OS ESTRANGEIROS DE DENTRO E SEUS LIVROS DA FLORESTA: A ESCRITA DE AUTORIA INDÍGENA NO BRASIL CONTEMPORÂNEO
Resumen
Este artigo explora a questão da literatura de autoria indígena brasileira contemporânea a partir da análise dos agentes que lhes são inerentes, a saber, o discurso canônico, e as condições de produção e circulação. Toma-se como eixo de discussão a proposição de que, ainda pouco conhecido pelos nacionais, o escritor indígena aceita o desafio de apropriar-se da língua do colonizador (DELEUZE; GUATTARI, 1977) para fazer-se ouvido em livros infanto-juvenis que são pautados na reescrita da história de seu povo arquivada na memória (AGAMBEN, 2005; WALTER, 2008). Tratar dessa questão específica põe em revista, clássicos literários, nos quais a singularidade indígena (GUATTARI; ROLNIK, 1986) é negada, enquanto, o seu modo de vida é analisado sob as lentes da cultura hegemônica. Não obstante os desafios e demandas (SINGER, 2002) que lhes são inerentes, a reflexão sobre a cadeia produtiva de autoria indígena traz à cena as formas de linguajamentos (MIGNOLO, 2003) operacionadas, a fim de que essa literatura alcance espaço no mercado editorial.