DESENVOLVIMENTO E AMBIENTE NO SEMIÁRIDO: NOTAS SOBRE AS BASES EPISTEMOLÓGICAS DE ESTUDOS DA DESERTIFICAÇÃO NO BRASIL
Abstract
A desertificação tem mobilizado o interesse de pesquisadores e governos desde os anos 1970. Esse interesse ganhou força a partir da década de 1990, quando diversos países vinculados a ONU, dentre os quais o Brasil, decidiram ratificar a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (CCD). O Território Semiárido foi demarcado como susceptível ao fenômeno devido as suas características ambientais e socioeconômicas. Em decorrência desses fatos foi criado o Plano Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN-Brasil) e houve a adesão de vários pesquisadores ao tema. Analisam-se aqui alguns dos fundamentos epistemológicos que orientam os estudos sobre os processos de desertificação no Território Semiárido a partir de uma pesquisa bibliográfica que levou em consideração abordagens de áreas distintas do conhecimento. Foram objeto de análise a problemática da seca e do desenvolvimento no Semiárido nordestino e analisadas as contribuições mais destacadas de autores(as) apontados(as) como referências nessa temática, bem como passados em revista os principais documentos institucionais que estabelecem os marcos referenciais de ação. Os resultados evidenciam a necessidade de uma compreensão interdisciplinar da desertificação, que propicie a construção de interpretações mais adequadas para o entendimento de suas causas socioeconômicas; que não fiquem presas a fundamentos teleológicos ou reféns de justaposições estanques de campos disciplinares distintos; e que, por isso, possam melhor subsidiar a ação da sociedade e do Estado brasileiros no enfrentamento de suas causas, pois, do contrário, a desertificação figurará apenas como mais um capítulo do drama de milhões de brasileiros que vivem no Nordeste Semiárido do Brasil.