O DIRETIVO E O COMPROMISSIVO COMO CARACTERÍSTICAS SUI GENERIS DA POÉTICA DE OVÍDIO MARTINS: UMA ANÁLISE LINGUÍSTICO-LITERÁRIA
THE DIRECTIVE AND THE COMISSIVE AS SUI GENERIS CHARACTERISTICS OF THE POETICS OF OVIDIO MARTINS: A LINGUISTIC-LITERARY ANALYSIS
DOI:
https://doi.org/10.53500/missangas.v3i5.14655Parole chiave:
Compromissivo; Diretivo; Ovídio Martins; Vertente lírica de luta.Abstract
Resumo: Este artigo tem como objetivo demonstrar, através de uma análise linguístico-literária, que a linguagem usada na vertente lírica de luta da obra Caminhada (2015) de Ovídio Martins é, essencialmente, compromissiva e diretiva. Assim, por via da análise de composições poéticas do autor, concluiu-se que os mesmos se deixam, por um lado, guiar pelo comprometimento em relação a causas que nutrem os princípios de direitos universais (como a liberdade de expressão e a luta para a emancipação) e pela atenção dada às classes menos favorecidas materialmente. Por outro, verificou-se que há uma preocupação do autor em recorrer a uma linguística injuntiva espelhada numa postura de contestação e revolta, características de uma literatura engajada. Assim, o repúdio a situações mais injustas, perpetuadas pelo contexto de um regime opressivo do qual foi vítima o próprio autor, é de se destacar. Os atos verbais que enformam os versos são suportados por conteúdos proposicionais como ordem, conselho, pedido, aviso e advertência. Tais atos ancoram, por sua vez, em dispositivos linguísticos, a nível da superfície textual, como os modos imperativo e indicativo, o tempo futuro, os pronomes da segunda pessoa gramatical, as interrogativas diretas e as perguntas retóricas, enquanto forças ilocutórias ao serviço da intenção do autor.
Downloads
Riferimenti bibliografici
ALMADA, José Luís Hopffer C. – “Que caminhos para a poesia cabo-verdiana? Antigos e recentes debates e controvérsias sobre a identidade literária cabo-verdiana.” Navegações. Porto Alegre, v. 4, n. 1, p. 92-106, jan./jun. 2011.
ALMEIDA, Carla Aurélia de – “Conselho de amigo, aviso do céu”: contributos para a análise semântico-pragmática dos atos ilocutórios de conselho e de aviso em confronto com o de ameaça”, Revista da Associação Portuguesa de Linguística -Textos Selecionados. XXXI Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística, Porto, 2016, FLUP, APL, pp. 1-29, ISSN: 2183-9077, disponível em http://ojs.letras.up.pt/index.php/APL/article/view/1534/1340
BANDEIRA, Manuel (1930) – Libertinagem, pp. 1-22. In www.castrodigital.com.br (acesso em 5.06.2021).
BRITO-SEMEDO, Manuel – Caboverdianamente Ensaiando I. Ilhéu Editora. Mindelo. Cabo Verde. 1995a.
BRITO-SEMEDO, Manuel – Caboverdianamente Ensaiando II. Ilhéu Editora. Mindelo. Cabo Verde.1995b.
BRITO-SEMEDO, Manuel – “Ovídio Martins Poesia de Amor e Luta”, in Expresso das Ilhas nº 774 de 28 de setembro de 2016.
CARREIRA, Maria Helena – “A Delicadeza em Português: para o estudo das suas manifestações linguísticas”, in MARQUES, Maria Emília Ricardo – Sociolinguística. Universidade Aberta, 1995.
COMPAGNON, Antoine – “Literatura para quê?” Tradução de Laura Taddei Brandini. Bello Horizonte. UFMG, 2009.
DEON, Robson; MENON, Maurício Cesar – “Um diálogo poético entre Cabo Verde e Brasil: Ovídio Martins e Manuel Bandeira.” Interdisciplinar. São Cristóvão, v.30, jul.-dez.p.13-29, 2018. In https://seer.ufs.br. Acesso em fevereiro de 2022.
FERREIRA, Manuel – No Reino de Caliban I. Lisboa. Seara Nova,1975.
FERREIRA, Ondina – “Evanionista? Porquê?” Expresso das Ilhas. 26 de Abril de 2006.
FONSECA, Joaquim (1992) – Linguística e Texto/Discurso – Teoria, Descrição, Aplicação. 1ª Edição. Lisboa. Instituto de Cultura e Língua Portuguesa.
INGARDEN, R. – A Obra de Arte Literária. Lisboa. Fundação Calouste Gulbenkian, 1973.
KRISTEVA, Júlia – Introdução à Seminálise. São Paulo: Debates, 1969.
LEAL, Baktalaia de Lis Andrade – “Língua e Fascismo: Configurações do olhar barthesiano”. Alfa. São Paulo, v65, 2021.
MARGARIDO, Alfredo – Estudos sobre literaturas das nações africanas de língua portuguesa. A Regra do Jogo. Edições Lda. Lisboa.1980.
MARTINS, Ovídio – Caminhada. Editorial Minerva. Lisboa 2.a Edição: União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), 2015, in https//www.uccla.pt. Acesso 21 de dezembro de 2021.
MATEUS, M.H.M et alii – Gramática da Língua Portuguesa. 6.ª ed., Lisboa. Caminho, 2003.
NOTRE LIBRAIRE – “A Morna: Música Tradicional de Cabo Verde”, nº112, Januier/Mars, 1993.
PESSOA, Fernando – Novas Poesias Inéditas. Direção, recolha e notas de Maria do Rosário Marques Sabino. Lisboa: Ática, 1973.
SEARLE, John Robert – Speech Acts: an Essay in the Philosophy of Language. Cabridge. Cabridge University Press, 1969.
SILVEIRA, Onésimo; SANTOS, H. Bettencourt - Gritarei. Berrarei. Não vou para Pasárgada. Prefácio de Onésimo Silveira e Humberto Bettencourt Santos. Rotterdam, 1973.
VEIGA, Manuel – “Signos e Símbolos em Jorge Barbosa: Uma tentativa de Análise Semiológica.” Comunicação apresentada no Simpósio Internacional sobre a Cultura e a Literatura Cabo-Verdianas. Mindelo 24-27/11/ 86, no âmbito do 50º Aniversário da Revista Claridade. In, BARBOSA, Jorge (1989) – Poesias I. Instituto Caboverdiano e do Livro e do Disco. Rua 5 de Julho. Praia. Cabo Verde, 1986.
Downloads
Pubblicato
Fascicolo
Sezione
Licenza
Os artigos publicados na revista Missangas são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, o pensamento dos editores.