Estudantes no cárcere: Uma análise a partir da categoria religião na Penitenciária Feminina do Distrito Federal
Resumo
Pretendemos neste artigo problematizar a oferta da EJA e sua relação com a categoria religião, a partir da experiência na Penitenciária Feminina do Distrito Federal. Para tanto, o artigo apresenta uma reflexão teórica, bem como dados da pesquisa de campo, visando mapear a oferta dessa modalidade procurando as relações com o chamado “bom comportamento”, relacionando-a com o acesso na educação formal junto àquele espaço. Por meio dos dados, demonstramos que ocorre uma expressiva presença de mulheres que pertencem às religiões hegemônicas, com um consequente alijamento da presença de minorias religiosas, especialmente ligadas às populações negras, maioria absoluta no cárcere. Nesse sentido, é importante ressaltar as relações históricas entre as políticas voltadas às populações periféricas, às quais muitas vezes se associam com a precarização de oportunidades no mercado formal de trabalho. Observamos o crescimento exponencial do discurso conservador religioso, assim como o aumento das políticas de hiperencarceramento, que parecem atingir, nesse momento, também as mulheres. Procuramos em nossas reflexões compreender a prática religiosa enquanto elemento constitutivo humano. Nesse sentido, o estudo permitiu constatar a histórica omissão, por parte do Estado brasileiro, no atendimento a uma parcela da população que permanece privada de seus direitos básicos ligados especialmente à Educação e à livre manifestação religiosa.
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