Transgressão do corpo feminino em reescrituras de “O Barba Azul”
os contos subversivos de Ogawa e Hopkinson
DOI:
https://doi.org/10.30620/pdi.v13n1.p119Palavras-chave:
“O Barba Azul”, Fantasia, Escritura feminina, Pós-colonialResumo
O conto “O Barba Azul”, compilado por Charles Perrault em 1697, tem se multiplicado em um sem-número de reinterpretações ao longo dos séculos. Duas dessas reinterpretações “The ring finger specimen” (1992), da japonesa Yoko Ogawa, e “The glass bottle trick” (2001), da caribenha-canadense Nalo Hopkinson chamam a atenção por seu retrabalho quanto à intervenção no corpo da mulher, ilustrando, dessa forma, como a escritura feminina contemporânea pode promover transgressões na tradição literária. Este estudo tem por objetivo central examinar como esse retrabalho é operado pelas autoras em suas obras. Para tanto, apoia-se na fortuna crítica do conto e nas discussões a respeito de releituras de contos fadas em contextos pós-feministas e pós-coloniais (ZIPES, 2006; BACCHILEGA, 2013; WISKER, 2016).
[Recebido em: 03 mai. 2023 – Aceito em: 10 jun. 2023]
Downloads
Referências
ALMEIDA, Rogério Miranda de. Nietzsche e Freud Eterno retorno e compulsão à repetição. São Paulo: Loyola, 2005.
ANDERSEN, Hans Christian. Os sapatinhos vermelhos. In ANDERSEN, Hans Christian. Os 77 melhores contos de Hans Christian Andersen. Trad. Alice Klesck, Pepeta Leão, Thiago Ponce de Moraes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2019.
ATWOOD, Margaret. Bluebeard’s Egg. Toronto: McClelland & Stewart, 1983.
ATWOOD, Margaret. O ovo do Barba-Azul e outras histórias. Rio de Janeiro: Rocco Digital, 2016. E-book.
BACCHILEGA, Cristina. Fairy Tales Transformed?: twenty-first-century adaptations and the politics of wonder. Detroit: Wayne State University Press, 2013. E-book.
BACCHILEGA, Cristina. Postmodern fairy tales: gender and narrative strategies. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1997.
BARTÓK, Béla; BALÁZS, Béla. Duke Bluebeard’s Castle: Libretto for the Opera by Béla Bartók. Translated by John Lloyd Davies; illustrated by Susan Adams. Llandogo (UK): Old Stile Press, 2006.
BARZILAI, Shuli. Tales of Bluebeard and his wives from late antiquity to postmodern times. New York/London: Routledge, 2009.
BETTLEHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Trad. Arlene Caetano. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.
BLOCK, Francesca Lia. Bones. In BLOCK, Francesca Lia. The Rose and the Beast: Fairy Tales Retold. New York: HarperCollins, 2009. E-book.
BRONTË, Charlotte. Jane Eyre. Trad. Lenita Esteves e Almiro Pisetta. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Trad. Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2023.
CAIN, Sian. 150m Shades of Grey: how the decade’s runaway bestseller changed our sex lives. The Guardian, 15 jan. 2020. Disponível em: https://www.theguardian.com/books/2020/jan/15/150m-shades-of-grey-how-the-decades-runaway-bestseller-changed-our-sex-lives. Acesso em 07/01/2023.
CARTER, Angela. A câmara sangrenta e outras histórias. Trad. Adriana Lisboa. Porto Alegre: Dublinense/TAG, 2017.
CARTER, Angela. O quarto do Barba-Azul. Trad. Carlos Nougué. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
CARTER, Angela. The bloody chamber and other stories. New York: Penguin Books, 1990.
COLASANTI, Marina. De um certo tom azulado. In COLSANTI, Marina. Contos de amor rasgados. Rio de Janeiro: Record, 2021. E-book.
CASSIDY, F. G.; LE PAGE, R. B. (Ed.). Duppy. In ______. Dictionary of Jamaican English. Kingston: University of the West Indies Press, 2002. p. 164.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Trad. Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.
GRIMM, J. & W. “O pássaro do bruxo Fichter”. In Contos maravilhosos infantis e domésticos. Volume 1. Trad. Christiane Röhrig. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
HEINER, Heidi Ann. Bluebeard: tales from around the world. Lexington: SurLaLune Press, 2011.
HOPKINSON, Nalo. “The glass bottle trick”. In Skin folk. New York: Warner Books, 2001.
HUTCHEON, Linda. Uma teoria da adaptação. Trad. André Cechinel. Florianópolis: Editora da UFSC, 2013.
JAMES, E.L. Cinquenta tons [série de livros]. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2011-2017.
