Para além das oposições binárias
Oposicionalidade, afetabilidade e subjetividade negra radical em bell hooks
Resumo
Este artigo teoriza a relação entre três categorias centrais para as formulações de bell hooks no que se refere à crítica cultural e subjetividade - tendo em mente que o pensamento de hooks instaura um sistema fractal -, oposicionalidade, afetabilidade e subjetividade negra radical. A partir disso, estabelecemos o principal objetivo deste texto: pensar com hooks a importância da posicionalidade do corpo (sujeito) na construção do conhecimento e de si, a partir de sua capacidade de ser afetado (afetabilidade) e afetar as pessoas, como sendo etapas primordiais do contexto fértil para o surgimento da subjetividade negra radical. Para esta análise, este artigo abordará as seguintes questões: 1) a construção e o papel da subjetividade negra radical em bell hooks; 2) a recuperação do corpo e da afetabilidade na produção de conhecimento; e 3) a centralidade do oppositional gaze e a potência da imaginação no deslocamento dos binários rumo a novas consciências e novos mundos.
Downloads
Referências
ALCOFF, Linda. “The Problem of Speaking for Others.” Cultural Critique, no. 20, 1991, pp. 5-32. Tradução disponível em: < https://www.revistas.uneb.br/index.php/abatira/article/view/8762>.
BUTLER, Judith. A vida psíquica do poder: teorias da sujeição. Trad. Rogério Bettoni. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.
CARNEIRO, Sueli. A construção do Outro como não-ser como fundamento do ser. Tese (Doutorado em Filosofia da Educação) – Universidade de São Paulo. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2005. Disponível em: < https://negrasoulblog.files.wordpress.com/2016/04/a-construc3a7c3a3o-do-outro-como-nc3a3o-ser-como-fundamento-do-ser-sueli-carneiro-tese1.pdf>. Acesso e, 04 jun. 2022.
COLLINS, Patricia Hill. Pensamento Feminista Negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. Trad. Jamille Pinheiro Dias. São Paulo: Boitempo, 2019.
DAVIDSON, Maria del Guadalupe. “bell hooks and the Move from Marginalized Other to Radical Black Subject”. In: DAVIDSON, Maria del Guadalupe; YANCY, George. Critical Perspectives on bell hooks. New York: Routledge, 2009, p. 121-131.
DUSSEL, Enrique. 1492: o encobrimento do Outro (a origem do “mito da Modernidade”). Trad. Jaime A. Clasen. Petrópolis: Editora Vozes, 1993.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Trad. Sebastião Nascimento e Raquel Camargo. São Paulo: Ubu Editora, 2020.
FERREIRA DA SILVA, Denise. Toward a Global Idea of Race. Minnesota: University of Minnesota Press, 2007.
FERREIRA DA SILVA, Denise. A Dívida Impagável. São Paulo: Oficina de Imaginação Política & Living Commons, 2019.
GASPAR, Francisco Prata. “Retrato filosófico de Salomon Maimon: crítica a Kant e retomada da metafísica do infinito”. Revista de Estud(i)os sobre Fichte [online], 14 | 2017, publicado em 01 jun. 2019, consultado em 26 mai. 2022. URL: http://journals.openedition.org/ref/732; DOI: https://doi.org/10.4000/ref.732
GAVA, Lara Gaves. Separabilidade e distinção real entre corpo e alma nas Meditações Metafísicas. 2010, 101f. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, 2010. Disponível em: < https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/24856>. Acesso em: 26 mai. 2022.
GILROY, Paul. Small Acts: thoughts on the politics of black cultures. London & New York: Serpent’s Tail, 1994.
HALL, Stuart. “Signification, Representation, Ideology: Althusser and the Post-Structuralist Debate.” Critical Studies in Mass Communication, v.2, No. 2, 1985, p. 91-114. Disponível em: < https://pages.mtu.edu/~jdslack/readings/CSReadings/Hall_Signification_Representation_Ideology.pdf>. Acesso em: 26 mai. 2022.
HALL, Stuart. Cultura e representação. Org. e rev. téc. Arthur Ituassu. Trad. Daniel Miranda e William Oliveira. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio; Apicuri, 2016.
HOOKS, bell. Outlaw Culture: Resisting Representations. New York: Routledge, 1994.
