O Candomblé e a desconstrução da noção de sincretismo religioso

Entre utopias do corpo e heterotopias dos espaços na Diáspora Negra

Autores

Resumo

Este trabalho reflete sobre o modo como nossos ancestrais negros resistiram à necropolítica colonial mobilizando saberes para recriar no Brasil outros espaços religiosos sob o nome de terreiros de candomblé. Mas o objetivo principal da discussão é tratar sobre as noções de sincretismo religioso, desconstruindo-a teoricamente conforme a decolonialidade aplica tal conceito derridiano. O termo necropolítica é usado aqui conforme Achille Mbembe o emprega. Como uma forma de contribuir com o debate em voga e, ao mesmo tempo, fazer o diagnóstico do presente, a discussão se justifica também porque a questão do sincretismo religioso tem sido alvo de muitos questionamentos por parte dos movimentos negros e por parte dos teóricos da decolonialidade.

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Biografia do Autor

Alex Pereira de Araújo, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)

Doutor em Memória: Linguagem e Sociedade pelo PPGMLS da UESB com estágio doutoral na Sorbonne Nouvelle (Paris III) e com bolsa do PDSE da CAPES; é Mestre em Letras: Linguagens e Representações pela UESC, onde concluiu a licenciatura em Letras Português/Francês, tendo participado dos Programas Connaissence de la France e Profs en France do Ministério das Relações Exteriores da República Francesa. Orcid: http://orcid.org/0000-0003-4818-0912  

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Publicado

2021-12-15

Como Citar

Araújo, A. P. de. (2021). O Candomblé e a desconstrução da noção de sincretismo religioso: Entre utopias do corpo e heterotopias dos espaços na Diáspora Negra. Abatirá - Revista De Ciências Humanas E Linguagens, 2(4), 357–388. Recuperado de https://revistas.uneb.br/index.php/abatira/article/view/13036

Edição

Seção

Dossiê: Os saberes dos povos e a desconstrução