Para além das oposições binárias

Oposicionalidade, afetabilidade e subjetividade negra radical em bell hooks

Autores

Palavras-chave:

afetabilidade, oppositional gaze, subjetividade negra radical

Resumo

Este artigo teoriza a relação entre três categorias centrais para as formulações de bell hooks no que se refere à crítica cultural e subjetividade - tendo em mente que o pensamento de hooks instaura um sistema fractal -, oposicionalidade, afetabilidade e subjetividade negra radical. A partir disso, estabelecemos o principal objetivo deste texto: pensar com hooks a importância da posicionalidade do corpo (sujeito) na construção do conhecimento e de si, a partir de sua capacidade de ser afetado (afetabilidade) e afetar as pessoas, como sendo etapas primordiais do contexto fértil para o surgimento da subjetividade negra radical. Para esta análise, este artigo abordará as seguintes questões: 1) a construção e o papel da subjetividade negra radical em bell hooks; 2) a recuperação do corpo e da afetabilidade na produção de conhecimento; e 3) a centralidade do oppositional gaze e a potência da imaginação no deslocamento dos binários rumo a novas consciências e novos mundos.

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Biografia do Autor

Vinícius Rodrigues Costa da Silva, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Graduande em Artes Plásticas (UFRJ), alune do Programa de Formação (em Arte Contemporânea) 2022 da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (RJ) e autore de Fragmentos do porvir (Ape’Ku, 2022).

wanderson flor do nascimento, Universidade de Brasília (UnB)

Doutor em Bioética (UnB) e professor de Filosofia da Universidade de Brasília (UnB).

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Publicado

2022-06-30

Como Citar

da Silva, V. R. C. ., & do nascimento, wanderson flor. (2022). Para além das oposições binárias: Oposicionalidade, afetabilidade e subjetividade negra radical em bell hooks. Abatirá - Revista De Ciências Humanas E Linguagens, 3(5), 380–402. Recuperado de https://revistas.uneb.br/index.php/abatira/article/view/14452