HOOKS, bell. Killing Rage: Ending Racism. New York: Holt Publishers, 1995.
HOOKS, bell. Art on My Mind: Visual Politics. New York: The New Press, 1995.
HOOKS, bell. Reel to Real: Race, class, and sex at the movies. New York & London: Routledge, 1996.
HOOKS, bell. Salvation: Black People and Love. New York: HarperCollins Publishers, 2001.
HOOKS, bell. Writing Beyond Race: Living Theory and Practice. New York: Routledge, 2013.
HOOKS, bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. Trad. Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes WMF, 2017.
HOOKS, bell; HALL, Stuart. Uncut Funk: A Contemplative Dialogue. New York: Routledge, 2018.
HOOKS, bell. Anseios: raça, gênero e políticas culturais. Trad. Jamille Pinheiro Dias. São Paulo: Editora Elefante, 2019a [1990].
HOOKS, bell. Erguer a Voz: pensar como feminista, pensar como negra. Trad. Cátia Bocaiuva Maringolo. São Paulo: Editora Elefante, 2019b [1989].
HOOKS, bell. E eu não sou uma mulher? Mulheres negras e feminismo. Trad. Bhuvi Libanio. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2019c [1981].
HOOKS, bell. Olhares Negros: raça e representação. Trad. Stephanie Borges. São Paulo: Editora Elefante, 2019d [1992].
KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. Trad. Fernando Costa Mattos. 4ªa ed. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2015.
KAPLAN, Ann E. Looking for the Other: Feminism, Film, and the Imperial Gaze. New York & London: Routledge, 1997.
KUHN, Annette. Power of the Image: Essays on Representation and Sexuality. New York: Routledge, 1985.
MARCANO, Donna-Dale L. “Talking Back: bell hooks, Feminism, and Philosophy. In: DAVIDSON, Maria del Guadalupe; YANCY, George. Critical Perspectives on bell hooks. New York: Routledge, 2009, p. 111-120.
MARTINS, Leda Maria. PERFORMANCES DA ORALITURA: CORPO, LUGAR DA MEMÓRIA. Letras, [S. l.], n. 26, p. 63–81, 2003. DOI: 10.5902/2176148511881. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/letras/article/view/11881. Acesso em: 4 jun. 2022.
MARTINS, Leda Maria. Afrografias da memória: o Reinado do Rosário no Jatobá. 2ª ed. São Paulo: Perspectiva; Belo Horizonte: Mazza Edições, 2021.
MOMBAÇA, Jota. A plantação cognitiva. In: Arte e descolonização. MASP & Afterall. Org. Amanda Carneiro. São Paulo, 2020. Disponível em: <https://masp.org.br/arte-e-descolonizacao>. Acesso em: 26 mai. 2022.
MULVEY, Laura. Visual and Other Pleasures. Bloomington: Indiana University Press, 1989.
SANTOS, Gislene Aparecida. A invenção do “ser negro”: um percurso das idéias que naturalizaram a inferioridade dos negros. São Paulo: Pallas, 2006.
SODRÉ, Muniz. Pensar nagô. Petrópolis: Editora Vozes, 2017.
SOUSA, Neusa Santos. Tornar-se Negro: As vicissitudes da Identidade do Negro Brasileiro em Ascensão Social. Rio de Janeiro: Editora Graal, 1983.
WEKKER, Gloria. “Afropessimism.” European Journal of Women’s Studies, 28(1), 86–97, 2021. https://doi.org/10.1177/1350506820971224
WILDERSON III, Frank B. Afropessimismo. Trad. Rogerio W. Galindo e Rosiane Correira de Freitas. São Paulo: Todavia, 2021.
- Visualizações do Artigo 202
- pdf downloads: 121
Copyright (c) 2022 Vinícius Rodrigues Costa da Silva, wanderson flor do nascimento

This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.
- As/Os autoras/es mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution-Non Commercial License que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista (Licença Creative Commons Attribution);
- Incentivar o depósito do artigo, mencionando a fonte original de publicação, em repositórios institucionais ou digitais, em consonância com o Movimento de Acesso Aberto à Informação Científica, com vistas a ampliar a visibilidade (Veja O Efeito do Acesso Livre).