Dos fios da memória à tessitura da história
narrativas sobre o Programa de Educação Integrada (PEI) do Mobral no sertão de Alagoas
Resumo
o presente artigo tem como foco o Programa de Educação Integrada (PEI) pertencente ao Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) criado em 1967 na Ditadura Civil-Militar e implementado nos anos 1970. Esse Movimento teve uma difusão em larga escala por todo território brasileiro, chegando a praticamente todos os municípios brasileiros. As ações do PEI estavam diretamente ligadas à continuidade da escolaridade e visava a então formação primária dos sujeitos oriundos tanto do Programa de Alfabetização Funcional (PAF), também, do Mobral, quanto de pessoas jovens e adultas que não tinham concluído essa etapa escolar. Nesse sentido, e tendo em vista as incursões empíricas já realizadas (Moura; Freitas, 2007; Amorim; Freitas; Moura, 2009; Lima, 2010, Silva, 2013; 2018), situadas nos Centros de Referência em Educação de Jovens e Adultos (EJA), que algumas universidades públicas dispõem, a exemplo a UERJ, com o intuito de garantirem a memória da modalidade, objetivou-se em analisar, por meio das memórias dos sujeitos partícipes, as ações de continuidade da escolarização implementadas pelo PEI no período correspondente à sua atuação (1973-1985) tendo como base o sertão santanense. Com efeito, ao tratar em continuidade fazemos com o sentido de “permanência escolar”, compreendendo-a como possibilidade de “duração e transformação” (Reis, 2009). A pesquisa trilhou os pressupostos teórico-metodológicos da História oral, fundamentando-se nos trabalhos de Alberti (2018); Portelli (2010, 2016), e privilegiou as narrativas memorialistas (Bosi, 1994) dos sujeitos estudantes egressos do PEI, ex-professores, ex-supervisoras, e também as fontes documentais conseguidas na Secretaria Municipal de Educação, do município de Santana do Ipanema. Os dados apontaram que o PEI centrou-se na zona urbana, com ampla matrícula inicial e final (40 a 50 alunos por turma) e a permanência escolar, nesse contexto, relacionou-se à saída dos sujeitos da zona rural e muitos egressos do PEI, para conclusão dos estudos na zona urbana, revelando as “táticas” acionadas pelos sujeitos diante do cenário educacional excludente da época.
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