença. Revista Mal-Estar e Subjetividade, 7(1), 191-210. https://www.redalyc.org/pdf/271/27170111.pdf
Moreira, R. L., & Souza, A. M. D. (2017). A Depressão na Elaboração do Luto: contribuições da terapia cognitiva comportamental. Revista Extensão & Cidadania, 4(7). https://doi.org/10.22481/recuesb.v4i7.2397
Nascimento, K. C. D., Kolhs, M., Mella, S., Berra, E., Olschowsky, A., & Guimarães, A. N. (2016). O desafio familiar no cuidado às pessoas acometidas por transtorno mental. Revista de Enfermagem UFPE On Line. Recife. Vol. 10, n. 3 (mar. 2016), p. 940-948. DOI: 10.5205/reuol.8702-76273-4-SM.1003201601
Navarini, V., & Hirdes, A. (2008). A família do portador de transtorno mental: identificando recursos adaptativos. Texto & Contexto-Enfermagem, 17, 680-688. https://doi.org/10.1590/S0104-07072008000400008
Netto, j. V. G. (2015). As fases do luto de acordo com Elisabeth Kübler-Ross. Anais Eletrônico IX EPCC–Encontro Internacional de Produção Científica UniCesumar, (9), 4-8. https://www.unicesumar.edu.br/epcc-2015/wp-content/uploads/sites/65/2016/07/Jose_Valdeci_Grigoleto_Netto_2.pdf
Oliveira, A. R. B., de Arruda, E. C., de Moraes Blogoslawski, I., & Sartori, R. S. (2020). Reflexões sobre a morte, o luto e as intervenções possíveis reflexoes. Conversas em Psicologia, 1(1), 1-16. http://periodicos.pucminas.br/index.php/pretextos/article/view/24413
Pereira, M. A. O., & Pereira Jr., A. (2003). Transtorno mental: dificuldades enfrentadas pela família. Revista da Escola de Enfermagem Da USP, 37(4). https://doi.org/10.1590/S0080-62342003000400011
Ramos, A. C., Calais, S. L., & Zotesso, M. C. (2019). Convivência do familiar cuidador junto a pessoa com transtorno mental. Contextos Clínicos, 12(1), 282-302. doi: 10.4013/ctc.2019.121.12
Rother, E. T. (2007). Revisión sistemática X Revisión narrativa. Acta paulista de enfermagem, 20, 2. https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000200001
Sant'ana, M. M., Pereira, V. P., Borenstein, M. S., & Silva, A. L. D. (2011). O significado de ser familiar cuidador do portador de transtorno mental. Texto & Contexto-Enfermagem, 20, 50-58. https://doi.org/10.1590/S0104-07072011000100006
Santos, É. G. D., & Siqueira, M. M. D. (2010). Prevalência dos transtornos mentais na população adulta brasileira: uma revisão sistemática de 1997 a 2009. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 59, 238-246. https://doi.org/10.1590/S0047-20852010000300011
Simões, J. C. (2014). Síndrome de luto. Revista do Médico Residente, 16(2). http://www.crmpr.org.br/publicacoes/cientificas/index.php/revista-do-medico-residente/article/view/598
Siqueira, A. C., & Azevedo, D. F. (2020). Terapia do Luto: intervenções clínicas na elaboração do processo de luto. Revista Farol, 9(9), 341-355. https://revista.farol.edu.br/index.php/farol/article/view/154
Vicente, j. B., Marcon, S. S., & Higarashi, I. H. (2016). Convivendo com o transtorno mental na infância: sentimentos e reações da família. Texto & Contexto-Enfermagem, 25. https://doi.org/10.1590/0104-0707201600370014
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Karoline Giele Martins de Aguiar, Flávia Rocha Silva
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International License.
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Práticas e Cuidado: Revista de Saúde Coletiva (PC-RESC) implica na transferência, pelas(os) autoras(es), dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os manuscritos publicados nesta revista são das(os) autoras(es), com direitos da PC-RESC sobre a primeira publicação. As(os) autoras(es) somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando explicitamente a PC-RESC como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International License, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.