As Joanas das Marias
corpos atravessados pela dor em A ama, de Maria Benedita Bormann e A escrava, de Maria Firmina dos Reis
DOI:
https://doi.org/10.30620/pdi.v13n1.p75Palavras-chave:
Maternidade negra, Estudos literários, Maria Firmina dos Reis, Maria Benedita BormannResumo
A maternidade negra nunca foi legitimada pelos senhores de escravos. Acreditava-se no desprezo por parte destas mães, impondo-lhes uma maternidade vivida no abandono ou na distância. Inúmeras obras literárias por muito tempo foram ávidas em estigmatizar as pessoas negras, não se preocupando em corporificar as dores das mulheres, sobretudo àquelas que tinham filhos. Ao eleger a maternidade negra como mote central de seus textos, as autoras Maria Benedita Bormann e Maria Firmina dos Reis visibilizam corpos que sempre sofreram com as projeções coloniais e com o sistema escravagista, atribuindo a estes corpos maternais humanidade e significado. Neste âmbito, mulheres negras são apresentadas em escritas que corroboram com a perspectiva de denúncia e rompimento, refletindo transformações sociais necessárias em seu tempo e ecoando na atualidade. A ama, de 1884 e A escrava, de 1887 apontam para reflexões que ainda atingem mães que pertencem a camadas sociais menos favorecidas. Mulheres de muitos nomes e contextos, mas ainda, vítimas de sistemas que oprimem, separam, mutilam e matam.
[Recebido em: 30 mar. 2023 – Aceito em: 10 jun. 2023]
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