Memórias resgatadas
uma análise do romance “Becos da memória”, de Conceição Evaristo
DOI:
https://doi.org/10.30620/pdi.v11n2.p249Palavras-chave:
Memória, Conceição Evaristo, Becos da memóriaResumo
Escrito nos anos 1980, o romance de Conceição Evaristo, Becos da memória, foi publicado pela primeira vez apenas em 2006. Esse significativo intervalo entre o momento de sua escritura e de sua publicação apresenta-se revelador das dificuldades que enfrentam de um modo geral, aqueles que, vindos de lugares distantes dos centros – econômicos, sociais, geográficos – lutam para transpor essas barreiras. A narrativa do romance em questão começa por apresentar aqueles que constituíram o local em que são povoados os “becos” da memória resgatada pela autora e que se transformaram em escrita. Com esse pórtico ao relato, Conceição Evaristo toma como mote a estrutura múltipla dos becos percorridos pela narradora, que a partir de então se desdobra em pequenos relatos. Objetiva-se analisar como Evaristo restaurou esses lugares em que a palavra circula mesclada a outros recursos de linguagens que, ao mesmo tempo em que desvelam as memórias “esquecidas”, expõem-nas de formas acessíveis aos que podem ler, apresentando, ainda, as condições de produção e as instâncias de legitimidade. A pesquisa é analítica e tem como base primária o romance supracitado; como base teórica, os estudos de pesquisadores que, de alguma forma, têm em comum trabalhos que apresentem ideias sobre as temáticas referidas, como é o caso de Nora (1993), Bernd (1984), Bhabha (2006), dentre outros. Portanto, levando os leitores a apreender como as instâncias de legitimidade e produção são importantes para que autores vindos de lugares periféricos consigam produzir e transpor essa barreira: o preconceito. Tudo isso de acordo com as memórias resgatadas que envolvem os becos brasileiros e de brasileiros.
[Recebido em: 29 jul. 2021 – Aceito em: 30 out. 2021]
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Referências
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