A poética dos cadernos negros: vozes identitárias ressonantes na comunidade quilombola de Lagoinha-ba
Résumé
A Literatura Negra/marginal configura-se como um espaço importante de afirmações identitárias, deslocamentos, engajamento político e, sobretudo, como projeto de emancipação humana, em que o negro deixa de ser objeto para ser sujeito do seu discurso. Assim, a pesquisa se propõe a captar tais discursos, outrora silenciados, porém mobilizadores, presentes especialmente nas coletâneas Cadernos Negros, a fim de oferecer visibilidades; fomentar reflexões sobre as representações do negro na sociedade brasileira, bem como analisar de que modo, tais poemas – contradiscursivos, subvertem as estruturas de poder e operam no modelo de representação e/ou de autorrepresentação do negro na comunidade remanescente de Lagoinha, situada no município de São Gabriel-Ba. Desse modo, analisar-se-á a recepção dessas produções literárias na comunidade, através de um grupo focal, para se perceber como desenvolvem e constroem suas subjetividades, modos de vida, valores políticos, estéticos e identitários a partir de oficinas político-pedagógicas. Para tanto, nesse primeiro capítulo, será feita uma análise sobre o racismo, cultura, literatura, identidade, além de uma breve contextualização a respeito do surgimente da literatura negra brasileira, entendendo-a enquanto dispositivo de combate às práticas discriminatórias. Portanto, espera-se que esta pesquisa contribua para construção de um modelo de autoidentificação consciente de ser negro quilombola na sociedade contemporânea.