(Re)Pensando a respeito das narrativas de viagem “tradicionais” – diáspora como formação do sujeito transcultural em Um Defeito de Cor
DOI:
https://doi.org/10.30620/p.i..v10i2.10845Resumo
Este artigo propõe pensar a respeito de como tem sido conceituado e analisado as Literaturas de Viagens, bem como este gênero literário tem sido composto (quase que) exclusivamente por cânones e/ou pessoas que têm a viagem, praticamente, dentro de uma ótica positiva. Neste sentido, questionamos o lugar do negro na diáspora, da dor e da visão daqueles que inúmeras vezes não puderam (e não podem) escolher suas viagens. Para isso, elegemos o romance Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves, uma vez que a narradora-personagem, Kehinde, é um sujeito transeunte – que tem a viagem como força de resistência e (auto)conhecimento. Kehinde viaja muito durante todo o romance, seja em busca do filho perdido, seja fugindo de perseguições, seja para se iniciar como vodunsí, seja para seu retorno à África e/ou ao Brasil. Seus trânsitos são cheios de muita luta e dor – mas trazem também características inegáveis da Literatura de Viagem (“tradicional), então, por que não ler a obra por esse viés? Por que ainda é tão difícil inserir nossas narrativas negras, banhadas em ejè, sangue, dentro de certas epistemologias?
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