Osório Alves de Castro, interprete da história da racialização no Rio São Francisco

Autores

  • Flavio Dantas Martins UFOB/UFG

Resumo

O objetivo deste texto é refletir sobre a presença de um pensamento sobre a racialização na história do rio São Francisco no romance de Osório Alves de Castro. Num primeiro momento, apresento o autor estudado e sua obra publicada; a seguir, analiso a presença de temas ligados ao racismo na narrativa. A hipótese de trabalho é que Osório Alves de Castro destacou em suas narrativas a existência de uma violência racial ao lado das violências de classe e gênero contra os oprimidos do rio São Francisco como uma persistência da escravidão nas relações sociais. Utilizamos como fontes os romances Porto Calendário, Bahiano Tietê e Maria fecha a Porta prau boi não te pegar. A metodologia se baseia numa história das relações étnico-raciais no Brasil e num diálogo entre historiografia e literatura.

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Biografia do Autor

Flavio Dantas Martins, UFOB/UFG

Professor da Universidade Federal do Oeste da Bahia e doutorando no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás

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Publicado

2018-11-19

Como Citar

MARTINS, F. D. Osório Alves de Castro, interprete da história da racialização no Rio São Francisco. Revista Coletivo SECONBA, [S. l.], v. 2, n. 1, p. 30–50, 2018. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/seconba/article/view/5496. Acesso em: 22 dez. 2024.