Chamada para contribuições Volume 8, nº. 2 - “Estudando o Samba”. Estudos transdisciplinares sobre os sambas da Bahia e do Brasil.
Revista Pontos de Interrogação: Revista de Crítica Cultural
Revista do Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural da UNEB
Vol 8, n° 2, jul./dez. 2018
ISSN 2178-8952
Indexador: http://www.revistas.uneb.br/index.php/pontosdeint
NÚMERO TEMÁTICO: “Estudando o Samba”. Estudos transdisciplinares sobre os sambas da Bahia e do Brasil.
Organizadores:
Prof. Dr. Ari Lima, Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Brasil
Profa. Dra. Katharina Döring, Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Brasil
Prof. Dr. Tiago de Oliveira Pinto, Universidade de Weimar, Alemanha
A comissão editorial da revista eletrônica Pontos de Interrogação, do Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural, do Campus II, da UNEB/Alagoinhas-Ba, comunica a todos que está recebendo, até o dia 31 de agosto de 2018, contribuições acadêmicas originais (artigos, resenhas, entrevistas e escrita criativa – os contos, por exemplo), em português, inglês, francês ou espanhol, a serem publicadas no volume 8, nº. 2.
EMENTA:
Nos últimos anos, a patrimonialização do Samba de Roda do Recôncavo Baiano e sua inscrição na Lista Representativa do Patrimônio Intangível da UNESCO gerou algum estranhamento no cenário cultural e sociopolítico brasileiro. Primeiro, pelo deslocamento da autoridade de fala de uma classe média e elite cultural branca que se anunciava porta-voz do samba e de sambadores negros, rurais, economicamente frágeis, elaboradores de uma expressão musical e estética não-formalizada. Segundo, porque esvaziou um certo consenso crítico em torno do samba nacional consagrado no Rio de Janeiro no início do Século XX. Consequentemente, transcorridos quase 15 anos desde a patrimonialização do Samba de Roda, temos um cenário bastante diferente dos antigos sambas da Bahia, embora permaneçam os enfrentamentos políticos e sociais – a luta contra o racismo, a misoginia, a homofobia, a desigualdade socioeconômica generalizada – que quase fizeram apagar elementos essenciais do samba. Neste sentido, é digna de nota, a maior visibilidade alcançada por diversificadas tradições musicais negras, a execução de incipientes políticas públicas, maior circulação de produções culturais e artísticas, assim como o crescimento de estudos acadêmicos a respeito destas tradições musicais. Hoje já se dispõe de um consistente corpo transdisciplinar de conhecimentos e estudos sobre o Samba de Roda, sobre os sambas urbanos, sobre músicas e danças negras e afro-ameríndias em processo de patrimonialização: o jongo, o tambor de crioula, o carimbó, o coco, a capoeira, o maracatu, as congadas, o samba rural de bumbo (SP), as matrizes do samba carioca, entre outros.
Acreditamos que este é o momento para dar novo impulso ao diálogo entre as várias disciplinas, de modo a inserir o Samba de Roda e fenômenos afins na história e no seu atual contexto social e musical. Trata-se de ampliar o conhecimento sobre os desdobramentos dos sambas a partir dos antigos e novos conflitos, mas também de chegar a novo discernimento sobre os avanços no enfrentamento de velhos dilemas, na execução de programas de trabalho que retroalimentam reflexões e práticas musicais nos contextos dos diversos sambas e das tradições afro-ameríndias correlatas.
Para dinamizar esta proposta de diálogo, convidamos pesquisadores de diferentes áreas a elaborarem artigos, entrevistas, resenhas de livros clássicos, escrita criativa – um conto, por exemplo, até 20 páginas, que tratem das seguintes questões:
1. Troca de conhecimentos nos sambas e nas práticas musicais e de danças afro-brasileiras e afro-ameríndias em geral, com base na transmissão de saberes de uma geração de praticantes à outra.
2. Estudos da performance: rituais, festas, construção de identidades, encenações do cotidiano, “motion capture” de movimentos em dança e de técnicas instrumentais.
3. Produções profissionais e sua negociação comercial.
4. Música e ancestralidade africana e/ou afro-brasileira como fato histórico, conceito político e cultural, e de identificação social e pessoal.
5. Políticas públicas, mercados culturais e ações comunitárias dirigidas aos sambas, às músicas e danças correlatas.
6. O Samba de Roda enquanto artefato cultural que se elabora e se afirma entre o intangível e o material.
7. Patrimônio intangível: suas definições, sua dinâmica e seu potencial renovador para as diferentes correntes teóricas sobre cultura, a exemplo do Samba de Roda.
8. A substituição da relação unilateral pesquisador-informante por uma pesquisa em colaboração (collaborative research) com os detentores da cultura dos sambas.
9. Produção de registros e projetos culturais de articulação de memória para o empoderamento (empowerment) das comunidades pesquisadas.
10. No momento em que ocorre a patrimonialização de elementos culturais, há “patrimônio compartilhado”: quem detém real conhecimento sobre o patrimônio, quem o coloca em prática e transmite os saberes necessários a seu respeito? Quais os mecanismos que fazem aumentar os agentes que compartilham deste patrimônio?
11. Fronteiras líquidas entre gêneros, eventos, espaços e ações nos sambas, nas músicas e danças correlatas.
12. Sambas, rezas e poéticas orais nas periferias urbanas, litorâneas e nos sertões.
13. Estruturas de som e movimento, ações acústico-mocionais, “acustemologias” e paisagens sonoras (soundscapes).
14. Estabilidade de estruturas musicais face às transformações e instabilidades sociais.
15. Sambadores, sambaristas ou sambistas, angoleiros e angolistas, toques amarrados, soltos e atravessados: a terminologia nativa e seus conhecimentos intrínsecos.
16. Sambistas, sambões e pagodeiros nos espaços e rodas da negritude urbana.
17. Transculturação musical no Recôncavo Baiano: Samba de Roda, capoeira e candomblé.
18. O samba nacional para além de um suposto centenário da sua história – o peso da historiografia do samba carioca e a reinvenção dos espaços, dos ranchos e escolas de samba.
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O prazo final, para o envio de artigos para vol 8, n.2, jul.-dez., 2018 é 31 de agosto de 2018
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