Pós-patrimonialização e produção fonográfica no Samba de Roda do Recôncavo Baiano (2005-2015): o papel da etnomusicologia engajada
DOI:
https://doi.org/10.30620/p.i..v8i2.5916Resumo
No decênio de 2005-2015, apoios financeiros de órgãos e instituições públicas estaduais e federais brasileiras incentivaram o processo de profissionalização de artistas, grupos tradicionais e músicas de samba de roda, através da produção fonográfica e da promoção internacional destes. Neste artigo são observados reflexos sonoros e sociopolíticos desta “pós-patrimonialização” do samba de roda, na tentativa de revelar um panorama resultante da produção fonográfica profissional no samba de roda. Por sua vez, o envolvimento de etnomusicólogos e etnomusicólogas tem sido decisivo na condução de vários projetos de produção e difusão fonográfica neste contexto, obviamente sem deixar de lado o empenho e o protagonismo de lideranças surgidas entre sambadores e sambadeiras. Contudo, uma questão insistia em pairar no ar: “Se no rádio não toca e na televisão não passa, como é que é patrimônio?” Esta pergunta foi feita por Dona “Jelita” (in memoriam), mestra sambadeira falecida em 2016. Neste sentido, entendo que o questionamento dela reflete tanto as certezas vivenciadas por sambadores e sambadeiras frente ao processo de profissionalização do samba de roda, quanto a necessidade de redefinição do papel engajado da etnomusicologia brasileira atual, em benefício das comunidades tradicionais do Recôncavo da Bahia.
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