Memórias da ditadura brasileira em “Um gosto amargo de bala”, de Vera Gertel
DOI:
https://doi.org/10.30620/pdi.v11n1.p63Palavras-chave:
Memória, Esquecimento, Ditadura, Vera GertelResumo
Este artigo investiga as memórias da ditadura brasileira apresentadas por Vera Gertel em Um gosto amargo de bala, texto autobiográfico publicado em 2013 que apresenta a militância da autora na luta pela democracia do país. Vera Gertel herda dos pais esse desejo coletivo de mudar sua realidade; ainda na adolescência, começa a ler Marx e Engels, entra para a Juventude Comunista e sua militância segue, adentrando o período da ditadura militar. Ela recebia clandestinos, escondia armas, providenciava todo o suporte para os perseguidos, era a favor da luta armada e amiga de Marighella, que foi assassinado pelos militares. Coggiola (2001) é utilizado para apresentar o contexto histórico da época; Zinani (2010), Pollak (1989), Sarlo (2007), Figueiredo (2017) abordam as relações entre ditadura e memória; Seligmann-Silva (2000) e Dalcastagne (1995) escrevem sobre o trauma e a dor que permeiam o período retratado. Percebe-se que Vera Gertel tenta utilizar a escrita como catarse, um alívio para suas memórias traumáticas, porém, não consegue, pois estas trazem marcas que jamais serão esquecidas. E continuar vivendo, mantendo essas memórias vivas é uma forma de lutar contra esse esquecimento, fazendo com que não haja retorno de tempos tão dolorosos e difíceis, como foi na ditadura militar brasileira.
[Recebido em: 21 mai. 2021 – Aceito em: 18 jun. 2021]
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Referências
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