KAMINSKY, Amy. Los usos feministas de Barba Azul. Anales, Universidade de Götenberg, Suécia, 1988, p. 229-243. Disponível em: https://gupea.ub.gu.se/bitstream/handle/2077/3180/anales_1_kaminsky.pdf?sequence=1. Acesso em: 04/01/2023.
KAVKA, Misha. Feminism, Ethics, and History, or What Is the ‘Post’ in Postfeminism?. Tulsa Studies in Women’s Literature, v. 21, n. 1, 2002, p. 29-44.
KIM, KATHERINE J. Corpse hoarding: control and the female body in ‘Bluebeard,’ ‘Schalken the painter,’ and ‘Villette.’ Studies in the Novel, v. 43, n. 4, 2011, p. 406 27.
LEACH, MacEdward. Jamaican Duppy Lore. The Journal of American Folklore, v. 74, n. 293, 1961, p. 207-215.
MARS, Amanda. Gloria Steinem: “O autoritarismo começa com o controle sobre o corpo das mulheres”. In El País, 17 out. 2021. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/internacional/2021-10-17/gloria-steinem-o-autoritarismo-comeca-com-o-controle-sobre-o-corpo-das-mulheres.html>. Acesso em 05 mar. 2023.
MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política de morte. Trad. Renata Santini. São Paulo: N-1 edições, 2018
MURAI, Mayako. From Dog Bridgeroom to Wolf Girl: Contemporary Japanese Fairy-Tale Adaptations in Conversation with the West. Detroit: Wayne State University Press, 2015. E-book.
OGAWA, Yoko. A fórmula preferida do professor. Trad. Shintaro Hayash. São Paulo: Estação Liberdade, 2016.
OGAWA, Yoko. A polícia da memória. Trad. Andrei Cunha. São Paulo: Estação Liberdade, 2021.
OGAWA, Yoko. Hotel Íris. Trad. Marli Peres. Rio de Janeiro: Leya, 2011.
OGAWA, Yoko. O museu do silêncio. Trad. Rita Kohl. São Paulo: Estação Liberdade, 2021.
OGAWA, Yoko. The ring finger specimen. Trad. Ignacio Ospina. Medford (MA): Tufts University, 2012. Disponível em: https://dl.tufts.edu/concern/pdfs/8g84mz838. Acesso em 13/01/2023.
OSPINA, Ignacio. The ring finger specimen: introduction and English translation. 2012. 91 f. Trabalho de conclusão do curso de Japonês na Escola de Artes e Ciências da Universidade Tufts, 2012. Disponível em: https://dl.tufts.edu/concern/pdfs/8g84mz838. Acesso em 13/01/2023.
PERRAULT, Charles. O Barba Azul. In Contos de fadas. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
PERRAULT, Charles. Histoires au contes du temps passé (édition de 1697). Amazon/Kindle, 2017. Ebook.
PERRAULT, Charles. Préface. In Contes (éd. critique J.P. Collinet). Paris: Gallimard, 1981.
PERRONE-MOYSÉS, Leyla. Texto, crítica, escritura. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
PYRHÖNEN, Heta. Bluebeard gothic: Jane Eyre and its progeny. Toronto: University of Toronto Press, 2010.
SAFFIOTI, Heleieth. Gênero, patriarcado, violência. São Paulo: Expressão Popular/Fundação Perseu Abramo, 2015.
SPENSER, Edmund. The Faerie Queene. New York: Penguin, 1979.
SYLVESTRE, Fernanda Aquino; COSTA, Cynthia Beatrice. Adaptações de “O Barba Azul” na contemporaneidade: literatura e cinema. Organon, Porto Alegre, v.35, n.69, 2020, p. 1-19.
TATAR, Maria. Apresentação. In: Contos de fadas edição comentada. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
VAUGHN ROE, Jacqueline. Bluebeard. In VAUGHN ROE, Jacqueline. Beyond the Tower: Book 1 in the Journey Series. Smidgen Press (on-line), 2018.
VALENZUELA, Luisa. “La Llave”. In VALENZUELA, Luisa. Simetrías. Buenos Aires: Sudamericana, 1993.
WISKER, Gina. Contemporary women’s Gothic fiction: carnival, hauntings and vampire kisses. London: Palgrave Macmillan, 2016.
ZIPES, Jack. Fairy Tales and the Art of Subversion. New York: Taylor & Francis Group. 2006.
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Pontos de Interrogação – Revista de Crítica Cultural
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com o seguinte termo de compromisso:
Assumindo a criação original do texto proposto, declaro conceder à Pontos de Interrogação o direito de primeira publicação, licenciando-o sob a Creative Commons Attribution License, e permitindo sua reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares. Em contrapartida, disponho de autorização da revista para assumir contratos adicionais para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada, bem como permissão para publicar e distribuí-lo em repositórios ou páginas pessoais após o processo editorial, aumentando, com isso, seu impacto e citação.